

O Ibovespa hoje encerrou em alta, na volta do feriado de carnaval, que deixou a Bolsa brasileira fechada na segunda-feira (3) e na terça-feira (4). O foco dos investidores no pregão ficou na política tarifária dos Estados Unidos, com a imposição oficial de taxas sobre produtos do Canadá, México e China. Nesta quarta-feira (5), a principal referência da B3 terminou o dia em valorização de 0,20% aos 123.046,85 pontos.
A sessão foi morna, já que a Bolsa funcionou apenas por meio período. “Na volta do feriado tradicional do carnaval, a expectativa é por um volume consideravelmente menor de negócios, ainda mais em um dia sem indicadores domésticos, com os investidores ficando muito mais reféns da dinâmica internacional”, afirma Tales Barros, head de renda variável na W1 Capital.
A queda do petróleo na sessão mexeu com o principal índice da B3 e afetou uma de suas ações de maior peso: a Petrobras (PETR3;PETR4). “O mercado abriu às 13h, então a gente não teve um dia tão líquido como normalmente ocorre, mas a queda do petróleo trouxe uma queda um pouco mais expressiva para Petrobras, pesando sobre o Ibovespa”, afirma Rubens Cittadin, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Na visão do analista, os investidores brasileiros seguiram com maior cautela nesta quarta-feira, acompanhando o movimento observado pelos ativos de risco globais no início da semana. “A gente teve na terça-feira (4) o início das sanções do Trump em relação às tarifas comerciais para China, Canadá e México. Isso movimentou muito os ativos de risco, que tiveram uma volatilidade bem grande, apresentando quedas expressivas.”
O que movimenta o Ibovespa hoje
Guerra comercial
Desde terça-feira (4), produtos do Canadá e do México que chegarem nos EUA vão sofrer tarifas adicionais de 25%. No caso da China, a taxa foi dobrada, chegando agora a 20%. Os países afetados pela medida já anunciaram retaliações, que podem ser conferidas nesta reportagem do Estadão.
O Ministério das Finanças chinês aplicou tarifas de 15% sobre importações de frango, trigo, milho e algodão dos Estados Unidos e tarifas de 10% sobre outros alimentos, incluindo soja e laticínios. O anúncio pela China de que irá aumentar as barreiras comerciais contra produtos americanos pode levar a um aumento das exportações brasileiras para o gigante asiático. Por outro lado, economistas ouvidos pelo Estadão, apontam que a venda de produtos agrícolas pelo Brasil, em contexto de preço dos alimentos em alta, pode agravar ainda mais a inflação no País.
No contexto da guerra comercial, repercutiu também a notícia de que a Casa Branca confirmou, nesta quarta-feira (5), que Trump concederá um prazo para a aplicação de tarifas impostas na véspera para veículos do mercado do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês). As taxas sobre os fabricantes de automóveis dos países vizinhos aos EUA serão adiadas por um mês.
Dados nos EUA
O mercado também ficou de olho em dados econômicos americanos nesta quarta-feira (5). O setor privado dos Estados Unidos criou 77 mil empregos em fevereiro, segundo pesquisa com ajustes sazonais divulgada pela ADP. Analistas consultados pela FactSet previam geração de 143 mil postos de trabalho no mês passado.
Já o índice de gerentes de compras (PMI) do setor de serviços dos EUA, medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês), avançou de 52,8 em janeiro para 53,5 em fevereiro. O resultado veio acima das expectativas de analistas consultados pela FactSet, que previam alta do índice a 53,0 no período.
Publicidade
O PMI serviços dos EUA medido pela S&P Global, por sua vez, caiu de 52,9 em janeiro para 51,0 em fevereiro. A previsão da FactSet era de um recuo maior, a 49,7, em linha com a leitura preliminar do mês.
Agora o mercado aguarda o relatório oficial de emprego dos Estados Unidos, conhecido como “payroll”, que engloba dados dos setores privado e público e deve sair na sexta-feira (7).
Dólar abre em queda
No mercado doméstico de câmbio, o dólar hoje abriu em queda de 1,39% a R$ 5,8338 e fechou o dia em baixa de 2,71% cotado a R$ 5,7560. Lá fora, o índice DXY, que compara o desempenho da moeda americana com o de seis divisas fortes, cedia 1,33% aos 104,340 pontos, ao final da tarde.
O dólar acelerou queda no exterior após os dados ADP de empregos no setor privado dos EUA virem abaixo das previsões. As perdas fortes do petróleo e minério de ferro na sessão, no entanto, frearam um movimento mais intenso de desvalorização da moeda americana.
Investidores precificaram também o alívio nas tarifas para fabricantes de automóveis do Canadá e México em meio a preocupações com os riscos de impacto da guerra tarifária na inflação e crescimento dos EUA.
Commodities sofrem na sessão
O contrato mais negociado do minério de ferro no mercado futuro da Bolsa chinesa de Dalian, para maio de 2025, fechou em queda de 1,34%, cotado a 771 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 105,84. Já o minério negociado na Bolsa de Cingapura, para entrega em abril de 2025, perdeu 1,12%, em linha com Dalian.
Publicidade
Os contratos futuros do petróleo também sofreram na sessão. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o WTI para abril fechou em queda de 2,85%, a US$ 66,31 o barril, enquanto o Brent para maio, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), recuou 2,44%, a US$ 69,30 o barril.
Maiores altas e quedas do Ibovespa hoje
As ações da Embraer (EMBR3) subiram 8,79% e lideraram os ganhos do Ibovespa hoje. Na sessão da última quinta-feira (27), os papéis já haviam disparado 12,12%, após a empresa registrar lucro líquido ajustado de R$ 1,093 bilhão no quarto trimestre de 2024, mais do que triplicando a cifra de R$ 250,6 milhões reportada em igual intervalo de 2023.
Do lado contrário do Ibovespa, ações de petroleiras sofreram no pregão. Brava Energia (BRAV3) tombou 8,27%, enquanto PETR3 caiu 4,61% e PETR4 cedeu 3,65%.
*Com informações do Broadcast