- O baixo desempenho reforça a apreensão do mercado sobre o cenário macroeconômico que ainda segue desafiador
- Nesta quarta-feira (3), o Federal Reserve (FED) elevou em 0,25 pontos porcentuais a taxa de juros dos Estados Unidos
- No entanto, para analistas, ainda há espaço para novas altas caso a quebra dos bancos persista e a inflação dos EUA recue
O bitcoin iniciou abril com fôlego e alcançou pela primeira vez desde junho de 2022 o patamar dos US$ 30 mil. No entanto, o movimento de valorização teve um prazo de duração curto e deu espaço para o receio dos investidores em relação ao cenário macroeconômico que ainda segue desafiador. A preocupação que deve prosseguir nas primeiras semanas de maio foi o responsável pelo desempenho de apenas 0,44% no acumulado de abril.
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A baixa performance diante da alta de quase 6% no início do mês reflete bem a preocupação do mercado sobre a possibilidade do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, continuar com o ciclo de aperto monetário nas próximas reuniões. Nesta quarta-feira (3), os dirigentes do Fed decidiram elevar em 0,25 pontos porcentuais a taxa de juros do país, que passa a operar no intervalo de 5% a 5,25% ao ano.
Segundo Lucca Benedetti, analista de Research do Mercado Bitcoin, a indefinição sobre o que esperar dos próximos meses a cerca do ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos resultou na volatilidade da cotação do BTC em abril. “Tivemos dias com 7% de ganho e 5% de perdas em um curto período de tempo. Essa apreensão está muito clara no mercado”, diz Benedetti.
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Por outro lado, a situação dos bancos regionais que voltou à tona com o caso do First Republic Bank ajuda o bitcoin a interromper as perdas e atrair de volta o otimismo dos investidores. Desde abril, o banco regional dos Estados Unidos apresentou dificuldades para encontrar soluções para pagar as suas dívidas e se tornou a quarta instituição financeira a quebrar no mercado norte-americano. O banco JP Morgan foi o responsável por comprar a companhia.
O caso reforça de forma indireta o desempenho do bitcoin no mercado. Os recentes acontecimentos trazem desconfiança para o sistema financeiro tradicional e reforçam a tese de investimentos do BTC, fundamentada em um sistema descentralizado, como mostramos nesta reportagem.
“Caso a crise bancária ganhe novos capítulos sem que os EUA entrem em uma forte recessão, é possível que o bitcoin tenha uma boa performance”, diz Felipe Medeiros, analista de criptomoedas e sócio da Quantzed Criptos. Agora, se não houver o alinhamento desses dois fatores, Medeiros acredita que o preço do ativo deve estabilizar entre 20 e 30 mil dólares até o fim do semestre.
O que esperar até o fim do ano?
Mesmo com as incertezas, o bitcoin sustenta uma alta de 72% ao longo deste ano e, na avaliação de alguns analistas, ainda há espaço para novas valorizações até o fim de 2023, ao ponto de elevar o preço do ativo para os patamares de US$ 40 mil a US$ 45 mil.
Mas além de uma melhora do cenário macro, atingir tais patamares de preço – que não são vistos desde abril do ano passado – vão depender também das discussões sobre a regulação do mercado. Veja os detalhes sobre esse assunto nesta reportagem.
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“Um ambiente regulatório mais favorável nos EUA e no mundo pode trazer mais confiança ao mercado e, consequentemente, mais investidores de varejo e institucionais”, afirma Ayron Ferreira, analista chefe da Titanium Asset.
O surgimento de novas crises no sistema bancário também pode ajudar o BTC a encerrar o ano em patamares ainda mais elevados, diante da interpretação de que crises reforçam a tese de investimento na criptomoeda. “Uma crise bancária gera uma crise de confiança no sistema financeiro e faz com que os investidores busquem ativos descentralizados, como o BTC”, diz Vinicius Bazan, analista de criptoativos da Empiricus Research.