- Instituições financeiras registraram aumento na busca por linhas de crédito para instalação de painéis solares. Aumento da temperatura é um dos fatores para o crescimento da demanda
- Kits fotovoltaicos podem reduzir a conta de luz em até 95%; proposta do financiamento é substituir esse gasto mensal pela parcela do empréstimo
- Também é possível armazenar a energia gerada pelos painéis solares por meio de baterias. No entanto, essa tecnologia ainda não é tão comum no Brasil e possui custo mais alto
As mudanças climáticas que provocaram as ondas de calor que atingiram o País em 2023 têm levado a uma retomada da demanda pela instalação de painéis solares e da procura por linhas de crédito específicas para esse tipo de investimento. Os kits fotovoltaicos podem baixar o valor da conta de luz em até 95% e entre os atrativos oferecidos pelas instituições financeiras está a possibilidade de começar a pagar as parcelas do empréstimo apenas quando o cliente começar a sentir essa economia no bolso.
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É o caso do banco Santander, que oferece uma carência de 120 dias para que o cliente comece a pagar o financiamento. A instituição oferece essa linha de crédito desde 2015 e observou o auge das contratações entre os anos de 2020 e 2021, seguido por uma estagnação do mercado. Desde junho deste ano, porém, o banco voltou a registrar crescimento todos os meses nesse tipo de financiamento.
“Entendemos que esse crescimento está muito atrelado aos recordes de calor no País, o que tem impactado diretamente na demanda de energia, que tem como um dos principais vilões o ar-condicionado”, avalia Júlio César de Azevedo, líder do segmento sustentável da Sim, fintech do Grupo Santander que hoje concentra a linha de crédito para energia solar.
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Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) apontam que o inverno de 2023 foi um dos mais quentes desde 1961. Ainda segundo a entidade, as temperaturas médias no Brasil ficaram acima da média histórica nos meses de julho a outubro, indicando que o ano de 2023 será o mais quente da história desde da década de 1960.
A plataforma Meu Financiamento Solar, que oferece linha de crédito em parceria com o banco BV, registrou aumento de 20% no volume de busca por financiamentos em novembro, em relação a outubro. A instituição também oferece carência de até 120 dias para o início do pagamento das parcelas.
“Nosso maior público é pessoa física, e esse crescimento da demanda se dá principalmente pelo aumento do consumo de energia nas residências, o que afeta o orçamento mensal das famílias. Também estamos com muitos projetos de clientes que solicitam expansão de sistemas que já foram instalados, a fim de conter esse aumento do consumo”, conta Carolina Reis, diretora do Meu Financiamento Solar.
Um levantamento realizado pela consultoria Greener mostrou que os financiamentos apoiaram 48% das vendas efetuadas de sistemas fotovoltaicos no primeiro semestre deste ano. O volume ficou acima do mesmo período do ano passado, quando os financiamentos corresponderam a 30% das vendas. Em 2021, porém, essa participação havia sido de 57%.
De acordo com o estudo estratégico divulgado pela Greener em setembro, um dos fatores que impediram o crescimento ainda maior dos financiamentos para energia solar foram taxas de juros em patamares elevados. Com o início dos cortes da Selic e a expectativa de novas reduções da taxa básica de juros em 2024, porém, a expectativa é que a demanda por essas linhas de crédito cresça ainda mais. O estudo mostrou que 66% das empresas do setor esperam um cenário mais otimista para 2024, com expectativa média de aumento de vendas para o segundo semestre de 2023 de 83%.
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A queda no custo dos kits fotovoltaicos é outro fator que favorece esse mercado. Segundo a Greener, os preços médios dos kits em junho deste ano apresentaram redução de 23% em relação a janeiro.
“Houve um barateamento do sistema fotovoltaico em cerca de 50%. Percebemos uma redução do ticket médio de R$ 40 mil para R$ 20 mil neste ano, em razão da redução do custo dos insumos”, explica Júlio César de Azevedo, da Sim.
Como funciona o sistema fotovoltaico
A maior parte dos sistemas fotovoltaicos instalados nas residências brasileiras é conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN), que é a rede usada pelas concessionárias de energia elétrica. A energia gerada pelos painéis solares que não é consumida, ou seja, o excedente é jogado nessa rede e o consumidor que gerou a energia recebe um crédito da distribuidora. Esse crédito pode ser usado em momentos em que não há incidência de luz solar, como durante a noite ou nos dias nublados, quando o sistema não irá gerar energia.
Se a capacidade de geração de energia for equivalente ao consumo na residência, o valor da conta de luz é praticamente zerado. O consumidor pagará apenas a tarifa mínima e uma taxa de iluminação pública. Ou, nos meses em que a geração de energia for menor que o valor consumido, pagará também essa diferença.
“Essas linhas de crédito permitem que o cliente reduza imediatamente o custo de energia e substitui o custo fixo mensal da conta de luz por uma parcela de financiamento. A vantagem disso é que o cliente tem o retorno do investimento entre 3 e 6 anos e fica com um produto que tem uma durabilidade de, no mínimo, 25 anos gerando energia limpa”, argumenta Carolina Reis, diretora do Meu Financiamento Solar.
Também é possível armazenar a energia gerada pelos painéis solares por meio de baterias. No entanto, essa tecnologia ainda não é tão comum no Brasil e possui custo mais alto.
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Tempo máximo de financiamento: Até 96 meses
Meu Financiamento Solar – Banco BV
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Carência: 120 dias
Tempo máximo de financiamento: Até 96 meses
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Tempo máximo de financiamento: Até 60 meses