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Juros fecham em alta diante da escalada do dólar e falas de Lula

O avanço dos títulos de dívida pública do governo norte-americano também esteve no radar da sessão

Juros fecham em alta diante da escalada do dólar e falas de Lula
(Foto: Adobe Stock)

Os juros fecharam o dia em alta firme nesta quarta-feira (26). A escalada do dólar para além dos R$ 5,50, o avanço dos juros dos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano) e, em especial, declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrando resistência ao corte de gastos prevaleceram ante as boas notícias do dia, como o IPCA-15 abaixo da mediana da estimativas e a publicação do decreto que regulamenta a meta contínua de inflação.

No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,615%, de 10,564% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 11,23%, de 11,12% ontem no ajuste, e o DI para janeiro de 2027, taxa de 11,61%, de 11,50%. A do DI para janeiro de 2029 subiu de 11,94% para 12,05%.

As declarações do presidente Lula, em entrevista ao UOL, não chegaram a surpreender, mas não deixam de aumentar o desconforto dos agentes ao elevar o nível de ruídos que respondem por boa parte da inclinação da curva e da pressão sobre o câmbio.

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Num momento em que a agenda de revisão de despesas do governo é tida como crucial para manter em pé o arcabouço fiscal, Lula questionou a necessidade de cortes. “O problema é saber se precisa efetivamente cortar ou se a gente precisa aumentar a arrecadação”, afirmou. Segundo o presidente, a avaliação das despesas será feita “sem o nervosismo do mercado”. Ele disse ainda não ser possível desvincular da política de valorização do salário mínimo o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e as pensões por que não considera “isso como gasto”.

À tarde, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, saiu em defesa de Lula, mas o mercado ignorou. Segundo Ceron, o presidente Lula apoia a agenda de revisão de gastos. “Sinalizações são de total apoio à equipe, muitas vezes há interpretações sobre trechos das colocações, mas digo que o presidente tem nos apoiado de forma irretocável”, afirmou.

O estrategista da Traad, Leonardo Cappa, considera que as boas notícias do fiscal ficaram em 2023. “Não vai ter surpresa, não teremos mais anúncio pró-mercado, apenas alguns ajustes”, afirma Cappa, para quem se o governo parece não se incomodar com o dólar a R$ 5,50 deveria se preocupar com o nível da curva de juros.

O economista-chefe da Azimut Wealth Management, Gino Olivares, considera que comentário de Lula enfraquece o discurso do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e da ministra do Planejamento, Simone Tebet, de que a agenda de revisão de gastos seria posta em prática. “É um balde de água fria, cria-se muito ruído”, afirma, complementando que as declarações acabaram por ofuscar o potencial benigno do decreto da meta contínua, finalmente publicado hoje depois de um ano. “Como dar atenção a isso num ambiente de tanto ruído?”, disse Olivares, que considera que o texto foi “muito bem escrito”.

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Bem recebido pelo mercado, o decreto prevê que o cumprimento da meta seja apurado com base na inflação acumulada em 12 meses em um índice de inflação definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Será considerado que a meta foi descumprida quando a taxa desviar-se por seis meses consecutivos do intervalo de tolerância. Segundo Haddad, o CMN já definiu a meta contínua em 3%.

Não só o decreto da meta, mas também o IPCA-15 de junho acabou em segundo plano. A alta de 0,39% ficou abaixo do que apontava a mediana das estimativas (0,43%) e da variação de maio (0,44%), com desaceleração influenciada por itens voláteis, como passagens aéreas (-9,87%). A leitura dos preços de abertura não teve consenso, com alguns economistas destacando o arrefecimento em serviços subjacentes na margem, mas outros chamando a atenção para aqueles intensivos em mão de obra.

“Para o Copom, o número de hoje não altera a nossa visão de manutenção da Selic em 10,50% até o final do ano, com os passos seguintes dependendo de uma série de elementos, como a resiliência da atividade econômica, uma interrupção do processo de desancoragem das expectativas fiscais e de inflação, além da flexibilização da política monetária nas principais economias”, comentou o economista-chefe da Kinitro, João Savignon.

A disparada do dólar começa a trazer desconforto ao cenário tido como controlado para preços no curto prazo. A moeda americana subiu 1,19%, fechando em R$ 5,5194.

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O exterior deu sua contribuição para a pressão sobre a curva, com o rendimento da T-Note de dez anos voltando a 4,30%, em dia marcado por leilões de títulos do Tesouro dos EUA.

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