A Vale (VALE3) divulgou na noite de terça-feira (28) o relatório de produção e vendas do quarto trimestre de 2024. A companhia reportou uma produção de 85,3 milhões de toneladas de minério de ferro no quarto trimestre de 2024, queda de 4,6% na comparação com o mesmo período do ano passado. A empresa, no entanto, atingiu a meta anual de 328 milhões de toneladas. Analistas do mercado financeiro dizem que o resultado foi ligeiramente positivo e em linha com as estimativas.
Para os analistas da Genial Investimentos, os números foram perfeitamente em linha com as expectativas, com exceção da produção de Pelotas, que veio abaixo de 8,9% abaixo do que eles projetaram.
“Os números em si não são magníficos do lado de volume, entretanto, acreditamos que a mensagem é positiva para preços realizados. Julgamos que a grande inferência que os dados de produção e vendas nos mostraram é o redirecionamento da estratégia comercial, focada em vender menos volume, mas com mix de maior valor agregado”, dizem Igor Guedes, Luca Vello, Isabelle Casaca e Iago Souza, que assinam o relatório da Genial.
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O preço realizado dos finos de minério foi de US$ 93 por tonelada, recuo de 21,4% em relação ao mesmo período do ano anterior e avanço de 2,6% na comparação com o terceiro trimestre de 2024. O número ficou em linha com o esperado pelos analistas da Ágora Investimentos e Bradesco BBI, que esperavam exatamente um preço de venda do minério a US$ 93. Já na visão dos analistas da Genial Investimentos, o preço médio de venda do minério de ferro ficou 1,1% acima do esperado.
Os analistas da XP comentam que o ponto negativo foi a produção em Pelotas, que recuou 7% entre o quarto trimestre de 2023 e o quarto trimestre de 2024, para 9,21 milhões de toneladas. No ano, a produção de Pelotas alcançou a marca de 36,9 milhões de toneladas em 2024 (abaixo da projeção da empresa de 38 milhões para 2024).
“Em nossa visão, isso aconteceu principalmente devido às paradas de manutenção em novembro e dezembro de 2024 em Vargem Grande. Além disso, os preços em Pelotas foram de US$ 143 por tonelada no quarto trimestre de 2024, queda 12% na comparação com o mesmo ciclo do ano anterior, refletindo o impacto negativo dos preços defasados nos mecanismos de precificação”, apontam Lucas Laghi, Guilherme Nippes e Fernanda Urbano, que assinam o relatório da XP.
Como devem ficar os dividendos da Vale?
Para os analistas da Genial Investimentos, os dividendos da Vale devem entregar um retorno de cerca de 9% do valor de mercado da empresa em 2025. Essa estimativa é feita com base no fluxo de caixa livre da empresa, que deve ficar por volta de 16% em 2025. “Temos essa projeção mesmo considerando saídas mais agressivas do fluxo de caixa para o pagamento do acordo de Mariana (MG) em 2025, bem como um preço médio projetado por nós do minério ferro em US$ 99 por tonelada em 2025”, explicam Guedes, Vello, Casaca e Souza.
Já os analistas da Ágora Investimentos e Bradesco BBI calculam que o dividend yield da Vale deve ser de 9,1% em 2025. Os analistas dizem esperar que a empresa reporte um Ebitda ajustado, que mede o resultado operacional, de US$ 4 bilhões no quarto trimestre de 2024, crescimento de 8,1% na comparação com o terceiro trimestre de 2024, mas queda de 39,9% em relação ao Ebitda ajustado de US$ 6,7 bilhões no quarto trimestre de 2023.
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Na visão da XP Investimentos, a Vale deve reportar um Ebitda ajustado de US$ 4,25 bilhões no quarto trimestre de 2024 devido à queda anual do preço do minério de ferro. A Genial Investimentos é menos otimista, a corretora calcula que a empresa deve reportar um Ebitda ajustado de US$ 3,9 bilhões no quarto trimestre de 2024, recuou de 38,9% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Vale a pena comprar a ação Vale?
O consenso dos analistas é que o investidor deve comprar a ação VALE3, no entanto, essa opinião não é unânime. A XP Investimentos tem recomendação neutra para as ações da Vale. Os analistas dizem que reiteram a recomendação neutra devido ao potencial de alta limitado para o papel. Todavia, eles afirmam haver uma assimetria positiva para as ações nos preços atuais da VALE3.
“Acreditamos que os resultados operacionais de hoje ilustram a flexibilidade do portfólio da Vale, deslocando a produção em direção a produtos de maior valor agregado em vez de volumes, com a combinação de melhores preços realizados (além de prêmios mais altos) e volumes mais fracos como um resultado líquido positivo, em nossa opinião”, argumentam Laghi, Nippes e Urbano.
A equipe da Genial Investimentos diz que a empresa ocupa a posição de maior e mais descontada mineradora do mundo em relação ao preço do minério de ferro, com o desconto do papel de 40% ante 20% a 25% dos pares australianos. “Importante mencionar que não enxergamos tanta possibilidade de baixa para o preço do minério de ferro em 2025. Nosso mapeamento de fundamentos indica que o preço pode cair até US$ 90 por tonelada, mas recuperar para até US$ 110 por tonelada ao decorrer do ano, com certa volatilidade implícita”, dizem Guedes, Vello, Casaca e Souza.
A Genial tem recomendação de compra para Vale com preço-alvo de R$ 65,60, alta de 24,6% na comparação com o fechamento de terça-feira (28), quando a ação encerrou o pregão a R$ 52,65. A Ágora Investimentos tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 78 para o fim de 2025, uma alta de 48,1% em relação ao fechamento de terça-feira.
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Ou seja, a recomendação é que o investidor compre as ações da Vale (VALE3) para lucrar com uma alta entre 24,6% e 48% do ativo até o fim do ano e ainda lucre mais 9% do valor investido com dividendos. No entanto, vale lembrar que tudo isso depende do preço do minério de ferro e, se tratando de renda variável, nenhum retorno é 100% garantido, pois o mercado volátil. Por isso, o investidor deve se lembrar desses pontos antes de fazer novos aportes no papel.