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Juros fecham em queda, de olho nos títulos dos EUA e cenário fiscal

A acomodação do dólar no mercado de câmbio também esteve no radar da sessão desta sexta-feira (8)

Juros fecham em queda, de olho nos títulos dos EUA e cenário fiscal
Juros (Foto: Adobe Stock)

Os juros futuros encerraram esta sexta-feira (8) em baixa, acompanhando a acomodação também do dólar em queda, num dia em que o exterior ajudou via alívio nas taxas dos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano) após o relatório de emprego dos EUA ter vindo relativamente fraco.

Internamente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou sinalização de compromisso com a responsabilidade fiscal e não fez mais críticas ao Banco Central, o que também permitiu a continuidade da devolução de prêmios de risco iniciada na quarta-feira. Na semana, a curva perde inclinação, com as taxas longas cedendo mais do que as curtas.

No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,590%, de 10,624% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 caía de 11,29% para 11,22%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 11,54% (de 11,60%) e a do DI para janeiro de 2029 cedia a 11,91%, de 11,99%.

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A divulgação do payroll colocou as taxas inicialmente em baixa pela manhã, acompanhando a reação dos rendimentos dos Treasuries, nesta volta de Wall Street depois do feriado da Independência dos EUA. Mas ainda na primeira etapa chegaram a subir, alinhadas à cautela com as declarações do presidente Lula, que falaria no começo da tarde. Lula, porém, disse que a economia do Brasil “não vai quebrar” porque a gestão tem compromisso com o cumprimento das metas estabelecidas. “São 213 milhões de filhos que nós temos de cuidar, e só vai dar certo se a economia estiver arrumada”, comentou, durante inauguração do novo campus da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em Osasco.

Um interlocutor do alto escalão da equipe econômica relatou ao Broadcast que o presidente teria determinado à equipe econômica respeitar os limites do arcabouço e buscar as medidas necessárias para o cumprimento da regra em 2024 e 2025. Fontes que anteriormente ouviam o presidente dizer que “investimento não é gasto” relatam que agora nas reuniões internas ele observa que todas áreas do governo e todas despesas precisam ser avaliadas com “pente-fino”, informam as repórteres Fernanda Trisotto e Isadora Duarte.

O estrategista-chefe da Warren Investimentos, Sérgio Goldenstein, vê um pouco mais de peso para a influência do cenário externo hoje no DI, dado o comportamento das taxas na curva americana. “Essa queda da curva de 10 anos talvez seja o principal fator e, internamente, o ajuste de comunicação do presidente Lula também colabora para o mercado conseguir respirar”, avalia. Essa correção no discurso, diz, incorporou um pouco mais do que foi visto nos últimos dias, na esteira do anúncio do Ministério da Fazenda de que identificou R$ 25,9 bilhões em despesas passíveis de corte no Orçamento de 2025.

No fim da tarde, a taxa da T-Note de dez anos fechava cerca de 8 pontos-base, para 4,276%, e a de 2 anos cedia mais de 10 pontos, para 4,60%. O relatório de emprego americano trouxe criação de 206 mil vagas em junho, acima da mediana das estimativas de 200 mil, mas o mercado olhou mais para as revisões em baixa nos meses anteriores, para o aumento da taxa de desemprego para 4,1% e para a desaceleração dos salários.

Outro estímulo para a devolução de prêmios na curva é o retorno do dólar para perto de R$ 5,45, o que traz algum alívio aos temores de contaminação para a inflação, embora este seja considerado um nível ainda elevado. A moeda à vista encerrou em R$ 5,4623.

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