O discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, e a fala de mais quatro dirigentes da instituição ficam no foco nesta quarta-feira fraca de indicadores. No Brasil, o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, tem fala já gravada para abertura de um evento sobre fintechs, e serão divulgados as notas de crédito de julho e agosto, além do Relatório Mensal da Dívida Pública.
A quarta-feira começa tensa nos mercados internacionais, embora na última meia hora o nervosismo diminuiu e as bolsas há pouco tinham queda moderada e o dólar subia com menos força após o Banco da Inglaterra (BoE) anunciar novas compras de títulos soberanos no Reino Unido entre os dias 31 deste mês e 14 do próximo. A decisão posterga o início do processo de aperto quantitativo (QT, na sigla em inglês), marcado para começar no dia 3 de outubro. Com isso, o juro do Gilt britânico com vencimento de 10 anos perdeu força e agora recua em ritmo forte.
Mais cedo, o índice DXY renovou a máxima em 20 anos nesta manhã e o euro a mínima em igual período, enquanto o juro da T-note de 10 anos ultrapassou a barreira de 4%, o que não ocorria desde 2010, em meio a temores de que o Fed continuará tendo de ser agressivo no aumento de juros, para combater a inflação persistente nos EUA. Instantes atrás, no entanto, as taxas caíam. Hoje a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, sinalizou mais altas de juros na região (leia mais abaixo em O que Sabemos ). Na China, o yuan atingiu mínima histórica frente ao dólar no mercado offshore e o menor nível desde fevereiro de 2008 no mercado onshore. Na Alemanha, a confiança do consumidor deve cair em outubro para o nível mais baixo da história, à medida que as expectativas de renda caem devido à alta inflação.
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A agenda local esvaziada abre espaço para os mercados domésticos ficarem atrelados ao pessimismo externo nesta quarta-feira, o que deve se traduzir em queda do Ibovespa e do real ante o dólar, além de alta dos juros futuros diante do forte avanço dos juros dos Treasuries. A aversão global deve ofuscar uma reação do mercado a falas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a economia. Em jantar ontem com empresários, Lula disse que, se for eleito, vai discutir uma reforma tributária com o Congresso Nacional e que tenha o aval de amplos setores da sociedade, do agronegócio às centrais sindicais, com direito a ajustes na tabela do imposto de renda. Lula também chamou Campos Neto de “economista competente” e “pessoa razoável para conversar”. O fundador do Grupo Esfera Brasil, João Camargo, anfitrião do jantar de ontem, disse que Lula foi aplaudido e que os empresários saíram tranquilizados do jantar.
Marcaram presença no encontro 137 empresários, entre eles, Benjamin Steinbruch (sócio da siderúrgica CSN), Abilio Diniz (sócio do grupo Carrefour), André Esteves (sócio do BTG Pactual) e Luiz Henrique Guimarães (Cosan). A quatro dias do primeiro turno das eleições presidenciais, pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira aponta Lula com 46% das intenções de voto e o presidente Jair Bolsonaro (PL) com 33%. Com onda de adesões, Lula reforça campanha e tenta vencer no 1º turno. AGENDA.
POWELL, DIRIGENTES DO FED E NOTA DE CRÉDITO NO FOCO
A agenda traz discurso do presidente do Fed, Jerome Powell (11h15), e também de mais quatro dirigentes: Rafael Bostic, de Atlanta (9h35); James Bullard, de St.Louis (11h10); a diretora Michelle Bowman (12h00); Charles Evans, de Chicago (15h00). Ainda nos EUA, saem as vendas pendentes de imóveis (11h00), os estoques de petróleo pelo Departamento de Energia (11h30). Aqui no Brasil, a FGV publica a confiança da indústria em setembro (8h00), o Banco Central divulga as notas de crédito de julho e agosto (8h00) e o Tesouro divulga Relatório Mensal da Dívida (14h30). O presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem fala já gravada para abertura de um evento sobre fintechs (9h00). Confira a agenda dos presidenciáveis.
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POR VOLTA DAS 7H15
Barril do petróleo WTI para novembro subia 0,31% na Nymex, a US$ 78,74, enquanto o do Brent para dezembro subia 0,35% na ICE, a US$ 86,57.
No mercado futuro em Nova York, o Dow Jones caía 0,36%, o S&P 500 recuava 0,51% e o Nasdaq tinha queda de 0,89%. Rendimento da T-note de 2 anos caía para mínima de 4,213% (de 4,303% no fim da tarde de ontem), enquanto o da T-note de 10 anos caía para mínima de 3,938% (de 3,976%) e o do T-bond de 30 anos recuava 3,847% (de 3,861%).
Na Europa, a Bolsa de Londres caía 1,23%, a de Frankfurt recuava 1,19% e a de Paris cedia 0,88%.
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Índice DXY do dólar subia 0,43%, a 114,60 pontos, após alcançar 114,76 pontos mais cedo, seu maior patamar em duas décadas, enquanto o euro recuava a US$ 0,9564 (de US$ 0,9590 no fim da tarde de ontem), após tocar a mínima em 20 anos de US$ 0,9534. O dólar recuava a 144,73 ienes (de 144,84 ienes) e a libra se enfraquecia a US$ 1,0663 (de US$ 1,0716). A moeda americana subia ante a maioria das moedas emergentes e ligadas a commodities, como o peso mexicano (+0,74%), a lira turca (+0,60%) e o dólar australiano (+0,53%).