A cotação do dólar hoje fechou esta quinta-feira (23) com queda de 0,35% ante o real, cotado a R$ 5,9255. Já são quatro pregões consecutivos de desvalorização da moeda americana, que caiu ao menor patamar de fechamento desde o dia 27 de novembro de 2024, quando terminou o dia sendo negociada a R$ 5,9135.
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A tendência do dia era de que o câmbio oscilasse sem direção única. Pela manhã, a moeda americana ainda tinha desempenho limitado frente a outras divisas, enquanto investidores aguardavam pelo discurso virtual do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Fórum Econômico de Davos, na Suíça. Mas declarações do republicano indicando que espera uma boa relação com a China e o presidente chinês, Xi Jinping, ajudaram a acentuar o movimento global de alívio no dólar que já vinha sendo registrado em outros pregões.
Na mínima da sessão, a cotação chegou a tocar os R$ 5,87. Na quarta-feira (22), o dólar caiu 1,4% ante o real, a R$ 5,94 – o primeiro fechamento abaixo de R$ 6 de 2025 e o menor desde o dia 27 de novembro. A correção refletiu principalmente a leitura de que as tarifas de Trump podem ser mais brandas do que as prometidas em campanha.
O dólar vai se manter abaixo de R$ 6?
A projeção do Boletim Focus para 2025 é de que o dólar encerre o ano na casa de R$ 6, mas, como mostramos aqui, as projeções de mercado variam entre R$ 5,60 e R$ 7.
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Para Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, o cenário atual ainda não pode ser considerado uma nova normalidade. Tanto no Brasil quanto nos EUA, muitos fatores podem impactar o mercado e o câmbio.
“A ausência de notícias relevantes sobre o cenário fiscal no Brasil tem sido favorável ao mercado. Além disso, o adiamento da divulgação de tarifas sobre produtos importados nos EUA trouxe alívio, permitindo uma desmontagem de posições no mercado de câmbio, gerando fluxo positivo”, diz. “Mas a postergação de medidas protecionistas nos EUA pode apenas ter adiado a desvalorização do real.”
No curto prazo, com o Congresso ainda em recesso parlamentar, as atenções ficam mais voltadas ao mercado internacional. Mas o impasse em relação ao fiscal no País ainda deve continuar a pressionar o câmbio ao longo de 2025.
Joseph Belardo, sócio da Duo Digital, destaca que, para além das primeiras horas de governo Trump, a queda recente do dólar em relação ao real se deve ao fluxo de entrada de investidores estrangeiros no Brasil, que está positivo nas primeiras semanas de janeiro. “Importante movimento em destaque foi a venda da Cosan (CSAN3) na Vale (VALE3), montante de R$ 9,1 bilhões de reais”, diz.
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Sem sinalizações mais firmes do governo em relação ao fiscal, a tendência do dólar continua sendo de alta, segundo ele. “A queda do dólar não teve relação direta a confiança do investidor e melhora fiscal no Brasil. Não existe motivo atrativo para qualquer investidor estrangeiro buscar o real”, ressalta Belardo.
Essa também é a opinião de Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos. O especialista vê o real se beneficiar de ajustes técnicos, mas com dificuldade para se sustentar abaixo de R$ 6. “A trajetória futura do dólar dependerá da continuidade das reformas fiscais no Brasil e das condições econômicas globais. Apesar do alívio recente, a volatilidade no câmbio pode persistir, refletindo a complexidade e a incerteza dos fatores econômicos e políticos envolvidos.”