A Petrobras (PETR3;PETR4) divulgou na noite de quinta-feira (21) o seu Plano Estratégico 2025-2029. A empresa prevê investimentos de US$ 111 bilhões, sendo US$ 98 bilhões na carteira de projetos em implantação e US$ 13 bilhões na carteira de projetos em avaliação. O foco se concentrará na área de Exploração e Produção (E&P), que ficará com US$ 77,3 bilhões, cerca de 5,5% a mais do que o previsto no plano anterior.
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No que se refere aos dividendos, a estatal sinalizou que deve pagar de US$ 45 bilhões a US$ 55 bilhões de proventos ordinários no cenário-base, com flexibilidade para distribuição de US$ 5 bilhões a US$ 10 bilhões de dividendos extraordinários no período. Analistas do mercado concordam que o plano apresentado trouxe sinalizações positivas em relação ao pagamento de proventos aos acionistas.
Para Pedro Soares, Henrique Perez e Bruno Lima, que assinam o relatório do BTG Pactual, o planejamento estratégico da empresa reforça a confiança na sustentabilidade dos dividendos para 2025, projetando que os pagamentos permaneçam acima dos limites estabelecidos pela política de remuneração dos acionistas da Petrobras. Esse entendimento é sustentado, segundo eles, por uma estratégia focada em E&P, níveis disciplinados de investimentos, baixa alavancagem e sólida geração de fluxo de caixa para o investidor.
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O BTG indica que a Petrobras continua sendo a sua tese principal para o setor petroleiro, oferecendo uma assimetria atraente pensando em dividend yield (rendimento de dividendos) nos próximos 24 meses, que compensa os riscos ligados ao ruído político e às possíveis quedas dos preços do petróleo. “Estimamos que as ações sejam negociadas a um piso de dividend yield de 10% para 2025, com base apenas em dividendos ordinários, investimento de US$ 17 bilhões e saldo de caixa no final do próximo ano de US$ 10 bilhões”, ressalta a equipe do BTG.
Na visão da XP Investimentos, que prevê um rendimento de dividendos ordinários de cerca de 11% em 2025 para a Petrobras, a surpresa positiva no plano de negócios foi a redução da exigência de caixa mínimo de US$ 8 bilhões para US$ 6 bilhões. Ao mesmo tempo, o teto da dívida bruta foi aumentado para US$ 75 bilhões, para permitir flutuações temporárias acima da meta anterior de dívida bruta de US$ 65 bilhões.
A XP entende que a combinação dessas duas mudanças permite maior flexibilidade para o pagamento de dividendos extraordinários e pode até se tornar uma vantagem para as contas fiscais do governo no final de 2025. “Para ser claro, nosso argumento não é de que a Petrobras pagará dividendos com base nas contas do governo, mas sim que ela terá mais flexibilidade em termos de tempo para distribuir dividendos extraordinários como o anunciado ontem. Tanto o governo quanto os acionistas minoritários se beneficiariam de tais dividendos”, destaca a corretora em relatório.
Mensagem favorável aos dividendos da Petrobras
Quem também considerou que o plano veio com uma mensagem favorável a dividendos foram os analistas Ricardo França, da Ágora Investimentos, e Vicente Falanga, do Bradesco BBI. Os especialistas consideram que, ao aumentar sua meta de dívida bruta para US$ 75 bilhões e reduzir seu nível mínimo exigido de caixa para US$ 6 bilhões, a Petrobras abriu espaço para o pagamento de proventos elevados, mesmo que os preços do petróleo caiam para cerca de US$ 60 por barril.
“Com isso, continuamos esperando um pagamento de dividendos de US$ 12 bilhões para 2025 (rendimento de 13,5%), mesmo que os preços da commodity caiam um pouco abaixo de nossa estimativa de US$ 76 por barril para o próximo ano. Do lado negativo, no entanto, a curva de investimentos ficou acima de nossa estimativa e com uma curva de produção semelhante, amplamente afetada pela inflação do setor, em nossa opinião”, pontuam os analistas.
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O Itaú BBA, por sua vez, espera revisões para cima nas estimativas de dividendos da estatal para os próximos anos. A casa aponta que um dos fatores para isso é o CAPEX (despesas de capital), estimado em US$ 18,5 bilhões, em linha com a estimativa do banco de US$ 19 bilhões. Após deduzir os custos de leasing (tipo de operação de aluguel), o montante resultaria em um desembolso efetivo de US$ 13,1 bilhões.
“A proporção do capex total classificado como leasing, que não deve ser considerada na fórmula de dividendos ordinários, aumentou substancialmente, levando a potenciais revisões para cima nas estimativas de dividendos ordinários”, destacou o Itaú BBA.
Petroleira anuncia pagamento de dividendos extraordinários
Ainda na noite de quinta-feira (21), a Petrobras anunciou que o seu Conselho de Administração (CA) aprovou o pagamento de dividendos extraordinários no valor de R$ 20 bilhões, equivalente a R$ 1,55174293 por ação ordinária e preferencial em circulação. Terão direito aos valores os acionistas com posição na empresa até 11 de dezembro deste ano, já que os papéis serão negociados ex-direitos (sem direito aos proventos) na B3 a partir de 12 de dezembro de 2024. O pagamento deve ocorrer no dia 23 de dezembro.
Na opinião da XP, havia espaço para distribuições um pouco maiores, de US$ 4,5 bilhões (cerca de R$ 26,14 bilhões), mas o resultado mais importante foi o pagamento efetivo dos dividendos que o mercado esperava. “Os proventos são equivalentes a um rendimento de 4,1% e 3,8% sobre as ações preferenciais e ordinárias, respectivamente”, ressalta a corretora.
Já o Itaú BBA acredita que o valor anunciado veio em linha com as expectativas do consenso, reforçando o compromisso da empresa em equilibrar os planos de crescimento com a remuneração dos acionistas.
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Por fim, a Ágora e o Bradesco BBI, destacaram que o anunciou o pagamento de R$ 20 bilhões (cerca de US$ 3,45 bilhões) em dividendos extraordinários, ficou um pouco abaixo da sua estimativa de US$ 3,6 bilhões, devido principalmente à recente depreciação do real.
Todas as casas citadas (BTG Pactual, XP Investimentos, Ágora Investimentos, Bradesco BBI e Itaú BBA) têm recomendação de compra para os papéis da Petrobras. BTG têm preço-alvo de R$ 52 e R$ 46, respectivamente, para as ações preferenciais da companhia (PETR4), enquanto Ágora, BBI e Itaú BBA apresentam preço-alvo de R$ 48 para os ativos.