Com base nas últimas pesquisas de intenção de votos nas eleições 2024, realizamos um levantamento para identificar como cada partido e espectro partidário se encontram neste início de corrida eleitoral.
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Antes de avançar, é válido destacar que, onde há casos de empate técnico entre os postulantes, consideramos os partidos de todos que estão nessa situação. Por exemplo, em São Paulo, consideramos como primeiro colocado o PSOL de Boulos, o PRTB de Marçal e o MDB de Nunes. Há também empate técnico nas disputas eleitorais em Goiânia e em Porto Alegre.
Usando essa métrica, constatamos que os candidatos de partidos de centro lideram, atualmente, a grande maioria das capitais, 18 no total. Os de esquerda estão na frente em 6, e os de direita em 5. Consideramos como partidos de centro: União, PP, PSD, Republicanos, MDB e Podemos. No rol da esquerda estão: PT, PSB, PSOL e Avante. No da direita: PL e PRTB.
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A força dos partidos de centro nos grandes centros não é algo novo. Nas últimas eleições municipais de 2020, houve também uma supremacia deste campo político. Naquela ocasião, MDB, PSD, PP e o então DEM conquistaram 13 das 25 capitais em disputa. Em todo o País, as quatro legendas passaram a governar 43% da população, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Eleições por região
Na região Nordeste, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) registrou 69% dos votos no segundo turno das eleições presidenciais de 2022, os partidos de centro também superam de longe os de esquerda.
O União está na frente em Salvador com o atual prefeito Bruno Reis e em Fortaleza com Capitão Wagner. O PSD lidera em Natal com o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves e em São Luís com o atual prefeito Eduardo Braide. O PP está na frente em João Pessoa com o atual prefeito Cícero Lucena.
O PT só está na frente das corridas eleitorais em Teresina, com Fábio Novo. Já o PSB lidera com folga em Pernambuco com o atual prefeito João Campos. No outro extremo, o PL desponta em Aracaju com Emília Correia e em Maceió com o atual prefeito João Henrique Caldas.
Os resultados das primeiras pesquisas de intenção de voto demonstram que a polarização nacional entre Lula e Jair Bolsonaro não é predominante no Nordeste.
A mesma lógica acontece no Sul, onde o ex-presidente Bolsonaro (PL) ficou com 54% dos votos no segundo turno em 2022. Na região, o PSD lidera em Curitiba, com o vice-prefeito Eduardo Pimentel e em Florianópolis com o atual prefeito, Topázio Neto (PSD). Há empate técnico em Porto Alegre entre o atual prefeito Sebastião Melo (MDB) e a deputada federal Maria do Rosário (PT).
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Os resultados das primeiras pesquisas de intenção de voto demonstram que a polarização nacional entre Lula e Bolsonaro não é predominante no Sul.
No Sudeste, Mauro Tramonte (Republicanos) lidera em Belo Horizonte; Eduardo Paes (PSD) no Rio de Janeiro; e em Vitória, o atual prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) desponta. Há empate técnico em São Paulo entre Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB) e o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB).
São Paulo é um caso à parte no que se refere à polarização. Boulos, apesar de não ser do PT, tem recebido apoio direto do presidente Lula e seus auxiliares. Do outro lado, Bolsonaro ainda não entrou na campanha de Nunes, que evita abraçar o bolsonarismo neste momento da eleição municipal. Mas o fato de a indicação do vice de Nunes, Ricardo Augusto (PL), ter passado pelo ex-presidente e as críticas públicas realizadas contra Marçal, demonstram que Bolsonaro e o atual prefeito estão conectados.
Marçal sem dúvida é a grande surpresa dessa campanha em São Paulo. Ele tem surfado entre os eleitores mais identificados com o bolsonarismo. Temos que acompanhar, no entanto, os próximos movimentos neste tabuleiro para ver se o “efeito Marçal” registrado nas últimas pesquisas vai se consolidar ou se estamos diante de um novo “cavalo paraguaio”, como foi o deputado federal Celso Russomanno.
Embalado pela popularidade de um programa de TV, Russomanno tem na sua trajetória a marca de sempre ter saído na frente nas disputas pela prefeitura de São Paulo, mas ao longo da campanha perder o fôlego. Foi assim em 2012, 2016 e em 2020. Nessa última, ele tentou pegar uma carona na onda bolsonarista, mas, mais uma vez, não chegou ao segundo turno nas eleições.
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*Com colaboração de Izael Pereira, analista político da Warren Rena.