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Juros fecham em alta, com índice econômico e Treasuries em destaque

O discurso do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, também esteve no radar

Juros fecham em alta, com índice econômico e Treasuries em destaque
Imagem: Adobe Stock

Os juros futuros zeraram o ritmo de queda, pressionados pelas máximas da curva dos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano), fechando nas máximas e com viés de alta. A piora do ambiente externo acabou reduzindo boa parte da influência da leitura benigna do IPCA-15 de maio e da redução da percepção de leniência do Banco Central (BC) com a trajetória da inflação, após discurso do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, ontem à noite.

No fechamento, taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,38% (máxima), de 10,371% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026, em 10,71%, estável. O DI para janeiro de 2027 marcava de 11,05% (máxima), de 11,02%. O DI para janeiro de 2029 tinha taxa de 11,54%, de 11,48%.

Pela manhã, o trecho intermediário, mais sensível às apostas para o ciclo da Selic, chegou a fechar mais de 10 pontos-base, dando sequência à correção em baixa iniciada ontem. No exterior, os juros dos Treasuries tinham avanço moderado, mas ficavam até então em segundo plano, com o mercado de juros priorizando a reação ao IPCA-15.

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A inflação de 0,44% acelerou ante os 0,21% de abril, mas ficou abaixo da mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de 0,47%, com preços de abertura que agradaram. “Tivemos serviços, serviços subjacentes e núcleos desacelerando nas médias trimestrais, num quadro que traz alívio para o cenário do BC”, disse o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung, destacando ainda como ponto positivo a desaceleração da taxa em 12 meses de 3,77% em abril para 3,70%.

A avaliação dos agentes, no entanto, é de que só o IPCA-15 não é suficiente para dissipar as dúvidas que permeiam a reunião do Copom em junho. “Há uma cesta de fatores que está pesando. Ainda vão entrar na inflação os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul e, no cenário externo, há incerteza sobre o corte de juros nos EUA. Tem o risco fiscal, que vejo como preponderante no momento”, afirma Sung, acrescentando a desancoragem da expectativas futuras à lista do que está afetando o balanço de riscos do Copom.

Ontem, Gabriel Galípolo, em participação em evento promovido pela Liga de Mercado Financeiro da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), endossou o coro recente de outros membros do Copom, ao afirmar que o BC vai agir contra a desancoragem das expectativas caso ela prossiga. Galípolo, apontado como sucessor de Roberto Campos Neto à frente do BC a partir de 2025, é um dos dissidentes que votaram pelo corte de 0,5 ponto porcentual da Selic em maio. “O BC vai dirimir as dúvidas levantadas, reforçando compromisso com perseguição da meta de inflação”, reforçou, afirmando que o importante a se registrar é que não há tergiversação no compromisso com a meta de inflação.

À tarde, o avanço dos Treasuries foi ganhando força e se sobrepondo aos fatores locais. A pressão pela manhã advinda de sinalizações hawkish do presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, e da alta inesperada do índice de confiança do consumidor do Conference Board foi endossada por dois leilões de T-Notes de 2 e 5 anos com demanda abaixo da média, o que sugere menor disposição dos investidores em financiar o Tesouro americano. A taxa da T-Note de 10 anos, principal referência para os ativos, voltou a rodar acima de 4,50%, chegando a 4,54% na máxima.

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