Criar um filho é um dos maiores desafios – e investimentos – que uma família pode enfrentar. Ao longo dos anos, à medida que as demandas financeiras mudam, exige uma adaptação constante do orçamento doméstico. Mas, afinal, quanto custa garantir o básico para uma criança até que ela atinja a maioria? E como se preparar para esse compromisso de quase duas décadas, sem ser pego de surpresa no caminho?
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Olhando além dos custos emocionais e do tempo dedicado à criação, os especialistas apontam que os gastos relacionados à saúde, educação e alimentação formam o núcleo das despesas familiares. E a dimensão desse investimento pode surpreender.
De acordo com uma apuração do E-investidor, nos primeiros meses, quando o recém-nascido depende quase exclusivamente do leite materno, o impacto no bolso é relativamente menor. No entanto, não são raros os imprevistos, como a necessidade de fórmulas infantis. Apenas durante os cinco primeiros meses, um bebê pode gerar gastos de mais de R$ 2.500, incluindo convênio médico, fraldas e vacinas fora da cobertura do SUS.
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Por exemplo, a vacina contra meningite B, essencial e não fornecida pelo sistema público, tem um custo elevado, com doses que somam mais de R$ 1.100. “É uma vacina bem cara e de dose dupla. Mas depois do primeiro ano o número de vacinas diminui e todas outras podem ser feitas no sistema público”, afirma a doutora e chefe do departamento de pediatria da FMABC, Denise Schoeps.
Entre os seis meses e dois anos, as contas crescem à medida que a introdução alimentar começa e muitas mães retornam ao mercado de trabalho, necessitando recorrer a creches ou babás. Nesse período, o custo básico ultrapassa os R$ 23 mil. Escolinhas, convênios médicos e gastos com medicamentos tornam-se comuns, já que a baixa imunidade dos pequenos favorece doenças frequentes.
Dos três aos cinco anos, os custos saltam para cerca de R$ 28 mil, com a educação ganhando ainda mais peso. Embora o desfralde diminua as despesas, brinquedos e atividades educativas passam a fazer parte da rotina, o que também gera impacto no orçamento.
A partir dos seis anos, a fase escolar introduz novos desafios financeiros. Entre os seis e 12 anos, o valor total dos gastos pode ultrapassar R$ 108 mil, incluindo alimentação, convênio médico e mensalidades escolares. O desejo de oferecer cursos complementares e esportivos é comum, mas precisa ser equilibrado. “Eu como pediatra me preocupo com uma agenda muito cheia para uma criança”, alerta Schoeps.
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As expectativas dos pais costumam aumentar junto com a idade dos filhos, mas é preciso tomar cuidado para que o excesso de atividades não sobrecarregue a criança.
Entre os 13 e 18 anos, as despesas disparam para mais de R$ 95 mil. Esse é o período mais caro, marcado por gastos não apenas com a escola, mas também com cursos preparatórios, roupas e tecnologia. “Além das necessidades sociais de um adolescente, em uma fase que por si só surge uma série de fantasias e desejos em torno de roupas, eletrônicos, passeios, e isso independe da classe social”, observa Adriano Gomes, especialista em finanças pessoais e sócio-diretor da Méthode Consultoria.
Entre fraldas, mensalidades escolares e consultas médicas, criar um filho até os 18 anos representa um compromisso que pode superar facilmente os R$ 250 mil. Entretanto, o planejamento financeiro é chave para a organização, mesmo para quem não planejou desde cedo, é possível organizar as finanças para atravessar essa etapa sem grandes sobressaltos.
Colaborou: Gabrielly Bento.
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