

A Azzas (AZZA3) reportou um lucro líquido R$ 168,9 milhões no quarto trimestre de 2024, representando uma queda de 35,8% em um ano. Analistas do mercado financeiro comentam que o balanço foi sólido nas últimas linhas, mas fraco em relação às margens, que ficaram pressionadas em meio à fusão entre Arezzo e Soma.
Às 10h30min, as ações da Azzas derretiam 7,38%, a R$ 24,48. Para os analistas da XP Investimentos, reportou mais um trimestre “nublado”. Os especialistas comentam que a rentabilidade da Azzas foi o ponto negativo, visto que a margem bruta recorrente caiu 0,6 ponto porcentual, dado que um mix de canais positivo foi compensado pelos ajustes de estoque da marca de roupas “Reserva” e maiores descontos em marcas descontinuadas.
“Enquanto isso, a margem Ebitda ajustada recorrente (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, pela receita líquida de uma empresa) caiu 1,2 ponto porcentual na comparação entre o quarto trimestre de 2024 e o quarto trimestre de 2023, ainda impactada por ajustes após a fusão, como custos de operação duplos na Reserva e custos de viagem, além de maior investimento em branding e na equipe criativa das marcas Farm e NV”, dizem Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer, que assinam o relatório da XP.
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Já os analistas do Citi destacam que as vendas da Azzas superaram o esperado em 1%, impulsionadas por vestuário feminino, principalmente no e-commerce, e masculino, principalmente nas lojas físicas. Porém, a margem bruta contraiu 0,6 pontos porcentuais devido a reduções de preços de marcas descontinuadas e maiores estoques na AR&CO.
Segundo informações do Broadcast, as despesas com vendas, gerais e administrativas, por outro lado, superaram as expectativas do Citi em 2%, principalmente pelo aumento fixo das despesas gerais e administrativas, que aumentou 14% ano contra ano. “Além de alguns investimentos fixos maiores, a empresa citou eventos únicos relacionados à transição de gestão da AR&CO”, explica o analista João Pedro Soares, em relatório.
Quais pontos da fusão entre Soma e Arezzo pesaram no balanço?
O banco Safra chama a atenção também para o impacto de R$ 565 milhões relacionado à fusão com a SOMA, que, com o aumento da carga tributária, foram os responsáveis para que o Ebitda contábil viesse negativo R$ 46 milhões.
“Em nossa visão, este foi um trimestre negativo para a Azzas, com a rentabilidade recorrente fortemente pressionada pelos esforços para normalizar os estoques, bem como grandes perdas no Ebitda contábil e nos lucros impulsionados pela fusão com a Soma”, reforça Vitor Pini, Renan Sartorio e Tales Granello, que assinam o relatório do Safra. Um dos pontos negativos foi o crescimento de dois dígitos na maioria das Unidades de Negócios, apoiado por despesas maiores para campanhas de vendas.
Na análise da Ativa Investimentos, o balanço foi positivo, mas as questões da integração de fato pesaram sobre a empresa. Para 2025, os analistas esperam que os novos projetos comecem a dar frutos positivos e que as sinergias de despesas comecem a aparecer, a fim de trazer um balanço mais limpo.
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“Acreditamos que o mercado pode receber esse resultado positivamente pelo lado do operacional, observando que a companhia mantém o sólido desempenho das marcas, o plano de transformação da Hering tem se mostrado eficaz e o internacional da Farm sustenta o bom crescimento do vestuário feminino”, diz Lucas Dias, que assina o relatório da Ativa.
A equipe do Goldman Sachs diz que, embora a conversa com investidores no trimestre tenha sugerido expectativas relativamente moderadas, com juros curtos elevados, esperamos uma reação negativa das ações AZZA3 aos resultados. “A administração buscou dar um tom otimista sobre as perspectivas para 2025, com seu foco principal em impulsionar a alavancagem operacional e ganhos de eficiência para melhorar os retornos e a geração de caixa”, apontam Irma Sgarz, Felipe Rached e Gabriela Leme, que assinam o relatório do Goldman Sachs.
O que fazer com as ações Azzas após balanço poluído?
Mesmo após o balanço não tão positivo, os analistas ainda recomendam compra para o papel. Para o Citi, as maiores despesas operacionais explicam o Ebitda pré-IFRS ter sido 5% menor que o esperado. Mesmo assim, o lucro antes dos impostos veio dentro do esperado, pois os piores resultados operacionais foram compensados por menores despesas financeiras.
“O crescimento foi inegavelmente positivo, e isso pode ajudar a mitigar o sentimento sobre as margens — que ficaram abaixo das nossas suposições conservadoras. Dado o não atingimento e a queima de caixa, naturalmente esperaríamos uma reação negativa, mas notamos que as ações já estavam fracas antes do anúncio; portanto, as expectativas do mercado estão extremamente baixas neste ponto”, defende Soares. Para ele, que completa: a reação do mercado dependerá das respostas da empresa durante a teleconferência.
O Citi tem recomendação de compra para a ação AZZA3, com preço-alvo de R$ 42, representando um potencial de valorização de 58,91% em relação ao último fechamento. A XP tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 50, uma potencial alta de 89,17% em relação ao fechamento de terça-feira (11), quando a ação encerrou o pregão a R$ 26,43. O Goldman Sachs também recomenda compra com preço-alvo de R$ 50, alta de 89,17%.
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O Safra tem recomendação Outperform (equivalente à compra) para a Azzas, com preço-alvo de R$ 46, representando uma potencial valorização de 74% em relação ao último fechamento. Já a Ativa Investimentos tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 92,40, uma alta de 251,6% em relação ao fechamento de terça-feira. No entanto, os analistas concordam que o papel é um investimento de alto risco, que pode sofrer no curto prazo.
“Embora o mercado já considerava um nível de Ebitda mais fraco, a incerteza sobre o sucesso dos novos projetos, a necessidade de conciliar diversas gestões diferentes e o fato de ainda não observarmos a captura de sinergias de despesas minimamente concretas pode pressionar as ações”, conclui Lucas Dias, da Ativa, ao analisar as ações da Azzas (AZZA3).