- De acordo com Gita Gopinath, com a diretora do departamento de pesquisa do FMI e conselheira econômica do Fundo, a experiência vivenciada pela Rússia pode servir de alerta para outros países emergentes que dependem do dólar
As sanções econômicas impostas contra a Rússia podem reduzir o domínio financeiro global do dólar como moeda de reserva e estimular o uso de outras moedas. De acordo com o site norte-americano Business Insider, a avaliação é da Gita Gopinath, diretora do departamento de pesquisa e conselheira econômica do Fundo Monetário Internacional (FMI) durante entrevista para o Financial Times nesta quinta-feira (31).
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Segundo a avaliação de Gopinath, as medidas econômicas contra a Rússia tiveram forte impacto na economia russa, o que demonstra o poder do dólar como moeda de reserva global. No entanto, a realidade vivenciada pelo país emergente trouxe um alerta para as outras economias que devem buscar outras moedas para reduzir a dependência do dólar americano.
Essa percepção pode reduzir ainda mais a presença do dólar nas reservas internacionais. De acordo com o Business Insider, nas últimas duas décadas, a presença da moeda norte-americana nas reservas internacionais caiu de 70% para 60%. “O dólar continuaria sendo a principal moeda global mesmo nesse cenário, mas a fragmentação em um nível menor certamente é bem possível”, disse Gopinath ao Financial Times em entrevista publicada na quinta-feira.
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A moeda chinesa Yuan, por exemplo, já é utilizada por mais de 70 bancos centrais como moeda de reserva, segundo Baizhu Chen, professor de finanças clínicas e economia empresarial da Universidade do Sul da Califórnia, em entrevista ao Business. Na avaliação dele, a busca por outras moedas reduz os riscos econômicos desses países.
“Alguns países sentem que suas economias podem ficar reféns das políticas dos EUA porque o dólar é dominante e os países querem diversificar seu risco”, afirmou Chen ao Insider em entrevista ao Business no último sábado (26). As sanções econômicas contra a Rússia são medidas de retaliação de países ocidentais ao governo russo motivados pela invasão ao território ucraniano. Os conflitos iniciaram no fim do último mês de fevereiro.