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Cielo (CIEL3) decepciona no 2º tri. Onde o balanço deixou a desejar?

Analistas do BTG e Citi dissecam os resultados financeiros da empresa, divulgados na quinta-feira (1º)

Cielo (CIEL3) decepciona no 2º tri. Onde o balanço deixou a desejar?
Cielo. (Foto: Gabriela Biló/ Estadão)

Cielo (CIEL3) teve lucro líquido recorrente de R$ 385,6 milhões no segundo trimestre deste ano, uma queda de 20,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Em relação ao primeiro trimestre deste ano, a baixa foi de 23,4%, segundo balanço divulgado na quinta-feira (1º).

A companhia afirma que a queda dos resultados veio em função da redução do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Nesta linha, o resultado foi de R$ 727 milhões, número 30,5% menor que o do mesmo período do ano passado em bases recorrentes. Veja os detalhes nesta matéria.

Análises do balanço da Cielo

BTG

Os números da Cielo no segundo trimestre deste ano mostram uma deterioração da capacidade da credenciadora de gerar lucros, afirma o BTG Pactual. O banco diz que não houve surpresas nas tendências operacionais da companhia, que provavelmente voltou a perder mercado no processamento de transações com cartões.

“Já estávamos esperando números fracos, o que foi o caso”, afirma a equipe liderada pelo analista Eduardo Rosman. Na visão dele, além da empresa não conseguir defender sua fatia de mercado no segmento de pequenas e médias empresas, que é o mais rentável, o processo de deslistagem pode estar atrapalhando o desempenho operacional.

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O lucro da Cielo, de R$ 386 milhões, ficou 5% acima do esperado pelo BTG, mas com uma piora nas tendências operacionais próxima das projeções. O banco afirma que os volumes processados pelas maquininhas da empresa ficaram abaixo do esperado, o que levou a receita com adquirência a um número 3% menor que a projeção.

O destaque positivo foram as despesas operacionais, segundo Rosman, com um crescimento menor que o esperado e queda em termos trimestrais. O lucro antes de impostos ficou em linha com a estimativa da equipe, em R$ 594 milhões, enquanto uma alíquota de imposto abaixo do esperado fez o lucro superar as projeções.

O BTG destaca a informação dada pela Cielo de que a base de clientes no segmento de PMEs (Pequenas e Médias Empresas) mostrou estabilidade a partir de maio, o que indica que o segundo trimestre terminou melhor do que começou. “Ainda assim, a conversão de volume em receita caiu 0,05 ponto em um trimestre, refletindo o mix de clientes e a menor participação da antecipação de recebíveis.”

O BTG tem recomendação neutra para as ações da Cielo, com preço-alvo de R$ 5,90, 2,4% acima do fechamento de quinta-feira (1º). O banco vê um baixo potencial de valorização diante da oferta dos controladores, Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3), para fechar o capital da companhia, de R$ 5,60 por ação mais Certificados de Depósitos Interbancários (CDI). O leilão será no próximo dia 14.

Citi

O Citi avalia que a maior parte dos resultados apresentados por Cielo ficaram abaixo das estimativas do banco, demonstraram que a empresa continuou a demonstrar perda de participação no mercado, com o resultado do lucro por ação (EPS) ficando abaixo do esperado no segundo trimestre do ano.

Em relatório, os analistas Gabriel Gusan e Maria Guedes destacam que Cielo reportou um lucro líquido de R$ 386 milhões no segundo trimestre, registrando uma redução de 21% na base anual e de 23% em relação ao trimestre anterior, ficando abaixo das estimativas do Citi.

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Já a receita da Cielo também não atingiu as expectativas, apresentando uma redução de 8%, equivalente a uma queda de 13% em relação ao ano anterior. O Total de Pagamentos (TPV) teve um crescimento de 2% em relação ao ano anterior, mas o Citi avalia que o número não apresentou variação em relação ao trimestre anterior, com o rendimento da receita sendo de 0,71%, o que representa uma redução de 120 pontos-base (bps) em relação ao ano anterior.

O TPV (Volume Total de Pagamentos) também ficou um pouco abaixo das estimativas, mas o Citi destaca que estes números foram equilibrados por um aumento no rendimento da receita. Assim, a receita e outras linhas financeiras ficaram alinhadas com as estimativas.

O Citi manteve uma recomendação neutra para o papel da Cielo (CIEL3), com preço-alvo de R$ 5,60, o que representa um potencial de desvalorização de 2% sobre o fechamento de quinta-feira (1º).

*Com informações do Broadcast