O dólar à vista emendou nesta sexta-feira, 12, o quarto pregão consecutivo de queda no mercado doméstico de câmbio, na contramão da onda de valorização da moeda americana no exterior. Afora uma alta pontual na abertura dos negócios, a divisa trabalhou em baixa durante toda a sessão e chegou a esboçar o rompimento do piso de R$ 4,90 pela manhã, quando registrou mínima a R$ 4,9090 (-0,56), após a leitura do IPCA de abril acima da mediana das expectativas sugerir pouco espaço para redução da taxa Selic no início do segundo semestre.
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Com diminuição das perdas entre o fim da manhã e o início da tarde, o dólar à vista encerrou a sessão em baixa de 0,27%, cotado a R$ 4,9234 – menor valor de fechamento desde 14 de abril. Nas últimas quatro sessões, a moeda acumulou desvalorização de 1,75%. Como houve alta de 1,37% na segunda-feira, 8, o dólar terminou a semana com queda modesta (-0,41%).
Lá fora, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – superou o nível dos 102,000 pontos, com máxima aos 102,712 pontos, à tarde. Divisas emergentes e de países exportadores de commodities também sofreram, à exceção, além do real, dos pesos chileno e colombiano.
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O gatilho para a busca de proteção na moeda americana hoje foi a queda da confiança ao consumidor americano em abril e o avanço das expectativas de inflação para cinco anos, segundo dados da Universidade de Michigan. Crescem os temores de desaceleração mais forte da atividade dos EUA com possibilidade de manutenção de política monetária restritiva por mais tempo.
O diretor de gestão da Azimut, Leonardo Monoli, observa que o real tem sido beneficiado pela combinação de taxa de juros elevada e sazonalidade favorável para a balança comercial, em meio a uma safra agrícola muito expressiva. “O Brasil continua medíocre, mas tem dois dos melhores produtos do mundo: taxa de juros na lua e commodities”, afirma o gestor, acrescentando que a queda das taxas futuras longas no Brasil mostram redução da percepção de risco fiscal.
Na visão de Monoli, o texto do novo arcabouço, mais calcado no aumento de receitas, está longe do ideal, mas evita um problema fiscal no curto prazo e impede uma trajetória explosiva da relação dívida pública/PIB. Mais: o arcabouço vem depois de temores de uma degringolada mais severa das contas públicas, na esteira da aprovação da PEC da Transição e de incertezas provocadas por discursos mais radicais “do novo mandatário”, uma referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Além das regras fiscais, investidores monitoram a possibilidade de mudança na meta de inflação. Segundo Monoli, uma alteração da meta de 2024 de 3% para 3,5% seria bem absorvida pelo mercado, que já digeriu a indicação do secretário-executivo do ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, para a diretoria de Política Monetária do Banco Central. “Tudo mais constante, o real tem espaço para se apreciar mais”, afirma o diretor da Azimut.
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