As bolsas de Nova York fecharam sem direção única nesta terça-feira (11), enquanto o mercado avalia os impactos das tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio dos EUA. Além disso, investidores seguem digerindo as declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, que indicou não ter pressa para ajustar as taxas de juros no país. Os títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano (Treasuires), por outro lado, subiram, enquanto o dólar e o bitcoin recuaram.
O índice Dow Jones subiu 0,28%, a 44.596,29 pontos, o S&P 500 avançou 0,04%, a 6.068,59 pontos, enquanto o Nasdaq recuou 0,36%, a 19.644,26 pontos.
Para a Capital Economics, a perspectiva mais otimista é que o governo Trump esteja buscando uma abordagem mais equilibrada para reestruturar o comércio, o que poderia, eventualmente, levar a uma redução da taxa tarifária global. No entanto, devido à inclinação de Trump para agir primeiro e negociar depois, a consultoria ainda considera provável que as tarifas elevem a inflação este ano, levando o Fed a manter sua postura cautelosa.
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Em destaque, as ações da Intel avançaram 6,07% diante da promessa do vice-presidente dos EUA, JD Vance, de produzir chips de inteligência artificial (IA) no país. A Super Micro Computer, fabricante de semicondutores, que divulga balanço após o fechamento, caiu 9,47%. A AIG, que também divulga resultados após o encerramento do pregão, ganhou 1,07%. Com ganhos além das expectativas do mercado, a Coca-Cola encerrou o dia com alta de 4,75%.
Na mesma esteira, a DuPont avançou 6,81%. Na contramão, com o anúncio de redução na previsão de receita para 2025, a Fluence Energy despencou 46,44%. A Shopify, por sua vez, avançou 3,06% com resultados positivos, apesar da previsão de receita anunciada para o primeiro trimestre ficar abaixo do esperado por investidores. Já a Cleveland-Cliffs caiu 4,56% em aparente realização de lucros, após as ações da siderúrgica dispararem 18% na segunda-feira, em antecipação ao anúncio de tarifas sobre o aço por Donald Trump.
Juros dos EUA operam em alta
Os juros dos Treasuries operaram em alta, impulsionados pelo depoimento do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell. Analistas destacam que as políticas tarifárias continuam no radar do mercado, assim como a divulgação do CPI dos EUA, que acontece amanhã. Os ganhos foram limitados após o leilão de T-notes de 3 anos pelo Tesouro americano.
Neste fim de tarde, o retorno da T-note de 2 anos subia a 4,286%. O rendimento de 10 anos tinha alta a 4,536%. O juro do T-bond de 30 anos subia a 4,749%.
Mais cedo, Powell mencionou que o Fed ajustará a postura da política monetária de acordo com a evolução da economia dos EUA, e que não é preciso ter pressa para o ajuste. “Se a economia permanecer forte e a inflação continuar a não mover sustentadamente na direção de 2%, poderemos manter a política restritiva por mais tempo”, disse. Pouco antes do depoimento, os rendimentos dos Treasuries atingiram as máximas do dia. Para o ING, é pouco provável que haja uma mudança nas taxas do Fed antes de junho. O banco holandês acredita que a trajetória será de dois cortes de juros no segundo semestre de 2025 e mais duas reduções em 2026.
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A BMO Capital Markets aponta que a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA amanhã, “um evento que tem o potencial de afetar significativamente a direção dos rendimentos dos Treasuries”. A expectativa da consultoria é de uma reação moderada do mercado diante de um “aumento mensal de 0,3% no núcleo do CPI, em linha com o consenso”. Além das falas de Powell e do leilão de T-notes, a BMO pontua que o movimento dos Treasuries também reflete a atenção do mercado ao cenário tarifário e às expectativas para a política monetária nos EUA. A consultoria aponta que uma demanda estabilizadora pode levar os juros dos títulos de 10 anos a cair para abaixo de 4,50% até o fim da semana.
Moedas Globais: dólar recua
O dólar recua frente à maioria das moedas, acentuando as perdas no fim da tarde no exterior. Os motivos exatos da perda de força da moeda americana eram desencontrados, mas coincidiram com a circulação de relatos de que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, indicou estar aberto a conduzir troca de território com a Rússia como parte de negociação para acabar com o conflito. A dinâmica precedia ainda divulgação do índice de inflação ao consumidor de janeiro nesta quarta-feira após o mercado assimilar fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, reiterando que o BC não tem pressa para reduzir a taxa de juros no curto prazo.
O índice DXY, que mede o dólar ante rivais, caía 0,33%, a 107,963 pontos, após mínima de 107,782 pontos. Às 17h50 (de Brasília), o euro subia a US$ 1,0370 e a libra avançava a US$ 1,2449. Na contramão, o dólar seguia firme ante a moeda japonesa, cotado a 152,57 ienes.
Zelensky teria afirmado que a Ucrânia se preparou para oferecer troca de território com a Rússia, segundo a AFP. A informação acabou coincidindo com a ampliação da desvalorização do dólar, após a moeda ter subido na véspera com expectativa do anúncio oficial das tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio para os Estados Unidos. Prometida pelo presidente americano, Donald Trump, a medida foi confirmada após o fechamento da Bolsa de NY na segunda-feira.
Em relação ao CPI amanhã, analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast estimam que o índice subiu 0,3% em janeiro na comparação com dezembro. Caso se confirme, o resultado marcará uma desaceleração ante a variação de 0,4% do mês anterior. Na taxa anual, a previsão mediana é de alta de 2,9% no período, ainda acima da meta perseguida pelo Fed. A divulgação não deverá alterar a trajetória do política monetária no curto prazo, observou o economista do Santander para os EUA, Stephen Stanley.
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Autoridades do Fed sugeriram que o Fed precisará ver três coisas antes de considerar a retomada dos cortes nas taxas de juros: o esfriamento no mercado de trabalho, uma moderação na inflação subjacente e alguma clareza nas perspectivas da política governamental. “Os números de amanhã poderiam preparar o terreno para o progresso no segundo item, mas independentemente do que aconteça no curto prazo, parece que o FOMC provavelmente ficará parado por vários meses”, disse.
Bitcoin opera em queda
O bitcoin operou em queda e devolveu os ganhos registrados na última sessão, enquanto os investidores digerem o depoimento semestral do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, ao Congresso dos Estados Unidos, que sinalizou uma abordagem mais cautelosa pelo BC americano para as taxas de juros. Ainda, o mercado espera a leitura do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos EUA, que acontece amanhã.
Por volta das 17h05 (de Brasília), o bitcoin era negociado em queda de 1,12%, a US$ 96.146,96, segundo a Binance. Já o Ethereum recuava 2,96%, a US$ 2.592,78.
De acordo com a Capital Economics, Powell manteve uma postura de cautela e deu pouca indicação de cortes nas taxas de juros pelo BC americano, o que costuma pressionar as negociações do bitcoin. Ainda, para o ING, o depoimento do presidente do Fed sugere apenas duas reduções nas taxas de juros a partir do segundo semestre de 2025.
Segundo o Bitybank, investidores de criptomoedas acompanham a divulgação do CPI e de outros dados que ajudam a compreender a dinâmica da economia americana. Para o banco, é esperada uma alta volatilidade nas negociações de cripto, à medida que os investidores avaliam os impactos das decisões econômicas globais e os avanços tecnológicos nas principais redes blockchain.
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Por outro lado, durante o dia, notícias forneceram certo apoio ao bitcoin. Nas redes sociais, traders circularam a informação de que a Securities and Exchange Comission (SEC) dos EUA pediu a um tribunal para que pausasse o caso contra a Binance, ressaltando uma abordagem de apoio às criptomoedas pela administração do presidente americano, Donald Trump. A Bloomberg também noticiou que grandes bancos de Wall Street estão planejando como ganhar mais negócios com as moedas digitais.