A visão otimista para o Brasil neste ano existe, mas não elimina o ceticismo com o qual o Mirabaud – family office suíço que possui R$ 1 bilhão de ativos sob gestão no País – tem montado suas estratégias. Atualmente, as posições favoritas são contra a inflação, segundo Eric Hatisuka, diretor de investimentos (CIO, na sigla em inglês) do Mirabaud.
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“Estamos otimistas de forma geral com o Brasil, mas olhamos as gradações”, disse Hatisuka, em entrevista ao Broadcast Investimentos. “Entendemos que é um ano de montar posições contra a inflação, olhando para 2025 e 2026. Como a inflação caiu bastante e está baixa, as taxas dos ativos indexados à inflação estão atrativas e isso é o que a gente mais gosta hoje.”
O especialista afirma não ver uma disparada na inflação, buscando apenas uma proteção para o ciclo de 2025-2026 e aproveitando as taxas atrativas. Mas, entre possíveis gatilhos inflacionários, ele cita o gasto do governo, que “continua alto”; o desemprego no Brasil, que “comparado ao próprio País no passado continua baixo”; e o El Niño, que “pode ter algum efeito em energia e na cesta de alimentos”.
Renda fixa segue favorita
Entre as classes de ativos, a renda fixa ainda é a favorita, segundo Hatisuka. A avaliação do Mirabaud é de que a taxa básica de juros, a Selic, vai cair até perto da faixa de 9%. “Achamos que o governo está com déficit fiscal alto e a economia está com alguns desequilíbrios macroeconômicos que sugerem que o juro não conseguirá vir muito abaixo disso”, diz.
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O especialista observa que para se ter um juro estrutural abaixo de 9% seria necessária uma reforma tributária “em pleno efeito”. Ainda em implantação, esse efeito máximo deve ser atingido daqui a quatro ou cinco anos.
“O cenário do Mirabaud lá fora já é de higher for longer, ou seja, juros e inflação altos por mais tempo, e nosso cenário aqui conversa com esse mundo”, afirma Hatisuka. “Os déficits fiscais dos países desenvolvidos, assim como o do Brasil, tendem a permanecer ‘abertos’ por mais tempo, os governos estarão gastando mais, e isso implica em juros maiores. Portanto, a gente gosta mais de renda fixa.”
Dentro da classe, o diretor de investimentos destaca crédito privado – com parcimônia na escolha dos emissores – e NTN-Bs mais curtas – com vencimentos até 2027 e 2028.