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Fed mantém juros nos EUA. Como a decisão impacta os investimentos?

O resultado sem surpresas mantém a pressão sobre a curva de juros e o câmbio no Brasil

Fed mantém juros nos EUA. Como a decisão impacta os investimentos?
Fachada do Federal Reserve, em Washington Foto: REUTERS/Jonathan Ernst
  • Movimento reduz o ímpeto dos investidores por ativos de risco, principalmente nas ações ligadas à economia doméstica
  • Empresas de commodities podem voltar a se destacar nesse ambiente, dada a alta do dólar
  • Resultado do Fed nesta quarta não deve alterar o a decisão do Banco Central brasileiro na quarta da semana que vem

O banco central norte-americano Federal Reserve (Fed) anunciou na tarde desta quarta-feira (1º) que decidiu manter a taxa de juros na faixa entre 5,25% a 5,50% ao ano. Um resultado sem surpresas, mas que mantém a pressão sobre a curva de juros e o câmbio no Brasil. Níveis mais elevados de juros lá fora funcionam como suporte para a queda de juros aqui.

“Muito desse movimento já parece estar embutido no dólar, que tocou os R$ 5,20 essa semana, e também nos juros mais longos (de 10 anos), que já voltaram a bater a casa dos 11,75″, observa João Piccioni, gestor de fundos da Empiricus Gestão.

O movimento reduz o ímpeto dos investidores por ativos de risco, principalmente nas ações ligadas à economia doméstica, devido ao aumento estrutural do custo de capital e da piora das expectativas quando à queda da Selic.

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Na próxima quarta-feira (8), é esperado que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduza em 0,25 pontos percentuais a atual taxa de juros brasileira de 10,75% para 10,50%.

“Vale lembrar que a maior parte das dívidas das companhias são atreladas ao CDI e, consequentemente à Selic. Por outro lado, as empresas de commodities podem voltar a se destacar nesse ambiente, dada a alta do dólar e avanço dos termos de troca”, diz Piccioni.

A sinalização conservadora por parte do Fed impacta as taxas brasileiras. “A gente vai esperar uma abertura da curva de juros doméstico, o que pode sinalizar uma potencial janela de oportunidades para se alocar em títulos públicos, principalmente nos vértices mais intermediários”, comenta o economista da Guide Investimentos, Yuri Alves, observando que o cenário doméstico também influencia nesse movimento.

Em abril, as incertezas a respeito do cenário fiscal foram acentuadas com o anúncio do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2025, do governo federal, que revisou a meta de superavit primário de 0,5% para déficit zero. Com isso, os títulos públicos com vencimento em 2029, por exemplo, passaram a pagar mais juros em relação aqueles com vencimento em 2045. Normalmente, títulos com vencimento mais longos pagam mais em relação ao ativos com duração mais curta.

Pressão sobre o câmbio

O economista da XP Investimentos, Francisco Nobre, lembra da forte correlação entre as decisões do Fed e as do Copom. “O que fizer preço lá fora, tende a fazer preço aqui no Brasil”, avalia. Apesar disso, ele acredita que o resultado desta quarta não vai alterar a o resultado do Banco Central brasileiro na semana que vem. “O Copom vai reagir aos dados domésticos e a nossa expectativa é de um corte de 0,25 ponto percentual.”

Ao longo do tempo, no entanto, as decisões do Fed – que sinalizam juros mais altos por mais tempo – tendem a impactar o Brasil através do câmbio. “Este seria o principal canal de transmissão porque os juros mais altos lá fora acabam reduzindo a atratividade de nossos ativos aqui dentro”, explica.

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Dessa forma, um real mais desvalorizado se traduz em pressões inflacionárias adicionais. Por isso, as estimativas do mercado financeiro para a Selic ao final de 2024 vêm se deteriorando. “A gente trabalhava com um cenário em que o Banco Central poderia cortar os juros até 9%, mas revisamos para 10%”, informa Nobre, lembrando que juros mais altos se traduzem em preços mais baixos para os ativos de risco. “Isso acaba impactando a renda variável.”

Nesta conjuntura em que os juros americanos encurtam o ciclo de cortes das taxas no Brasil, o economista-chefe da Nippur Finance, Cristian Pelizza, acredita que o segundo semestre será um período desafiador. “O investidor terá de se acostumar com um pouco mais de volatilidade”, afirma.

 

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