- Com a crise econômica provocada pelo coronavírus, muitas pessoas procuram meios de obter renda extra e podem cair em golpes de falsos investimentos
- O mais conhecido é o da "Pirâmide", em que a vítima paga para entrar e deve indicar terceiros para ser remunerada
- Na visão de especialistas, as principais características desse tipo de golpe são as promessas de ganhos altos e garantidos, falta de vínculo com a CVM e senso de urgência
Existe um velho ditado sobre a vida que também pode ser aplicado às finanças: nem tudo que reluz é ouro. Fora do mercado financeiro formal existem muitos golpes disfarçados de oportunidades ‘imperdíveis’ de investimentos. Em um contexto de pandemia e crise econômica, as pessoas podem ficar ainda mais vulneráveis.
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Segundo a pesquisa PNAD Covid-19 do IBGE, até a quarta semana de julho deste ano, cerca de 41 milhões de brasileiros estavam desempregados. Com a economia cambaleando, é comum que todos busquem formas de obter alguma renda extra para tentar multiplicar o dinheiro guardado. Mas o problema começa quando o potencial investidor é levado a aplicar dinheiro em investimentos fraudulentos.
Talvez o mais conhecido e recorrente deles seja o de Pirâmide Financeira. Nesse golpe, o investidor paga uma quantia para entrar no esquema e a remuneração viria da indicação de terceiros para o grupo – terceiros estes que devem trazer novos membros, e assim sucessivamente.
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É importante ressaltar que não existem investimentos verdadeiros por trás de uma pirâmide financeira, nem venda de produtos – como no modelo de marketing multinível, que é legal e autorizado no Brasil. O dinheiro que é pago ao entrar no esquema apenas é repassado para os antigos integrantes, de modo que, sem novos membros, também não há ‘lucro’.
“Algumas pirâmides financeiras se disfarçam de marketing multinível”, explica Carol Stange, educadora financeira. “Falam que vendem produtos, mas, na verdade é fachada e o produto é fake, sem sentido”, diz.
O modelo de ‘investimento’ de pirâmide é comprovadamente insustentável e, em pouco tempo, o negócio desmorona. Só recebem alguma remuneração as primeiras pessoas cooptadas pelos golpistas. Atualmente, existem variações desse antigo golpe, como as pirâmides financeiras de bitcoin e os ‘grupos’ clandestinos de investimento, mas as premissas, no geral, são as mesmas.
A planejadora financeira Gisele Colombo, da Planejar, alerta que essas são promessas de retorno feitas sem embasamento em um ativo que seja legalmente transacionado no mercado financeiro ou em outros mercados reais. “É crime, caso de polícia”, afirma.
Como identificar um investimento falso
De acordo com as especialistas consultadas pelo E-Investidor, mesmo que com características diferentes, existe um ‘modus operandi’ de investimentos fraudulentos. Algumas das principais características são:
- Invista ‘nisso’! É sua última oportunidade!
Muitos investimentos fraudulentos têm como estratégia atiçar o senso de urgência das pessoas para convencê-las a participar do esquema. “É sempre muito rápido e com a ideia de que você vai perder a oportunidade”, explica Stange. “Você é convencido a fazer coisas como depositar o dinheiro na conta corrente do golpista, em vez de na conta da suposta empresa”, diz.
A crise econômica provocada pela pandemia do coronavírus pode ter facilitado o cenário para esse tipo de estratégia. “O brasileiro tem essa cultura de se sentir ‘bobo’, caso perca alguma oportunidade”, diz Colombo. “Agora isso está unido à maior necessidade de conseguir renda extra, por conta da crise.”
- Promessa de retorno alto e garantido
Uma das regras do mercado financeiro é que não existe retornos altíssimos sem nenhum risco envolvido. É uma relação proporcional: quanto maior o rendimento, maior o risco, e vice-versa. Entretanto, uma das características de um golpe financeiro é prometer ganhos acima da média e sem nenhum risco envolvido. Ou seja, os golpistas convencem que a vítima vai ganhar uma porcentagem exorbitante de lucro por mês, semana, ou por dia, sem nenhum risco.
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“Vem muita gente me perguntar se a empresa X ou Y, que está oferecendo 2% de rendimento ao dia, é um bom negócio”, diz Stange. A especialista alerta que a Anbima, entidade que define as boas práticas de empresas do mercado financeiro, proíbe essas promessas de rentabilidade futura.
Na visão de Colombo, esse é um dos principais indícios de investimento fraudulento.“Não existe milagre no mercado financeiro, não existe retorno alto garantido e sem risco”, declara. “Se a empresa ou o cidadão divulga isso, é golpe.”
- Sem respaldo da CVM ou de instituição financeira
Se o suposto investimento não está registrado na CVM ou em nenhuma instituição financeira, desconfie. “Investimentos fraudulentos não têm nenhuma ligação com o mercado real”, afirma Colombo. “Se está em dúvida, procure um profissional e pesquise se aquela empresa não tem processo na CVM.”
Já no mercado de criptomoedas, sobre o qual não existe uma regulamentação completamente consolidada no Brasil, a dica é pesquisar sobre a moeda digital na qual há o interesse de investir. “Verifique se aquela moeda é comercializada no mundo e se é aceita em estabelecimentos. Hoje temos cinco criptomoedas que são amplamente negociadas, e só.”