A reunião dos membros do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), não será a única que poderá impactar a vida dos brasileiros. Nesta quarta-feira (29), o Conselho de Administração da Petrobras (PETR3/PETR4) deve decidir se haverá ou não reajuste no combustível ao discutir os efeitos da política de preços sobre o resultado de vendas da estatal no último trimestre de 2024.
Na segunda-feira (27), a presidente da estatal, Magda Chambriard, sinalizou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que a elevação dos preços deve se limitar apenas ao diesel e não alcançará a gasolina. Segundo os cálculos da Genial Investimentos, o preço médio do combustível praticado pelas refinarias da Petrobras continua inalterado desde julho de 2024, sendo R$ 3,05/litro para a gasolina e R$ 3,68/litro para o diesel.
Para que os preços estejam alinhados à paridade de importação, a gasolina e o diesel deveriam custar, pelo menos, R$ 3,19/litro e R$ 4,37/litro, respectivamente. “Os preços praticados pelas refinarias da Petrobras apresentam um deságio de -4% na gasolina (-R$ 0,13/litro) e um deságio de -18,8% no diesel (-R$ 0,69/litro) em relação à paridade internacional. Ou seja, os preços praticados no Brasil atualmente estão bem desalinhados em relação ao mercado externo”, afirmou Vitor Sousa, analista da Genial Investimentos, em relatório publicado no dia 21 de janeiro.
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Já a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) aponta que a defasagem média dos preços das refinarias da Petrobras é de 16% para o diesel e de 8% para a gasolina em comparação ao preço de paridade de importação. Isso significa que o litro do diesel e da gasolina no Brasil está R$ 0,55 e R$ 0,24 mais baratos, respectivamente, em comparação à média internacional.
O possível reajuste, que pode ser anunciado pela estatal hoje, deve-se somar ao aumento da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os combustíveis que entrará em vigor a partir de fevereiro. Com esse reajuste, a incidência do tributo estadual sobre a gasolina vai aumentar R$ 0,10 por litro, saindo de R$ 1,37 para R$ 1,47. Já para o diesel, a variação será de R$ 0,06 por litro, passando de R$ 1,06 para R$ 1,12 por litro.
E o Copom?
A expectativa do mercado é que o Copom realize, nesta quarta-feira (29), um ajuste de 1 ponto porcentual na Selic em sua primeira reunião do ano e sob a liderança do economista Gabriel Galípolo, o novo presidente do BC. Caso o reajuste ocorra nesta magnitude, a taxa básica de juros sairá de 12,25% para 13,25% ao ano – o maior patamar desde setembro de 2023.
Assim como o preço dos combustíveis, a Selic em patamares elevados costuma tornar a vida dos brasileiros mais difícil. Isso porque a taxa influencia em outras taxas de juros do país, como as de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. Ou seja, quando esses juros sobem, o acesso ao crédito no mercado se torna mais caro para o consumidor e, em contrapartida, desestimula o consumo. Por isso, esse é o principal instrumento utilizado pelo Copom para controlar a inflação no País.