Com trocas de sinais e oscilação contidas, de cerca de quatro centavos entre mínima (R$ 5,0415) e máxima (R$ 5,0820), o dólar encerrou a primeira sessão de abril em ligeira alta (+0,05%), cotado a R$ 5,0709, após ter recuado 2,99% em março. Foi o primeiro avanço da moeda depois de uma sequência de seis pregões consecutivos de baixa, período em que acumulou desvalorização de 4,18%. Segundo operadores, o dia foi marcado por cautela e ajuste de posições, com investidores refreando novas apostas enquanto ponderam os impactos da proposta de novo arcabouço fiscal e digerem indicadores externos.
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Lá fora, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes – chegou a ensaiar uma alta e superar pontualmente os 103,000 pontos, com preocupações inflacionárias diante da disparada do petróleo. A Opep+ anunciou, de forma inesperada, corte de produção de 1,66 milhão de barris por dia de maio até o fim de 2023. O contrato do Brent para junho subiu 6,31%, a US$ 84,93 o barril. Mas o índice perdeu fôlego e passou a maior parte da tarde em baixa, tendo rompido os 102,000 pontos na mínima, após dados fracos da economia americana (indústria e construção) suscitarem temores de recessão e espaço limitado para mais altas de juros pelo Federal Reserve.
Analistas afirmam que a perspectiva de manutenção de taxa real de juros doméstica elevada, mesmo com provável corte da Selic a partir do segundo semestre, serve de âncora para o real. Além disso, a possibilidade de fim iminente do aperto monetário nos EUA deve manter o diferencial de juros interno e externo expressivo, estimulando operações de “carry trade”.
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Para o analista de câmbio da corretora Ourominas Elson Gusmão, após a forte rodada de apreciação do real, investidores entraram em compasso de espera. “Por enquanto, a proposta do novo arcabouço, com aposta majoritária em aumento da receita, é apenas uma carta de boas intenções e os investidores ainda querem saber como isso vai ser realizado na prática”, afirma.
Em entrevista à GloboNews hoje à tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, listou o que considera uma série de distorções tributárias e reveses jurídicos da receita, que – se revertidos – podem turbinar a arrecadação. Ele refutou a tese de que seria necessário aumento bruto da carga tributária para o governo zerar o déficit primário e passar a obter superávits.
Haddad disse que, qualquer que seja o parâmetro do arcabouço para o ano que vem, se houver arrecadação entre R$ 110,0 bilhões e R$ 150,0 bilhões, o déficit será zerado. “Não precisa aumentar e nem criar imposto para atingir esse objetivo. Basta cobrar de quem não paga”, afirmou Haddad, citando que há hoje cerca de R$ 400 bilhões em incentivos fiscais.
Para o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, os fatores externos e internos não são favoráveis para as projeções de inflação e juros. “Do exterior, a nova trajetória do preço do barril e, no Brasil, um arcabouço fiscal que não é anticíclico e que depende da arrecadação. Estimamos até que o governo aumente a carga tributária se quiser cumprir a meta do primário” afirma Velho, para quem a eventual “precificação de menor espaço para queda da Selic em 2023 mantém o dólar inferior a R$ 5,20 no curtíssimo prazo”.
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