Após trocas de sinal ao longo do dia, o dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira em alta de 0,03%, cotado a R$ 4,9722. Apesar da instabilidade, a divisa oscilou apenas cerca de quatro centavos entre a máxima (R$ 4,9938) e a mínima (R$ 4,9510). O vaivém das cotações ao foi atribuído por operadores a um jogo de forças opostas que influenciaram a formação da taxa de câmbio.
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Lá fora, a moeda americana ganhou força na comparação com pares e a maioria das divisas emergentes, em meio a dados fracos na Europa e ao ambiente de cautela diante das negociações para ampliação do teto da dívida americana. No front interno, a perspectiva de uma aprovação célere da proposta de novo arcabouço fiscal, talvez com regras mais duras, e relatos de fluxo davam certo suporte ao real, que operou descolado do exterior em boa parte da tarde.
No dia seguinte ao encontro entre o presidente dos EUA, Joe Biden, e o presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Kevin McCarthy, representantes dos dois lados voltaram a se reunir para tentar avançar nas negociações sobre o teto da dívida. McCarthy teria informado a correligionários que a Casa Branca e a oposição ainda não estão “nem perto” de um acordo. Republicanos também questionam a estimativa da secretária do Tesouro americana, Janet Yellen, de que o país pode ficar sem recursos para honrar obrigações financeiras já em 1° de junho se não houver resolução para o caso.
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À tarde, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse que Biden e McCarthy concordaram que um acordo tem de ser fechado antes do prazo estipulado pelo Tesouro americano. Ela ressaltou, porém, que não é possível fornecer uma data para resolução do impasse, que pode ocorrer ainda hoje.
“O dólar segue forte no exterior com essa indefinição sobre o teto da dívida e as expectativas para a política monetária americana. Dirigentes do Fed Federal Reserve estão endossando a necessidade de uma postura dura por conta da inflação ainda alta”, afirma o diretor de produtos de câmbio da Venice Investimentos, André Rolha, que vê o real com uma boa performance. “De três dias para cá, estamos com desempenho melhor que dos nossos pares. O mercado está comprando a ideia de que o arcabouço caminha para ser aprovado rapidamente e com mais restrições”.
A economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, observa que, além da questão do teto da dívida, o mercado assumiu uma postura mais defensiva hoje em razão da divulgação, amanhã, da ata da reunião de política monetária do Fed em maio. “O mercado está bastante cauteloso por conta desses temas. E o dólar acabou de lado no fim do pregão”.
Em Brasília, as atenções estiveram voltadas a encontro entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e os presidentes da Câmara, Artur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco. Também estavam presentes os relatores do marco fiscal, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), e da reforma tributária, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), além do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Lira distribui afagos a Haddad e Pacheco, ao propagar sintonia entre as duas Casas do Congresso, e disse que reunião de hoje “é simbólica” para aprovação “célere” do arcabouço. Haddad se disse “bem impressionado” com consenso em torno da agenda econômica e afirmou que é possível ter não apenas o arcabouço fiscal como a reforma tributária aprovados “ainda neste semestre”. Com o mercado já fechado, Cajado disse que o texto será votado na Câmara ainda hoje.
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Rolha, da Venice Investimentos, vê o dólar operando, no curto prazo, em uma banda entre R$ 4,90 e R$ 5,10, mas ressalta que há um viés de baixa, que pode se acentuar caso haja aprovação rápida do arcabouço e a moeda americana experimente um desafogo no exterior. “A taxa de juro deve continuar beneficiando o real. Campos Neto tem falado duro e um corte da Selic deve vir somente em setembro. Tem espaço para o dólar testar o nível de R$ 4,80”.