A sexta-feira foi de certa volatilidade no mercado de juros, sem sinal uniforme para as taxas, que chegaram ao fechamento de lado ponta curta e em queda nos demais prazos, sendo de mais de 10 pontos-base nos longos. Sem agenda ou noticiário relevantes e com o mercado ainda desconfortável com os ruídos em Brasília, a sessão não teve um condutor forte para os negócios, o que abriu espaço para alguma influência do ambiente internacional.
Lá fora, o sinal foi negativo para as bolsas e os juros dos Treasuries caíram, refletindo o risco para a economia americana da sinalização hawkish que tem sido emitida pelo Federal Reserve na política monetária. No balanço da semana marcada por indicativos de alinhamento entre o Banco Central e Ministério da Fazenda, as taxas recuaram, de forma mais expressiva nos vértices intermediários.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,22%, de 13,24% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 terminou em 12,54%, de 12,58%. O DI para janeiro de 2027 caiu de 12,97% para 12,82%. A taxa do DI para janeiro de 2029 encerrou a 13,17%, de 13,34%.
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A semana foi determinada essencialmente por uma série de ruídos vindos de Brasília. No saldo das informações de bastidor e das sinalizações dadas tanto pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, quanto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ficou a impressão que ambos estão alinhados, o que foi reforçado pelo fato de não ter entrado na pauta do Conselho Monetário Nacional (CMN) esta semana a discussão sobre as metas de inflação.
Conforme relatam os repórteres Eduardo Gayer e Célia Froufe, o debate sobre rever o sistema ganhou um respiro nos bastidores do governo. Haddad apresentou nesta semana a Lula dados compilados pela Secretaria de Política Econômica (SPE) que provariam a ineficácia de aumentar a meta com o objetivo de reduzir a taxa de juros, uma obsessão do chefe do Executivo. No começo da semana, Lula teria avisado a equipe econômica que queria um aumento de 1 ponto porcentual na meta de inflação de 2023, atualmente em 3,25%.
A antecipação da apresentação do arcabouço fiscal de abril para maio foi outro fator de alívio para os prêmios de risco, dada a avaliação de que com a regra definida a discussão das metas, caso seja resgatada mais adiante, possa se dar em bases mais técnicas. “Não é um pecado mortal mudar a meta de inflação, mas desde que haja uma questão fiscal bem organizada”, pontua o economista-chefe da Warren Rena, Felipe Salto, para quem, combinado a um arcabouço fiscal crível, um ajuste moderado da meta pode até ser adequado.