A maior aversão ao risco no mercado global pesou sobre o desempenho da Bolsa brasileira em agosto. Entretanto, as perdas registradas nas ações das mineradoras brasileiras foram suavizadas parcialmente por estímulos pontuais anunciados na China, que sustentaram o preço do minério. Entre as maiores beneficiadas, está a Vale (VALE3), segundo análise do Banco do Brasil em relatório setorial nesta sexta-feira, dia 8.
No mês de agosto, as ações da Vale (-3,1%), CSN Mineração (CMIN3) (-3,8%) e Usiminas (USIM5) (-4,8%) caíram em nível menor que o Ibovespa (-5,1%). Já as siderúrgicas Gerdau (-10,1%) e CSN (-12,5%) ultrapassaram o índice no mês, segundo o banco.
Na China, as importações de minério de ferro cresceram 13,8% em agosto na comparação com o mês anterior. Os estoques da commodity, por sua vez, permanecem pressionados na relação anual, com queda de 6,9%, em 110 milhões de toneladas (valor abaixo da média do período pré-pandêmico), destacou o BB.
O banco aponta ainda que a divulgação de novos estímulos para o setor imobiliário na China ajudaram na manutenção do nível de preços do minério de ferro em agosto, mês que marcou alta de 5% na comparação mensal, para aproximadamente US$ 130 a tonelada da commodity com teor de concentração em 65%.
O BB destaca ainda que o volume brasileiro de exportações de minério alcançou o maior patamar mensal desde dezembro de 2015, para 37,5 milhões de toneladas. O resultado de agosto representa uma alta de 12,7% na comparação anual e 17,5% no intervalo mensal.
A partir dos dados da Secretaria de Comércio Exterior, o banco aponta que a receita total foi de R$ 2,8 bilhões em agosto, valor 18,2% maior ante julho e equivalente a US$ 75,7 por tonelada.
“As ações da Vale e da CSN Mineração seguiram a tendência de leve recuperação de preços do minério de ferro no último mês, refletindo os estímulos anunciados pelo governo chinês”, apontaram as analistas Mary Silva e Melina Constantino em relatório.
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Siderurgia
Segundo o BB, os dados mais recentes da indústria de aço no Brasil mostraram aumento dos volumes de produção de aço bruto, mas as vendas retraíram tanto no mercado interno quanto no externo.
Em julho, a produção de aço bruto totalizou 2,71 milhões de toneladas, indicando um avanço de 5,9% na comparação mensal. O mês analisado também marcou o avanço de 16,7% ante junho na fabricação de laminados, mas houve recuo em relação aos semiacabados (25,1% no intervalo mensal), aponta o banco.
“As vendas no mercado interno apresentaram leve queda de 1,3% na comparação de julho ante junho, refletindo a piora na comercialização de laminados”, avaliou o BB.
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Em relação aos preços, o banco destaca que nos EUA houve recuo de 11,7% em agosto na comparação com julho, para aproximadamente US$ 800 a tonelada do laminado a quente. “Menor valor desde outubro do ano passado”.
Na China, o preço do laminado a quente também registrou queda em agosto na comparação mensal, em 4,3%, para aproximadamente US$ 550 a tonelada.
Já no Brasil, o BB aponta que o Índice de Preços ao Produtor da Metalurgia de julho recuou 2,6% ante junho, o maior recuo mensal do ano.
O BB destaca que o consumo aparente de aço no Brasil em junho ficou praticamente estável em relação a junho, com leve avanço de 1,4% no mês, mas as importações de laminados aumentaram 14,4% no mesmo intervalo de comparação, para 379 milhões de toneladas.
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As importações de semiacabados somaram 103 milhões de toneladas em julho, valor 103,2% maior ante junho, aponta o banco.