Economistas pesos pesados fizeram um alerta aos bancos centrais quanto aos riscos de mudar a meta de inflação enquanto os índices de custo de vida ainda seguem elevados em vários países. O tema foi um dos destaques de painel no penúltimo dia das reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, em Washington.
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A primeira vice-diretora-gerente do FMI, Gita Gopinath, enfatizou que em muitos países, o núcleo da inflação, que exclui os voláteis preços de alimentos e energia, se mostra persistente, mesmo com juros altos. “Mudar meta de inflação provavelmente não é bom”, avaliou.
O principal conselheiro econômico da Allianz, Mohamed El-Erian, reforçou o coro. “A questão é como mudar meta de inflação quando se está bem acima dela há tempos”, acrescentou.
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Já o economista francês e membro do Peterson Institute for International Economics(PIIE), Olivier Blanchard, se mostrou favorável à possibilidade de mudança da meta. Ele ponderou, contudo, que esse não é um tema que os bancos centrais queiram abordar no atual momento. Isso porque o foco é derrubar a inflação de volta à meta, mas a volta das discussões à mesa poderia causar impactos nesse objetivo.
Em outro evento sobre o tema no âmbito das reuniões de Primavera, Blanchard disse que uma elevação de 1 ponto porcentual na meta de inflação, para 3% ao ano, não seria “enorme” e facilitaria a redução dos juros à frente. “Portanto, há um mundo em que provavelmente poderíamos ter uma meta de inflação mais alta em 1 ponto porcentual”, sugeriu Blanchard.
Atualmente, Estados Unidos, Europa e Inglaterra trabalham com uma meta de inflação de 2% ao ano.