Esta reportagem faz parte da Semana da Educação Financeira do E-Investidor, um evento gratuito que reúne grandes nomes do mercado para debater temas que impactam diretamente o bolso dos brasileiros.
O momento de volta às aulas pode ser um grande aliado dos pais para começar a introduzir o conceito de valor do dinheiro aos filhos. Ao trazer temas como planejamento financeiro e consumo consciente para o dia a dia escolar, as crianças começam a entender que o dinheiro não deve ser apenas gasto, mas também administrado com responsabilidade, afirma a advogada Priscilla Montes, educadora parental certificada pela Positive Discipline Association (PDA). “A escola pode ser uma grande aliada nesse processo, pois é onde as crianças aprendem a resolver problemas e a tomar decisões”, diz.
A educadora defende que os pais podem aproveitar o clima de volta às aulas para incentivar a poupança para objetivos escolares, como a compra de um livro ou material extra desejado, ensinando que esperar e planejar traz benefícios.
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O consumo consciente pode ser ensinado com pequenas ações, como na reutilização de materiais escolares do ano anterior, de forma a evitar desperdício e introduzindo temas como escolhas sustentáveis. “Dessa forma, a criança aprende que lidar com dinheiro vai além do consumo imediato e envolve responsabilidade com o meio ambiente e os recursos disponíveis”, comenta a educadora.
Envolver as crianças em pequenas decisões financeiras na compra de materiais escolares ajuda no desenvolvimento da autonomia da criança. Os pais podem dar ao filho um orçamento fixo e ajudá-lo a decidir como gastar o valor, incentivando-o a comparar preços, avaliar alternativas e priorizar necessidades. Com isso, além de a criança passar a perceber que o dinheiro precisa ser administrado com planejamento, ela passa a valorizar seus pertences. “A participação ativa faz com que a criança se sinta mais responsável, cuidando melhor dos materiais e valorizando o que foi comprado”, opina Montes.
O velho e bom cofrinho
Introduzir o conceito de poupança usando um cofrinho é uma outra forma de avançar com essa estratégia. Dessa forma, a criança vê o objeto e se sente estimulada a economizar e valorizar o dinheiro. “Você pode usar um cofrinho para gastar em um presente e outro para comprar lanches gostosos, por exemplo. Mostre à criança que ela pode tirar o dinheiro de um deles para compensar o gasto em outro, mas que o valor está saindo de algum lugar”, orienta a Paula Sauer, planejadora financeira CFP pela Planejar, em entrevista ao E-Investidor.
Nesta reportagem, a especialista motra ainda que abrir uma conta bancária para a criança é uma das alternativas que podem ajudar no processo de educação. Existem diversas instituições financeiras que aceitam contas para menores de idade, com acompanhamento do responsável.
Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos lembra que crianças de até sete anos de idade estão na chamada gênese mental, período quando são construídas todas as características de comportamento, ética e moral do caráter do pequeno. “Então, tudo do que somos é resposta às sementes que plantaram na nossa cabeça”, argumenta.
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Por isso ele defende até para as crianças bem pequenas o ato de juntar moedinhas em um cofrinho. “A partir do momento que ela consegue entender que, quanto mais juntar, mais ela vai ter, isso vai ajudando a ela ter consciência sobre o que é poupança, o que é poupar.”
O papel da mesada
É na escola também que a mesada pode ser utilizada como ferramenta de aprendizado, desde que seja colocada de forma educativa e não como recompensa. Priscilla Montes adverte que frases como “se você se comportar bem, eu te dou mesada” ou “se você tirar boas notas, ganha mais dinheiro” devem ser evitadas, pois podem criar uma relação equivocada com o dinheiro.
Coehn reforça que a mesada é importante para ajudar a criança a fazer escolhas e aprender com pequenos erros. O pai estar presente para orientá-la e discutir suas decisões financeiras é fundamental, de forma a ajudar a definir metas e incentivá-la a guardar parte do dinheiro para alcançar objetivos desejados, como comprar um brinquedo.
“Mais do que apenas entregar um valor semanal ou mensal, os pais devem usar esse momento para ensinar noções de orçamento, planejamento e responsabilidade financeira”, complementa Montes. A ideia é dar autonomia para a crianças decidir como gastar e aprender com as consequências de suas escolhas. Se gastar tudo de uma vez, por exemplo, perceberá a importância de poupar para necessidades futuras.