- A desvalorização do índice que reúne os principais fundos imobiliários do mercado tem relação com a aversão ao risco no mercado internacional
- No entanto, há fundos que conseguiram ir na contramão e entregaram rentabilidades acima dos 20% no acumulado de outubro
- Na avaliação de analistas, a perspectiva de quedas de juros no Brasil abre janelas de oportunidades para o investidor de FIIs
A aversão ao risco dos investidores não deve impactar apenas o desempenho do Ibovespa, o principal índice da B3, em outubro. O IFIX também saiu prejudicado com os investidores em busca de ativos considerados mais defensivos.
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No acumulado mensal até o pregão da última sexta-feira (27), o índice que reúne os principais fundos imobiliários do mercado brasileiro apresentou uma desvalorização de 2%. A queda é semelhante à do IBOV, que recuou 2,15% durante o mesmo período, mesmo com o início do ciclo de queda da Selic no Brasil.
Segundo Wellington Lourenço, analista de investimento da Ágora, o problema está no cenário externo, com o aumento do risco geopolítico e ciclo de aperto monetários nos principais mercados globais. “Outubro foi marcado por falas de dirigentes do Fed (banco central dos EUA) que indicaram que o fim do ciclo de juros não terminou e as tensões no Oriente Médio aumentam o receio dos investidores”, afirma Lourenço.
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No entanto, alguns fundos imobiliários conseguiram ir na contramão do mercado de renda variável em meio a esse cenário desfavorável. Segundo dados do Broadcast, de todos os FIIs listados no IFIX, pelo menos 22 devem encerrar outubro com ganhos.
Desse grupo, o fundo que mais se destaca é o HCTR11 com ganhos de 25,79% no acumulado mensal. A disparada no preço simboliza uma reviravolta no desempenho das cotas do fundo, após ficar entre as maiores perdas do IFIX em setembro, como mostramos nesta reportagem.
A recuperação do fundo tem relação com o aumento da distribuição de dividendos aos acionistas, informado no início do mês. Segundo a Hectare, gestora responsável pelo fundo, o rendimento do HCTR11 passou de R$ 0,17 para R$ 0,27 por cota. O valor representa um aumento de 59% da distribuição feita em setembro, mas 85% menor do que o rendimento distribuído em agosto, quando era de R$ 0,50 por cota.
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A valorização também reflete a renegociação dos CRIs do Grupo Gramado Parks, que foram os responsáveis pela queda da distribuição dos proventos. Segundo a Fortesec, securitizadora responsável pela emissão dos títulos de dívida, mais de 90% dos certificados de recebíveis inadimplentes foram renegociados.
O comunicado também pode ter influenciado na performance das cotas dos fundos VSLH11 e DEVA11 que ficaram entre as maiores altas do IFIX. Assim como o HCTR11, esses FIIs tiveram os seus rendimentos prejudicados devido a inadimplência do Grupo Gramado Parks.
A alta também está associada com o movimento de queda da curva de juros no Brasil para os próximos 10 anos. Segundo Felipe Paletta, sócio e analista da Monett, ao longo do mês de outubro, a projeção do mercado para a taxa de juros em 2033 caiu 0,4 ponto porcentual. “Essa redução tem um impacto relevante no custo de capital para os fundos imobiliários e ações, de um modo geral. Então, os investidores em FIIs se mostram mais dispostos a tomar risco”, ressalta Paletta.
No entanto, no caso dos fundos HCTR11 e HTMX11, o especialista avalia que as recentes altas mostram aos investidores posicionados nesses fundos uma oportunidade de realizar lucro com a venda das cotas. De acordo com ele, como esses FIIs possuem uma estratégia de investimento única e com um perfil mais agressivo, a tendência é que não tenham o mesmo desempenho nos próximos meses.
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“Para esses fundos com teses muito particulares, como HTMX11 que investe em hotéis, aparentam estar muito bem avaliados e acho que os investidores devem pensar a realizar o seu lucro (venda das cotas)”, ressalta Paletta. A observação se deve à discrepância da rentabilidade dos dois fundos em relação aos demais produtos.
O que esperar para novembro?
O dia primeiro de novembro será marcado por mais uma reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), que deve dar continuidade ao corte da Selic, taxa básica de juros. Essa perspectiva, mesmo com um cenário externo de contração econômica, cria um ambiente mais favorável para os fundos imobiliários, especialmente os de tijolo.
De acordo com Lourenço, como os FIIs são ativos de renda variável, é importante que o investidor tenha em mente que trata-se de um investimento de longo prazo.
Além disso, embora o Federal Reserve (FED), banco central dos Estados Unidos, não tenha dado qualquer sinalização sobre o início de queda de juros no mercado norte-americano, há uma expectativa entre os analistas que o fim do ciclo de aperto monetário ocorra em 2024.
“Nesse contexto, a tese macro de queda de juros continua sendo o principal motivador para tomar posições”, afirma o analista da Ágora. “As volatilidades recentes parecem bons pontos de entrada”, acrescenta Lourenço.
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Segundo dados do Broadcast, mesmo com a queda de outubro, o IFIX acumula uma valorização de 9,98% em 2023.