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Juros: taxas sobem com exterior, mas dólar limita pressão

Juros: taxas sobem com exterior, mas dólar limita pressão
(Foto: Envato Elements)

Os juros futuros fecharam a quinta-feira com alta nas taxas intermediárias e longas, enquanto as curtas terminaram bem perto dos ajustes de ontem. Com exceção do leilão grande de prefixados do Tesouro pela manhã, a sessão não teve fatores específicos a conduzir os negócios.

Após a devolução consistente de prêmios nas últimas duas sessões, o mercado hoje ficou dividido entre acompanhar mais um dia positivo para o real, ao menos em termos relativos, e a abertura das curvas no exterior. Sem impacto nos ativos, o destaque do noticiário da renda fixa foi o Plano Anual de Financiamento (PAF) da dívida de 2023, com meta de estoque considerada agressiva pelos agentes.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou 13,50%, de 13,48% ontem, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 12,64% para 12,74%. A do DI para janeiro de 2027 encerrou a 12,72%, de 12,64%, e a do DI para janeiro de 2029 ficou em 12,95%, de 12,85%.

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A maior pressão sobre a curva se deu pela manhã, quando as taxas atingiram as máximas, com os players na expectativa pelo leilão do Tesouro. A instituição não vinha tendo êxito em suas emissões ao longo de janeiro, mas diante do alívio na curva esta semana, a previsão de que hoje haveria espaço para lotes maiores se cumpriu. A oferta de 17 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN) foi absorvida integralmente, enquanto o lote de 1,5 milhão de Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F) foi quase todo vendido (1,4 milhão).

O professor de assuntos ligados a Mercado Financeiro na B3, na Anbima e na FIA, Alexandre Cabral, considerou, no Twitter, o leilão “excelente”. “Muito bom leilão, gringo voltando!”, comemorou. Segundo ele, foi o melhor volume vendido desde agosto e o 3º melhor desde fevereiro do ano passado. O volume total do leilão foi de R$ 13,4 bilhões.

O resultado do leilão, especialmente a melhora da demanda nas NTN-F (na semana passada a oferta foi de apenas 100 mil), é visto como mais um indício do aumento de apetite ao risco dos investidores estrangeiros, uma vez que o papel normalmente é preferido pelos não residentes. “Com o risco de desaceleração nas economias dos Estados Unidos e Europa, o dólar se enfraquece e há um movimento maior de alocação em emergentes, com o Brasil em boa posição”, avalia o operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos, André Alírio.

Com a perspectiva de retomada da China e a Selic elevada ainda jogando a favor, os ativos brasileiros têm atraído recursos nos últimos dias, tornando o real destaque positivo entre moedas emergentes, o que têm suavizado os prêmios de risco na ponta longa. Nesta quinta, o resultado do PIB dos Estados Unidos no quarto trimestre, alta de 2,9% ante o mesmo período de 2021, superou o consenso dos analistas (2,5%), e colocou dúvidas sobre a ideia de que o fim do ciclo de alta de juros pelo Federal Reserve está próximo, mas manteve a aposta majoritária de redução do ritmo de aumento para 25 pontos na reunião da semana que vem.

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Nesse contexto, os juros dos Treasuries longos avançaram, com a taxa de dez anos chegando próxima a 3,50%, de 3,45% ontem, mas o efeito sobre a curva local foi amenizado pelo bom comportamento do câmbio. O dólar à vista fechou em baixa de 0,11%, aos R$ 5,0745.

No Brasil, os players já começam a se posicionar para o Copom, que, assim como o Fed, tem reunião na próxima quarta-feira. É unânime a previsão de manutenção da Selic em 13,75% das 50 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast e, na curva de juros, a precificação de aumento de 25 pontos-base é bastante residual.

Nesse contexto de incertezas, profissionais da renda fixa consideram que a gestão da dívida pública será desafiadora para o Tesouro, que hoje divulgou o PAF 2023. O destaque foram as bandas determinadas para o estoque da dívida, de R$ 6,4 trilhões e R$ 6,8 trilhões, ante R$ 5,951 trilhões no fechamento de 2022. A Necessidade Líquida de Financiamento é de R$ 1,487 trilhão.

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