O dólar chegou a superar os 5,52 reais na máxima do pregão desta quarta-feira (6), embora já tenha arrefecido a alta desde então, com temores globais de inflação antecipando as expectativas dos investidores sobre elevações de juros nas principais economias.
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Às 10h19, o dólar avançava 0,44%, a 5,5090 reais na venda, depois de tocar 5,5226 reais no pico do dia, alta de 0,69%. O dólar futuro de maior liquidez subia 0,37%, a 5,522 reais.
A moeda norte-americana também apresentava valorização nos mercados de câmbio mais amplos, avançando 0,33% contra uma cesta de seis rivais fortes devido aos patamares elevados dos preços do petróleo, que atingiram máximas em sete anos recentemente.
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O salto nos preços de energia elevava temores de persistência da inflação elevada nas economias avançadas, o que poderia levar os principais bancos centrais a apertarem sua política monetária antes do esperado de forma a segurar a pressão. Isso, por sua vez, reduziria o diferencial de juros entre países desenvolvidos e emergentes, o que tenderia a beneficiar o dólar.
Peso mexicano, lira turca, rand sul-africano e dólar australiano, alguns dos principais pares do real, registravam perdas expressivas nesta manhã, acompanhando ainda os patamares elevados dos rendimentos dos títulos dos Estados Unidos. “Isso fortalece o dólar globalmente”, disse Alexandre Espirito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos.
Além do clima já azedo no exterior, dados desta quarta-feira mostraram que as vendas no varejo brasileiro tiveram queda de 3,1% em agosto na comparação com julho e recuaram 4,1% sobre um ano antes, resultado bem abaixo da expectativa dos mercados. Segundo Samuel Cunha, economista da assessoria de investimentos H3 Invest, isso prejudicava o desempenho dos ativos domésticos.
E o Brasil também segue com suas costumeiras incertezas locais, como atrasos e decepções na agenda reformista do governo, desconforto fiscal e perspectiva de aumento da temperatura na política com a aproximação das eleições de 2022, disse Espirito Santo, da Órama. A tudo isso, continuou, soma-se o aumento sazonal na demanda por dólares, comum no final do ano.
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Nesse contexto, o economista espera que o dólar encerre o ano entre 5,20 e 5,30 reais, podendo chegar a até 5,70 reais no final de 2022, uma vez que, “historicamente, o dólar sobe em ano de eleição”. Segundo ele, até mesmo a elevação da taxa Selic — que tende a beneficiar o real — terá impacto limitado sobre o câmbio, devendo apenas “ajudar a conter valorização maior do dólar.”
De olho nas tendências de alta do dólar de fim do ano, o Banco Central já tem realizado leilões de swap cambial tradicional duas vezes por semana, mas, se a moeda dos EUA ficar muito acima dos 5,50 reais, “não descarto que o BC faça leilões de linha ou até venda de reservas”, disse Espirito Santo.
Na véspera, o dólar à vista subiu 0,71%, a 5,4849 reais, nível mais alto desde 23 de abril (5,4967 reais).