

A Gerdau (GGBR4) divulgou o balanço financeiro do 4º trimestre de 2024 após o fechamento de mercado da última quarta-feira (19) e os dados dividiram especialistas. No período, a produtora de aço teve um lucro líquido de R$ 666 milhões, queda de 9% em 12 meses – uma performance pior do que a média das projeções apontavam, conforme prévias do Broadcast. O número veio R$ 236 milhões inferior às expectativas da Ativa Investimentos, por exemplo, e R$ 38 milhões abaixo da perspectiva da Genial.
No recorte anual, a empresa registrou uma diminuição de 37,5% no lucro líquido, para R$ 4,2 bilhões. Houve também retrações em todos os principais indicadores financeiros na comparação de 2024 com 2023, como vendas de aço, EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e receita líquida.
O momento mais difícil das operações na América do Norte (ON América do Norte), com queda da demanda por aço e consequente achatamento dos preços, foi um dos gatilhos para os números mais fracos. As operações no Brasil (ON Brasil), que eram vistas como um segmento que puxaria para cima o desempenho, vieram também com resultados mistos: na comparação trimestral (4T24 com 3T24), as quedas de 9% da produção e de 0,5% nas vendas totais chamam a atenção. Já no recorte em 12 meses (4T24 com 4T23), há avanços importantes no EBITDA e lucro bruto, de 95,8% e 196,6%, respectivamente. Tendo em vista os resultados do 4º tri de 2024, a aprovou a distribuição de dividendos no valor de R$ 0,10 por ação, totalizando R$ 203,4 milhões, mas os proventos não empolgaram.
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“A distribuição representa um yield de 0,6% frente ao preço de fechamento do papel em 19 de fevereiro. O valor é inferior ao anunciado no 3T24 e 2T24″, aponta a Ativa. “O Dividend Yield (DY, rendimento em dividendos) anualizado deste trimestre foi de 2,3%, o que está abaixo do que esperávamos, ainda que fossemos conservadores”, diz a Genial.
O consenso é de que existem incertezas no caminho da Gerdau, principalmente em relação às operações nos EUA. Há a expectativa de que as políticas tarifárias do presidente Donald Trump beneficiem a companhia brasileira e ajudem a alavancar as operações na América do Norte. O republicano pretende impor uma tarifa de 25% sobre importações de metais, a fim de favorecer o mercado interno – e a metalúrgica tem plantas no país. Ainda assim, é uma questão a ser acompanhada pelos analistas.
“Todos os olhos estão voltados para o equilíbrio entre a piora do desempenho do segmento de aço longo brasileiro (principalmente devido aos preços mais baixos) e a melhoria do ambiente operacional nos EUA, com volumes sequencialmente maiores e custos menores com paradas para manutenção”, diz o Itaú BBA, em relatório.
As recomendações para GGBR4
Apesar do lucro ter vindo abaixo, a Genial mantém recomendação de compra para GGBR4. O preço-alvo é de R$ 23,40 em 12 meses, o que significa um potencial de alta de cerca de 35% em relação ao patamar atual.
Essa indicação ocorre na esteira de expectativas de melhora do cenário para Gerdau neste ano. A casa ressalta a estratégia de contenção de custos nas operações brasileiras e a perspectiva de mudanças positivas nas operações na América do Norte.
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“Entendemos que a ON América do Norte deve vir a melhorar sua performance ao longo de 2025 ao passo que a imposição de tarifas nos EUA deve recompor margens e impulsionar a capacidade produtiva das usinas locais. Portanto, de maneira dual, esperamos melhoras a/a em 2025, tanto via ON Brasil quanto via ON América do Norte”, afirma a Genial Investimentos.
Já a Ativa Investimentos tem recomendação neutra para os papéis. A corretora aprecia o trabalho da Gerdau em buscar soluções para mitigar a queda nos resultados em função da instabilidade no mercado de aço. Entretanto, o grau de incerteza ainda segue elevado. “O desafiador momento operacional dos seus mercados pode manter as ações de Gerdau pressionadas e, desta forma, seguiremos neutros perante o papel”, diz a casa, que demonstra preocupação com os resultados das operações no Brasil, que seriam o ponto forte entre os números.
“A obtenção de custos e despesas em linha com o esperado não impediu o segmento de registrar queda de 12,1% do EBITDA ajustado (em comparação ao trimestre imediatamente anterior)”, diz.
O Itaú BBA também manteve indicação neutra para GGBR4 após o balanço financeiro do 4º trimestre de 2024. “Os resultados foram marcados por uma deterioração sequencial nas margens em todos os níveis, após a fraca sazonalidade do final do ano”, diz a instituição.
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Até às 12h30, as ações GGBR4 estavam em baixa de 0,98%, aos R$ 17,19.