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Dólar cai 1,46% com ‘efeito China’ e aposta em desidratação de PEC

No fim da sessão, a moeda estava cotada a R$ 5,2876

Dólar cai 1,46% com ‘efeito China’ e aposta em desidratação de PEC
Foto: Envato Elements

O dólar emendou o segundo pregão consecutivo de queda firme na sessão desta terça-feira, 29, e fechou abaixo da linha de R$ 5,30, em dia marcado por valorização de commodities e tombo da moeda americana frente a divisas emergentes, em meio à perspectiva de relaxamento da política de covid zero pelo governo chinês. À onda externa positiva somou-se a expectativa de desidratação da PEC da Transição, protocolada ontem no Congresso com parâmetros que desagradam o mercado: R$ 198 bilhões fora do teto de gastos e quatro anos de prazo.

Em queda desde a abertura dos negócios, o dólar rompeu o piso de R$ 5,30 ainda pela manhã e registrou mínima a R$ 5,2801 à tarde. No fim da sessão, a moeda recuava 1,46%, cotada a R$ 5,2876 – menor valor de fechamento desde o último dia 9. Com isso, o dólar, que havia fechado a R$ 5,4105 na sexta-feira, passa a acumular perdas de 2,27% na semana. A valorização em novembro, que chegou a superar 4,5%, agora é de 2,36%.

No exterior, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – operou em leve alta a maior parte do dia, com máxima aos 106,881 pontos. A moeda americana caiu em relação à ampla maioria de divisas emergentes, com o real liderando os ganhos. Commodities metálicas subiram sob o “efeito China”, com as cotações do minério de ferro em alta superior a 2%.

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“As moedas emergentes estão subindo bastante hoje. Parece que a China vai diminuir as restrições contra a Covid depois da onda de protestos, o que acabou impulsionando os preços de commodities. Isso é especialmente bom para o real”, afirma o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt.

Por aqui, a PEC da Transição, protocolada ontem pelo relator-geral do Orçamento, senador Marcelo Castro (MDB-PI), já obteve mais das 27 assinaturas necessárias para começar a tramitar no Senado.

Economistas e analistas criticaram a manutenção do valor extrateto de R$ 198 bilhões e o prazo de quatro anos, sobretudo diante da ausência de uma nova âncora fiscal. As expectativas agora são de que a proposta passe por um processo de desidratação no Congresso, reduzindo a perspectiva de rombo nas contas públicas.

Profissionais de mercado dizem que, embora com parâmetros que ainda desagradam, o início da tramitação da PEC diminui as incertezas e pode revelar capacidade de articulação do governo eleito no Congresso, o que inclui o apoio à reeleição do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Circularam rumores de que, caso seja realmente indicado para o ministério da Fazenda, o ex-prefeito Fernando Haddad se cercaria de uma equipe técnica com nomes de peso, o que diminuiria as resistências do mercado.

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O estrategista-chefe da Inv, Rodrigo Natali, observa que os ativos domésticos trabalharam recentemente com pouca correlação com o ambiente externo, mas conseguiram se beneficiar hoje da valorização das commodities. “O ‘driver’ da piora recente do mercado foi local e deixou os ativos com prêmios gigantes, que até não faziam muito sentido. Agora estamos vendo uma melhora com esses rumores da China”, afirma Natali, ressaltando que pelo conteúdo da PEC a lógica seria uma nova rodada de depreciação do real.

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