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Dólar hoje abre em forte queda após decisões de juros no Brasil e EUA

O mercado está atento ao Departamento de Trabalho dos EUA, que pretende divulgar os pedidos iniciais de seguro-desemprego referentes à semana encerrada em 14 de setembro

Dólar hoje abre em forte queda após decisões de juros no Brasil e EUA
Dólar (Foto: Adobe Stock)

O dólar hoje abriu o pregão em forte queda de 0,90%, comercializado a R$ 5,401. Nesta quinta-feira (19), os investidores digerem a decisão de ontem do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, de reduzir a taxa de juros para a faixa entre 4,75% e 5%, e do Banco Central do Brasil de elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 0,25 ponto percentual, a 10,75% ao ano.

A sessão de hoje deve ser marcada por mais decisões de política monetária. O Banco da Inglaterra (BoE) divulga sua decisão sobre os juros às 8h (horário de Brasília). Atualmente, a taxa de juros está em 5% ao ano, e o mercado espera que essa taxa seja mantida. O Banco Central da Turquia (TCMB) também anuncia sua decisão de política monetária no mesmo horário. A taxa básica de juros no país está em 50% ao ano, e a expectativa é de que permaneça inalterada.

Nos Estados Unidos, às 9h30 (horário de Brasília), o Departamento de Trabalho divulga os pedidos iniciais de seguro-desemprego referentes à semana encerrada em 14 de setembro. Na semana anterior, foram registrados 230 mil pedidos, e estima-se um número semelhante para o período atual.

Corte nos juros dos EUA já era esperado pelo mercado

O corte nos juros em solo americano, o primeiro em quatro anos, já era amplamente esperado pelo mercado. Após semanas de especulações sobre o tamanho da redução, o movimento de 0,50 ponto veio em linha com as expectativas majoritárias dos especialistas. “O comitê ganhou confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2% e julga que os riscos para alcançar suas metas de emprego e inflação estão aproximadamente equilibrados”, afirmou o Fed em comunicado.

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Apesar da decisão, não houve consenso: a diretora Michelle Bowman defendeu uma redução mais modesta de 0,25 ponto percentual, alinhada com cerca de 45% do mercado, segundo a ferramenta FedWatch.

O coordenador da Comissão de Economia da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Brasil (Apimec-Brasil), Álvaro Bandeira, diz que, com o corte dos juros, a inflação já caminha em direção à meta, e a coletiva de imprensa do presidente do Fed, Jerome Powell, deve trazer mais detalhes sobre possíveis ajustes na política econômica, apesar do tom equilibrado do comunicado.

“Esse bate e assopra está expresso no próprio comunicado. Acho que veio muito tranquilo [a decisão do corte], os mercados reagindo bem, a Bolsa melhorando, tanto aqui quanto principalmente nos Estados Unidos, taxa de juros caindo mais, câmbio caindo mais, bem dentro do que era esperado”, observa Bandeira.

Para o mestre em economia e líder de conteúdo da Melver, Alexandre Dellamura, não havia outro caminho para o Fed depois que o PCE, indicador de preços utilizado pelo banco americano, subir apenas 0,2% em julho, carregando a inflação para 12 meses em 2,5%. Além disso, segundo ele, havia um receio de que se a redução dos juros não começasse agora, o país poderia entrar em uma recessão. Isso porque os juros estavam no maior patamar em 20 anos. A taxa de desemprego, por exemplo, subiu 0,8% e se encontra em 4,3%.

O mercado agora antecipa mais cortes nos próximos anos, com a expectativa de que os juros caiam mais 0,50 ponto percentual até o final de 2024 e outros 1 ponto percentual em 2025. Com a queda nos juros americanos, o dólar tende a se desvalorizar, pois os ativos de renda fixa dos EUA perdem atratividade, levando investidores a buscar opções de maior risco, como moedas de mercados emergentes e ações. “O mercado brasileiro espera a entrada de dólares, já que a renda fixa americana perde atratividade com a queda dos juros. A maior entrada de dólares desvaloriza a moeda americana e os estrangeiros passam a comprar mais bolsa no Brasil”, diz Dellamura.

BC eleva Selic em 0,25 ponto percentual, a 10,75% ao ano

Em seguida, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou que optou por aumentar a Selic em 0,25 ponto percentual, passando de 10,5% para 10,75% ao ano. Foi a primeira elevação de juros sob o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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Gabriel Galípolo, nome indicado por Lula para assumir o Banco Central em 2025, concordou com Roberto Campos Neto, atual presidente da instituição. O Copom justificou a medida pela necessidade de conter a atividade econômica para controlar a inflação. O comitê apontou a resiliência da economia, pressões no mercado de trabalho e aumento das expectativas de inflação como principais fatores.

O aumento marca o primeiro ajuste em mais de dois anos. Desde agosto de 2022, a Selic, que chegou a 13,75%, passou por sete cortes consecutivos, totalizando uma queda de 3,25 pontos percentuais. As duas últimas reuniões mantiveram a taxa estável, e o reajuste atual veio de acordo com as previsões do mercado financeiro.

Ontem, o dólar acabou a sessão cotado a R$ 5,4617, uma queda de 0,48%. Poucas horas antes, a moeda americana havia desabado 1,08%, sendo negociada a R$ 5,427. Esse preço do câmbio não era visto desde 16 de julho, quando a moeda fechou a 5,4286.