Os juros futuros fecharam a sessão em alta, mas em níveis bem abaixo das máximas vistas pela manhã, quando subiram mais de 40 pontos-base em alguns vencimentos. A perda de fôlego ocorreu na jornada vespertina, após o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, ter garantido não haver “nenhuma predisposição” do governo em mudar a relação com o Banco Central (BC).
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A afirmação foi lida como um tentativa de acalmar o mercado diante da reação negativa às falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ontem e hoje, críticas à autonomia da autoridade monetária, ao nível atual da Selic e da meta da inflação. E, evitando gerar ainda mais ruído, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, contemporizou sobre a postura de Lula palestra nesta tarde.
Ao mesmo tempo, no exterior, os rendimentos dos Treasuries também desaceleraram o avanço na segunda etapa na esteira de comentários “dovish” da vice-presidente do Federal Reserve, Lael Brainard. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,48%, de 13,45% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 12,53% para 12,61%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 12,52%, de 12,43% ontem. A taxa do DI para janeiro de 2029 terminou em 12,67%, de 12,55%.
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Nas máximas da manhã, chegaram a disparar mais de 40 pontos-base, reagindo à entrevista de Lula ontem à Globonews. Após ter questionado o benefício de se ter um BC independente, classificando como “bobagem”, e os atuais níveis da meta de inflação, o presidente Lula voltou hoje a comentar sobre as ações do BC. “Qual é a explicação de a gente ter um juros (Selic) de 13,5% hoje? O Banco Central é independente, a gente poderia nem ter juros”, disse. A Selic está em 13,75% ao ano atualmente.
Ao afirmar ontem que a meta a ser perseguida para este ano é exagerada – “Por que (o BC) não fazia 4,5% como nós fizemos?” – e obriga a um “arrocho” na economia com aumento dos juros, Lula acentua a desconfiança do mercado sobre um possível ajuste nas metas, que já fomentou em parte a piora das estimativas de inflação na último Boletim Focus.
A equipe da Levante Investimentos, em relatório, destaca que a autonomia pode não ser uma condição suficiente para blindar a economia contra crises, mas é necessária para impedir seu o agravamento, especialmente as provocadas por desequilíbrios econômicos.
À tarde, Padilha foi ao Twitter e ajustou o tom, lembrando que Lula deu plena autonomia a Henrique Meirelles quando presidente do BC em sua gestão e que não vai mudar de postura agora, “ainda mais com uma lei que estabelece regras nesse sentido”. “Não há nenhuma pré-disposição (sic) por parte do governo de fazer qualquer mudança na relação com o Banco Central”, disse.
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Foi a senha para que o avanço das taxas perdesse fôlego, mas as mínimas viriam ainda no fim da tarde, com a palestra de Campos Neto na UCLA Anderson School of Management. Quando perguntado sobre as declarações de Lula, ele relativizou o impacto, alegando que “em muitas entrevistas as coisas são tiradas de contexto”.
“De um lado, Lula se orgulha de Henrique Meirelles ter sido independente no BC, e de outro diz que acha que não precisa da lei, porque ele garante a independência sem lei”, afirmou. Porém, Campos Neto, reforçou a necessidade da garantia em lei para reduzir a volatilidade nos ativos. Para ele, se não fosse a lei “seria uma questão que adicionaria mais volatilidade na curva longa de juros”.
Lá fora, os retornos dos Treasuries igualmente arrefeceram a alta ao longo da tarde, com a taxa da T-Note de dez anos rondando 3,40% no fim da tarde, com máxima de 3,42% mais cedo, de 3,38% ontem. Lael Brainard disse que a pressão da política monetária sobre o crescimento econômico dos Estados Unidos deve aumentar este ano e que a transmissão do aperto monetário aos indicadores macroeconômicos tende a acontecer com certo atraso. “É provável que o efeito total sobre a demanda, o emprego e a inflação do aperto cumulativo ainda esteja por vir”, disse.