A Alibaba (BABA34), gigante chinesa de comércio eletrônico, lançou uma nova versão de seu modelo de inteligência artificial (IA) que, segundo a empresa, supera a solução da DeepSeek anunciada no início da semana. A notícia desperta a atenção novamente para as ações da Nvidia (NVDA), visto que os lançamentos aumentam as especulações sobre a real necessidade de investimentos bilionários realizados pelas empresas para o desenvolvimento de inovações tecnológicas de IA.
Em declaração, a Alibaba disse que o nomeado Qwen2.5 Max “alcança desempenho competitivo em relação aos modelos de primeira linha”. Os recentes lançamentos são frutos da implementação do Plano de Desenvolvimento para IA (AIDP) pela China, que tem feito esforços maciços para se tornar uma superpotência global em inteligência artificial até 2030.
Desde a segunda-feira (27), a Nvidia vem sendo uma das maiores afetadas com a notícia de que empresas estão desenvolvendo um modelo de IA a um custo mais barato em comparação às versões anteriores de outros players de mercado. Somente no primeiro pregão da semana, a empresa registrou baixa de quase US$ 600 milhões em valor de mercado após as ações recuarem mais de 17% em um único dia.
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Nesta quarta-feira (29), as ações da fabricante de chips recuam 6,35% na bolsa americana cotadas a US$ 120,70 às 16h12 (horário de Brasília). Já os papéis da Alibaba sobem 2,04%, quase atingindo a marca dos US$ 100.
Para Enzo Pacheco, analista da Empiricus Research notícias de que há modelos melhores, com menos custo e tão efetivos quanto os da plataformas já presentes no mercado, como o ChatGPT, podem trazer volatilidade aos papéis de semicondutores no curto prazo, mas não invalidam totalmente a tese de empresas como a Nvidia. No caso da fabricante de chips, a valorização estrondosa dos papéis nos últimos dois anos é um dos principais fatores que puxam uma queda forte com as novidades do mercado.
Impacto da DeepeSeek
“Talvez fosse necessário essa redução de custo pra permitir com que outras empresas atuem nessa parte de inteligência artificial, não só as big techs. Se os custos são menores, talvez empresas que antes não pensavam na possibilidade devido a esse custo alto, agora já pensem em utilizar essa tecnologia. Isso pode gerar uma maior demanda”, comenta Pacheco. “O crescimento da demanda gera ainda a necessidade de criar modelos ainda melhores que necessitam de chips e, atualmente, a capacidade de processamento dos chips da Nvidia é muito superior à de seus concorrentes.”
Durante a implementação dos incentivos fiscais para empresas de IA chinesas, a demanda pelos circuitos eletrônicos (GPUs) da Nvidia cresceu consideravelmente e essa tendência deve continuar em 2025, segundo Pedro Carvalho, analista de tecnologia da Empiricus Gestão. “No desenvolvimento do DeepSeek, por exemplo, foram utilizadas GPUs H800, de uma geração anterior. Enquanto houver disponibilidade de tecnologia Nvidia para a China, o país continuará comprando, ainda que sejam modelos menos avançados”, explica Carvalho.
Os analistas dizem que essa pode ser, inclusive, um momento de oportunidade para investir nos papéis da Nvidia. No entanto, é importante ressaltar que os retornos desse investimento não serão imediatos, pois a recuperação de choques como o lançamento da plataforma de IA do Alibaba e DeepSeek pode levar mais tempo.
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