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As bolsas de Nova York fecharam em queda nesta quinta-feira (20), após o S&P 500 atingir um novo recorde histórico no dia anterior. A realização de lucros por investidores e a maior cautela diante das incertezas econômicas reduziram o apetite por risco em Wall Street. As negociações entre EUA e Rússia para um acordo de paz na Ucrânia seguem no radar dos investidores. A queda do Dow Jones foi ainda mais acentuada pelo tombo das ações da gigante de varejo Walmart diante de previsão desanimadora. Os títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano (Treasuries) e o dólar também recuam, enquanto o bitcoin subiu.
O índice Dow Jones caiu 1,01%, a 44.176,65 pontos. O S&P 500 cedeu 0,43%, a 6.117,62 pontos, enquanto o Nasdaq teve queda de 0,47%, a 19.962,36 pontos.
Mais cedo, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que os ucranianos estão prontos para um “acordo forte e realmente benéfico com o presidente dos Estados Unidos sobre investimentos e segurança”. Ele também revelou que discutiu com Keith Kellogg, enviado especial de Donald Trump para a região, as garantias de segurança para o país após o fim do conflito.
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As ações do Walmart caíram 6,52% após a gigante varejista americana frustrar as expectativas com a previsão de resultados para o atual trimestre fiscal, apesar de ter superado as projeções no período de três meses até janeiro. A Carvana, com uma queda na receita por veículo no último trimestre do ano passado, recuou 12,13%. Após um balanço abaixo do esperado e previsões que não agradaram os investidores, a Vimeo também registrou uma queda de 18,73%.
Em contraste, as ADRs da chinesa Alibaba subiram 8,10%, impulsionadas pelos resultados positivos em suas receitas. Já a Palantir Technologies cedeu 5,17%, em meio a relatos de possíveis cortes no orçamento de defesa nos EUA.
A Microsoft subiu 0,53% após o anúncio de sua unidade de processamento quântico, Majorana 1, que faz parte de um esforço de pesquisa. Empresas de computação quântica, como a D-Wave Quantum (+12,84%), a Rigetti Computing (+3,99%) e a Quantum Computing (+1,63%), seguiram o mesmo movimento de alta.
Juros dos EU recuam
Os juros dos Treasuries de longo prazo operavam em queda nesta quinta-feira, após declarações do secretário do Tesouro, Scott Bessent, que descartaram mudanças nos planos de emissão de títulos. Falas do conselheiro econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, sobre o otimismo em relação à inflação e sua previsão de queda nos rendimentos das T-notes de 10 anos voltaram a pavimentar redução nas taxas da ponta longa ao longo da tarde. A alta demanda por ativos percebidos como seguros, diante de incertezas econômicas, também influenciou a queda dos rendimentos.
Neste fim de tarde, o retorno da T-note de 2 anos recuava a 4,269%, o rendimento de 10 anos tinha queda a 4,504% e o juro do T-bond de 30 anos caía a 4,745%.
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Os juros dos Treasuries longos caíram em meio a declarações de Raphael Bostic, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) de Atlanta, que enfatizou a necessidade de cautela na política monetária, e de Alberto Musalem, presidente do Fed de St. Louis, que mencionou o aumento das expectativas de inflação dos consumidores. A queda nos rendimentos dos títulos estendeu movimento do dia anterior, ainda impactada pela ata do Fed sem grandes novidades.
Mais cedo, Scott Bessent, do Tesouro, afirmou que não há pressa para leiloar mais títulos de longo prazo. “Isso está bem distante, e vamos ver o que o mercado quer”, disse à Bloomberg News. Seus comentários aliviaram temores sobre a emissão de mais títulos com maior duração.
Em coletiva de imprensa na Casa Branca, Hassett afirmou que uma das prioridades de Donald Trump é o “controle da inflação americana” e se mostrou otimista sobre a redução das pressão inflacionária. “Ao reduzir os gastos do governo, reduzimos a inflação. Se a inflação cair, os rendimentos dos Treasuries de 10 anos também cairão”, afirmou.
O Departamento do Tesouro dos EUA ainda leiloou hoje US$ 9 bilhões em títulos atrelados à inflação (Tips) de 30 anos, com juro máximo de 2,403%.
Moedas globais: dólar cai
O dólar recuou ante as principais moedas pares movimentada no front geopolítico e por falas de membros do Federal Reserve. A moeda americana ostentava perdas acentuadas frente ao iene, que alcançou o maior nível contra a moeda americana desde dezembro de 2024 diante da crescente expectativa de elevação da taxa de juros no Japão. O euro e a libra avançaram, favorecidas pela possibilidade de descompressão dos riscos de piora da guerra na Ucrânia.
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O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de seis moedas fortes, fechou em baixa de 0,74%, a 106,372 pontos, após máxima de 107,153 pontos. Perto das 17h50 (de Brasília), o dólar cedia a 149,69 ienes. O euro se apreciava a US$ 1,0504 e a libra avançava a US$ 1,2672.
O dólar acelerou, brevemente, a queda em meio a notícias de que a Ucrânia está pronta para um acordo forte e benéfico sobre segurança com o governo de Donald Trump, enquanto o euro manteve ganhos sólidos. A moeda americana cedeu mesmo após declarações de Raphael Bostic, presidente do Fed de Atlanta, que enfatizou a necessidade de cautela na política monetária. O mesmo tom pontuou a fala de Alberto Musalem, presidente do Fed de St. Louis, que mencionou o aumento das expectativas de inflação dos consumidores.
Os comentários reforçaram a percepção deixada na véspera pela ata do Fed, quando os dirigentes do banco central observaram que “a inflação permaneceu um tanto elevada”, acima da meta de 2% do Fed. Dados dos EUA que mostraram pedidos iniciais de auxílio-desemprego acima das expectativas tiveram impacto mínimo no mercado de câmbio.
A dinâmica forte da moeda japonesa precedia a divulgação de índices de atividade dos gerentes de compra (PMI) preliminares de fevereiro no Japão, previstos para a noite desta quinta-feira. Em entrevista ao Wall Street Journal, o ex-dirigente do Banco do Japão (BoJ) Makoto Sakurai projetou que pode haver novo aumento dos juros em maio.
Bitcoin sobe
O bitcoin operava em alta nesta tarde, em movimento destoante da queda dos mercados acionários de Wall Street. O mercado seguia ainda acompanhando os desdobramento sobre a $LIBRA, o ativo financeiro digital que provocou prejuízo a investidores após ser indicado pelo presidente da Argentina, Javier Milei.
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Perto das 17h21(de Brasília), o bitcoin era negociado em alta de 1,28%, a US$ 97.432,69, segundo a Binance. Já o ethereum ganhava 1,38%, a US$ 2.758,02.
Na Argentina, a Casa Rosada tentava impedir que a formação de uma comissão investigativa sobre o caso $LIBRA avançasse. De acordo com o jornal Ámbito Financiero, houve apelos do Executivo aos governadores para que detenham o projeto de lei que coloca o foco no presidente Javier Milei, envolvido no escândalo das criptomoedas. O criador da $LIBRA, Hayden Mark Davis, gabou-se de ter “controle total” sobre as ações de Milei para promover o negócio, de acordo com a BBC. O governo argentino nega que qualquer pessoa no círculo do presidente tenha lucrado com o esquema, que foi formalmente denunciado a autoridades nos EUA.
Nos EUA, a Comissão de Valores Mobiliários (SEC, na sigla em inglês) anunciou hoje a criação da Unidade de Tecnologias Emergentes e Cibernéticas (CETU, na sigla em inglês) para focar no combate à má conduta no meio cibernético e proteger investidores de varejo de maus atores no espaço de tecnologias emergentes. A CETU, liderada por Laura D’Allaird, substituirá a Crypto Assets and Cyber Unit e será composta por aproximadamente 30 especialistas em fraude e advogados, informou a SEC.
Do lado do Executivo americano, o presidente Donald Trump voltou a manifestar na véspera seu compromisso em transformar os EUA na capital da criptomoeda, em fala durante evento na Flórida.
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