Homem de máscara protetora passa pela sede do Banco do Japão em meio ao surto de Covid-19 em Tóquio, Japão, em 22 de maio de 2020. REUTERS/Kim Kyung-Hoon
Há alguns sinais de moderação na inflação japonesa, desenvolvimento que ajuda a baixar a pressão para que o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) aperte sua política monetária ultra-acomodatícia, de acordo com o presidente BC do país, Haruhiko Kuroda.
“Aumentos recentes de preços se dão principalmente por conta da alta nos custos de importações e os repasses a consumidores. Mas preços de recursos já começaram a cair”, disse Kuroda em uma coletiva de imprensa.
A rápida queda do iene nos últimos meses em relação ao dólar também aumentou o custo de matérias-primas importadas, energia e alimentos, mas as intervenções cambiais do governo ajudaram a retardar o declínio, disse ele. O governo gastou um total de mais de 9 trilhões de ienes, o equivalente a cerca de US$ 65 bilhões, em operações de compra de ienes em setembro e outubro.
Os comentários de Kuroda são examinados ainda mais de perto entre os participantes do mercado financeiro, já que o Japão resiste a uma onda global de aperto monetário. Ele novamente defendeu a abordagem política do BoJ dizendo que a situação do Japão era diferente da dos EUA, onde as preocupações de que um forte crescimento salarial possa causar mais inflação levaram a aumentos agressivos das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed).
Kuroda reiterou que o BoJ pretende atingir sua meta de inflação de 2% acompanhada de aumentos salariais, embora tenha dito que não era apropriado que o BC fizesse de um nível específico de crescimento salarial a meta do banco. Os formuladores de políticas no Japão há anos pedem aos empregadores que aumentem os salários de forma mais agressiva.
A inflação ao consumidor atingiu 3% em setembro, mas o BoJ espera que a taxa caia abaixo da meta de 2% do banco no próximo ano fiscal que termina em março de 2024, de acordo com o provedor de dados FactSet.
Em uma reunião na segunda-feira com líderes empresariais em Nagoya, lar de muitos fabricantes e perto da sede da Toyota, houve algumas vozes preocupadas com a rápida queda do iene.
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“É difícil negar a impressão de que a recente fraqueza do iene atingiu um nível preocupante”, disse Akihisa Mizuno, presidente da Federação Econômica Central do Japão. O risco de estagflação, que é um crescimento lento com inflação alta, está aumentando para os exportadores japoneses, disse ele.
Na semana passada, o dólar caiu abaixo de 140 ienes pela primeira vez em dois meses, depois que dados mostraram que o crescimento da inflação ao consumidor nos EUA desacelerou um pouco em outubro, aliviando a pressão sobre o Fed para continuar com os rápidos aumentos dos juros.
Analistas dizem que é improvável que a tendência de baixa do iene seja revertida devido à contínua divergência da política monetária entre os EUA e o Japão. Na segunda-feira, Kuroda repetiu sua opinião de que o banco continuaria seu programa de flexibilização para apoiar a recuperação econômica.