A maioria do mercado financeiro continua a projetar que o primeiro corte da taxa Selic deve ocorrer em junho de 2023, cenário com o qual o Banco Central se mostrou confortável na semana passada. A previsão contida no Sistema de Expectativas de Mercado, publicado pelo BC, é de redução de 13,75% ao ano, nível atual, para 13,50% no sexto mês do ano que vem, terminando 2023 em 11,25%.
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Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de setembro, o BC manteve a Selic em 13,75% ao ano, decretando o fim do mais longo ciclo de alta de juros da sua história. Após a reunião, o colegiado indicou que pretende manter a taxa nesse nível por um período “suficientemente prolongado” para alcançar a convergência da inflação à meta, mas que pode voltar a subir caso o processo de desinflacionário não ocorra como o esperado.
Na semana passada, porém, os membros do Copom sinalizaram que o BC está confortável com o cenário que a pesquisa Focus exibia para a Selic. “Usando a curva da Focus com corte em junho, mostramos que a gente atinge nossos objetivos”, disse o presidente do BC, Roberto Campos Neto, na coletiva do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), em referência à convergência para a meta em 2024.
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Mas Campos Neto evitou, contudo, dizer quão “suficientemente prolongada” deve ser a manutenção da Selic em níveis elevados para se que chegue às metas de inflação. “Deixamos claro que existem riscos para as projeções, que estamos vigilantes e que podemos inclusive voltar a subir os juros”, destacou.
Atualmente, o foco de atuação da política monetária para colocar a inflação na meta considera os anos de 2023 e, em menor grau, de 2024. Mas com os ruídos derivados das desonerações tributárias sobre os combustíveis e a incerteza sobre a duração da medida, o BC prefere dar ênfase na projeção de inflação para o ano encerrado no primeiro trimestre de 2024. Como o horizonte de atuação é móvel, cada vez mais, o BC vai focar no ano de 2024.
Para o IPCA – o índice de inflação oficial -, as estimativas da Focus são de 5,74% para 2022 e 5,00% para 2023, ambas acima do teto da meta, de 5,00% e 4,75%, respectivamente. Para 2024, a mediana é de 3,50%, um pouco superior ao centro da meta, de 3,00%. O BC, por sua vez, projeta 5,8%, 4,6% e 2,8%, nessa ordem.