A fabricante de pás eólicas Aeris (AERI3) fará uma oferta primária de ações follow-on (oferta subsequente de ações realizada por uma empresa) com valor total de R$ 400 milhões, na qual a família Negrão não deve exercer seu direito de preferência e passará a deter 37% de participação na empresa, ante os atuais 60,1%. Para exercer o direito de preferência, a família precisaria dispor de R$ 250 milhões, valor que deve ser bancado pelo BTG Pactual ((BPAC11), mas com um acordo para recompra nos próximos dois anos, pelo valor de até R$ 2,00 por ativo.
Leia também
Pelo acordo, o banco de investimentos cederá aos acionistas controladores o direito a voto correspondente à participação que adquirir ao final dessa operação. “Então, na prática, mesmo com o BTG sendo um acionista relevante, deste modo, não existe nenhuma mudança em controle e nem na rotina do dia a dia e na governança”, afirmou o executivo.
Os R$ 150 milhões restantes serão oferecidos para os demais acionistas, na oferta prioritária, caso não queiram ter suas participações diluídas. Esse montante terá garantia de 100% do banco BTG Pactual, que se compromete a ficar com os ativos que não forem absorvidos por estes investidores. Na operação, cada ação sairá por R$ 0,84, valor próximo à média que os papéis da companhia têm sido negociadas nos últimos 60 dias, disse ao Broadcast Energia, o diretor de Planejamento e Relações com Investidores, Bruno Lolli.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Segundo ele, esse follow-on é uma forma que a empresa encontrou de otimizar sua estrutura de capital e reduzir o índice de alavancagem, suprindo as necessidades de caixa para amortização das operações financeiras em 2024. Lolli disse também que a operação permitirá à Aeris chegar ao próximo ciclo de crescimento que deve acontecer apenas em meados de 2025 com um fluxo de caixa robusto.
“Olhando as condições atuais de mercado, a gente entende que a partir de 2025 a gente deve iniciar um novo ciclo de crescimento para atender não só o Brasil, mas também os mercados internacionais”. O diretor de Planejamento e Relações com Investidores da Aeris comentou, ainda, que nos próximos meses deve anunciar revisões de contratos com clientes, com potencial adição de pedidos a sua carteira no mercado nacional.
Além disso, a empresa tem monitorado a demanda por projetos de geração eólica nos Estados Unidos e na Europa, visando um novo ciclo de venda de produtos para atender essa capacidade também no exterior. A Aeris resolveu fazer uma operação diferente da estratégia que tem sido comum no mercado de ações este ano: a participação do controlador na operação para conseguir emplacar a oferta, movimento que tem sido essencial por conta do mercado bem mais seletivo.
Em 1º de novembro, o fundador da Ambipar, o empresário Tércio Borlenghi Junior se comprometeu a colocar R$ 560 milhões em um follow-on da empresa. Em abril, a família Pinheiro, controladora da Hapvida, colocou R$ 360 milhões em uma oferta que buscava captar recursos para reduzir dívidas. Também em abril, a Dasa fez uma oferta com participação dos controladores, que ficaram com cerca de 67% dos papéis.
Publicidade