

As ações da Lojas Renner (LREN3) registram a pior performance do Ibovespa nesta sexta-feira (21) e caem 11,60% a R$ 12,12, às 13h48, depois de já terem oscilado entre máxima a R$ 12,85 e mínima a R$ 12,02. O movimento sucede a divulgação do balanço do quarto trimestre da empresa, que apresentou um lucro líquido de R$ 487,2 milhões no período, queda de 7,5% em relação ao resultado reportado um ano antes.
Além dos números trimestrais, a varejista também anunciou um programa de recompra de ações com o objetivo de adquirir até 75 milhões de papéis ordinários de emissão própria da companhia, sem redução do capital social, representando 7,13% das ações em circulação, que correspondem a 1.052.285.686 papéis.
Apesar de o programa ter sido bem visto pelo mercado, o balanço desagradou diferentes casas de análises. O Itaú BBA, que já esperava uma reação negativa das ações LREN3, acredita que o grande destaque negativo foram as margens brutas, que tiveram queda de 10 pontos base na comparação anual, enquanto era esperado um aumento de 50 pontos base.
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O banco também ressalta que o lucro por ação (EPS) do quarto trimestre ficou 12% abaixo das expectativas – mesmo em relação à estimativa da casa, que já estava abaixo do consenso. “Isso provavelmente levará a mais revisões negativas para os lucros de 2025”, afirma o time liderado por Rodrigo Gastim.
Quem também não gostou do resultado foi o Goldman Sachs, que classificou o balanço da Renner como “abaixo das expectativas”. “Embora as vendas tenham vindo em linha com as projeções do Goldmam e do consenso da Bloomberg, a lucratividade decepcionou, impactada por uma margem bruta abaixo do esperado e pequenos desvios nas linhas de despesas operacionais”, destaca.
Para a XP Investimentos, os resultados foram “fracos”, com receita em linha, mas com lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) menor do que o esperado. Lembrando que o Ebitda total ajustado foi de R$ 1,024 bilhão no quarto trimestre, alta de 1,7% frente ao mesmo período de 2023. “A rentabilidade foi o destaque negativo, com a margem bruta menor e pagamento de bônus contribuindo para o resultado pior do que o esperado”, diz a corretora.
BTG tem visão mais positiva da Lojas Renner
A casa que teve uma visão mais positiva dos resultados da Lojas Renner foi o BTG Pactual. Na avaliação do banco, a empresa reportou um crescimento sólido de vendas no quarto trimestre de 2024, em linha com as estimativas. A receita do varejo cresceu 10% na comparação anual, para R$ 4,2 bilhões, com vendas em mesmas lojas (SSS) subindo 8,9%, impulsionadas pelo bom desempenho das coleções de verão.
No entanto, apesar de a varejista de roupas ainda apresentar uma “tendência de receita decente” no trimestre, o BTG não espera que os resultados sirvam como um gatilho positivo para as ações da Lojas Renner.
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O banco enxerga que o segmento de vestuário tem sido um dos mais dinâmicos e impactados por mudanças dentro do seu universo de cobertura. Entre os fatores que geram essas oscilações, estão o aumento da penetração do e-commerce, a concorrência internacional e a busca dos consumidores por opções mais baratas após o pico da pandemia, quando a maioria das empresas elevou os preços para compensar o cenário inflacionário.
Embora acredite ser difícil separar tendências temporárias de mudanças estruturais tanto nas operações de varejo quanto no negócio de financiamento ao consumidor, o BTG vê com bons olhos as iniciativas da Lojas Renner para aprimorar gradualmente seu mix de produtos e reduzir prazos de entrega por meio do novo centro de distribuição. “De fato, essas iniciativas já começaram a dar resultados, e isso deve se refletir gradualmente nos números da companhia ao longo dos próximos trimestres”, avalia.