O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quarta-feira, 16, que a moeda brasileira sofreu com uma volatilidade no mercado no dia seguinte à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) que penalizou também as demais moedas estrangeiras, provocada por uma elevação nas taxas de juros longas dos Estados Unidos, e não pela queda na Selic.
“No dia seguinte da decisão do Copom, existiu alguma volatilidade nos mercados, e inclusive o real sofreu um pouquinho. Muita gente tentou associar isso à própria decisão do Copom. Infelizmente o Brasil não chegou na posição em que Copom afeta ar taxas de juros americanas. Não foi só a moeda brasileira que sofreu”, disse Galípolo, em seminário no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Todo mundo perdeu.”
No último dia 2, o Copom reduziu a taxa básica de juros, a Selic, em 0,50 ponto porcentual, de 13,75% ao ano para 13,25% ao ano.
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Galípolo lembrou que há uma série de razões para a taxa de juros longa nos Estados Unidos estar subindo, entre elas compras menores de títulos por japoneses e chineses, além da maior necessidade de financiamento do governo americano.
“Estão todos muito atentos a esses movimentos”, afirmou Galípolo.
O diretor do BC ponderou que o Brasil tem movimentos positivos acontecendo na economia já mencionados na ata, como a desaceleração da inflação na margem, o mercado de trabalho sem perder muitas vagas mas também sem pressões inflacionárias, e captações positivas dos fundos de renda fixa e fundos imobiliários.
Segundo Galípolo, o maior desafio hoje é entender como é que vai ser o comportamento das autoridades monetárias num cenário pós-covid, pós-quantitative easing, pós-guerra da Ucrânia e com variáveis econômicas que nem sempre se saem como nós manuais. Ele lembrou que as projeções de desaceleração da economia mundial não ocorreram, embora haja desaceleração gradual da inflação.
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“O hiato não está abrindo da maneira como os analistas imaginavam”, lembrou.
O diretor acrescentou que o contexto de excepcionalidades demanda cautela na trajetória futura da taxa de juros e voltou a afirmar que nunca participou de uma reunião “tão bem brifada” quanto a do Copom.
“O importante é ter essa humildade no enfrentamento da política monetária sabendo que não tem resposta única”, declarou.
Galípolo defendeu também a necessidade de estar aberto ao diálogo e poder fazer reuniões com diversos integrantes e setores da sociedade. “Acho que faz parte desse processo de democratização da política econômica”, opinou.
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