As bolsas de Nova York fecharam em alta nesta terça-feira (28), com destaque para a recuperação do Nasdaq, que subiu mais de 2% após a liquidação de ontem, desencadeada pelas perspectivas para os desenvolvimentos de inteligência artificial (IA) da chinesa DeepSeek. Além disso, a sessão contou com uma série de balanços, enquanto investidores se voltam para a decisão do Federal Reserve (Fed) nesta quarta-feira. Os títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano (Treasuries), o dólar e o bitcoin também avançaram hoje.
O Dow Jones subiu 0,31%, a 44.850,35 pontos. O S&P 500 avançou 0,92%, a 6.067,70 pontos. O Nasdaq teve alta 2,03%, a 19.733,59 pontos.
Entre os destaques nas altas, a Nvidia subiu 8,82%, a após a queda superior a 17% ontem, e a Apple avançou 3,65%, com perspectivas de que a empresa poderá ser menos afetada pelos desenvolvimentos chineses de IA do que outras gigantes americanas. A subida recente do mercado esteve mais concentrada entre as maiores empresas do S&P 500 do que em 2000, aponta a Capital Economics.
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As 100 maiores empresas representam um peso semelhante, mas as 10 maiores empresas representam uma parcela maior do que nunca.”Isto pode significar que as perdas seriam igualmente concentradas, proporcionando bastante margem para que as empresas médias no S&P 500 tenham um bom desempenho se o cenário econômico se mantiver positivo, como esperamos”, avalia a consultoria. “Da forma como está, com os detalhes sobre o sucesso do DeepSeek ainda escassos, não está claro se a recuperação da IA acabou de forma alguma. Se assim fosse, suspeitamos que seria suficiente para arrastar para baixo o S&P 500 ponderado pela capitalização de mercado, como aconteceu em 2000; mas a história sugere que poderá não ser suficiente para derrubar as empresas médias”, conclui.
Entre os balanços, a General Motors (GM) teve prejuízo líquido de US$ 2,96 bilhões no quarto trimestre de 2024, revertendo o ganho de US$ 2,10 bilhões apurado em igual período do ano anterior. Como resultado, as ações da empresa recuaram 8,89%. A JetBlue Airways reportou prejuízo líquido de US$ 72 milhões e receita de US$ 2,27 bilhões no quarto trimestre de 2024. As ações da companhia sofreram forte liquidação, com queda de 25,71%.
Por outro lado, a Royal Caribbean teve lucro líquido de US$ 600 milhões no quarto trimestre de 2024, um avanço em relação ao mesmo período do ano anterior, impulsionando a empresa a subir 12,00%. Já o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na noite da segunda-feira, 27, que a Microsoft está entre as empresas americanas que poderiam assumir o controle do TikTok. “Eu diria sim”, disse Trump, ao ser questionado por jornalistas se a companhia estava entre as candidatas a comprar a plataforma de origem chinesa. O resultado ajudou a impulsionar uma alta de 2,87% da gigante americana de tecnologia.
Moedas Globais: dólar avança
O dólar avançou frente às principais moedas, impulsionado por preocupações renovadas com as ameaças tarifárias de Washington. A moeda americana ganhou ímpeto após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarar ontem que pretende impor tarifas universais “bem maiores” que 2,5% sobre as importações globais. Além disso, Trump também revelou planos para tarifar setores-chave, como semicondutores, aço, alumínio e cobre, além de impor tarifas a países que representam uma “ameaça à segurança americana”.
O índice DXY, que mede a variação do dólar ante seis principais moedas, fechou em alta de 0,49%, a 107,866 pontos. O dólar era cotado em alta a 155,53 ienes. A libra esterlina recuou a US$ 1,2443. O euro cedeu a US$ 1,0437. O dólar recuou a 20,5591 pesos mexicanos e avançou a 1,4400 dólares canadenses.
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Hoje, na primeira coletiva de imprensa do segundo mandato de Trump, a secretária de imprensa dos EUA reafirmou que a data de 1º de fevereiro para as tarifas contra o México e Canadá é válida. A Capital Economics pondera que as ameaças tarifárias de Trump “até agora têm se concentrado principalmente nas Américas, com o México parecendo particularmente vulnerável”. A instituição afirma que, contudo, os países emergentes parecem “bem posicionados” para enfrentar um ambiente de dólar mais fortalecido.
Já o ING afirma que o dólar se recuperou “fortemente” no final de ontem, “quando Trump trouxe de volta o tema relativamente inativo das tarifas universais”. O banco aponta que o fato de os planos tarifários estarem sendo elaborados pelo Tesouro, e não apenas insinuados por Trump, “significa que o prêmio de risco adicional agora embutido nas trocas de dólar pode ser mais difícil de diminuir”. As tarifas, para a instituição, são uma preocupação maior e de longo prazo para o mercado cambial. A Global FX segue na mesma linha, e diz que “toda vez que o mercado fica preocupado com tarifas, o dólar dos EUA sobe com força”.
Juros dos EUA avançam
Os juros dos Treasuries subiram, à medida que os investidores ponderam a informação de que o aumento de tarifas pelo governo de Donald Trump pode não ser gradual, como defendido pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent. Além disso, o mercado aguarda sinalizações dos próximos passos da política monetária dos Estados Unidos por Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), que deve fazer comentários após a decisão sobre as taxas de juros na quarta-feira.
No fim da tarde, perto do horário de fechamento da Bolsa de Nova York, o retorno da T-note de 2 anos tinha leve alta a 4,196%. O rendimento de 10 anos subia a 4,535%. O juro do T-bond de 30 anos avançava a 4,783%.
O estrategista Ian Lyngen, da BMO Capital Markets, pontua que o debate sobre o aumento gradual das tarifas proposto pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, e as declarações do presidente Donald Trump sobre tarifas mais altas estão alimentando incertezas no mercado e expectativas de inflação, pressionando os rendimentos para cima. Além disso, segundo Lyngen, “os rendimentos dos títulos do Tesouro aumentaram durante a noite parcialmente recuperando a busca por segurança de ontem, à medida que o mercado de ações se estabilizava”.
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A TD Securities aponta que incertezas sobre a reunião da instituição recaem apenas sobre como a declaração de política do Fed e a coletiva de imprensa de Powell poderão transmitir diretrizes para o futuro, já que é quase unânime a previsão de que as taxas de juros devem ser mantidas. “Se o Fed fornecer uma diretriz mais dovish, os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos poderiam cair cerca de 6 pontos base, enquanto uma orientação mais ‘hawkish’ poderia aumentar os rendimentos em cerca de 10 pontos base. Esperamos que a reação do mercado seja contida, dada a ênfase em Trump e nas tarifas”, avalia a TD.
Bitcoin retoma nível dos US$ 100 mil
O bitcoin avançou e retomou o nível dos US$ 100 mil, em recuperação após o tombo da sessão anterior, que derrubou ativos de tecnologia pelo mundo diante das perspectivas para os desenvolvimentos de inteligência artificial da chinesa DeepSeek. Investidores se voltam agora ainda para a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed) nesta quarta-feira, a primeira de 2024.
O bitcoin avançava 2,73%, a US$ 102.454,55, às 17h00 (de Brasília), segundo a Binance. Já o ethereum tinha alta de 2,19%, a US$ 3.145,85.
Os investidores também aguardam ansiosamente qualquer notícia de progresso em uma reserva nacional de cripto, algo que o presidente Donald Trump prometeu, mas ainda não tomou medidas. Os grandes movimentos de segunda-feira foram, no entanto, “mais um reflexo do apetite ao risco do que algo específico de notícias sobre as expectativas de desregulamentação cripto”, de acordo com o estrategista de mercado Louis Navellier.
Na manhã de terça-feira, o mercado havia recuperado cerca de dois terços do valor perdido na segunda-feira, disse Alex Kuptsikevich, analista da FxPro. O índice de sentimento do mercado de criptomoedas também está subindo, mostrando um apetite constante por ativos de risco, apesar da recente liquidação, acrescentou. À medida que as criptomoedas caíam junto com as ações de tecnologia na segunda-feira, elas subiam junto com o setor na terça-feira.
Os preços das criptomoedas também são afetados pelos juros, com taxas mais altas normalmente levando a preços mais baixos das criptomoedas e vice-versa. Espera-se que o banco central dos EUA mantenha as taxas de juros estáveis por enquanto, mas um corte inesperado – ou indicações de que mais cortes do que o esperado ocorrerão ainda este ano – pode levar as criptomoedas a subirem ainda mais.
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Enquanto isso, a Coinbase anunciou hoje que recebeu aprovação regulatória para operar na Argentina, em expansão que será liderada por Matias Alberti, responsável pelas operações locais da empresa. De acordo com a corretora de criptomoedas, 5 milhões de argentinos usam cripto diariamente, e 87% da população acredita que os criptoativos podem “impulsionar a independência financeira”.
*Com informações Dow Jones Newswires.