

As ações da Natura (NTCO3) desabam no pregão desta sexta-feira (14) com a empresa perdendo R$ 4,56 bilhões em valor de mercado por volta das 12h. A baixa acontece após a empresa reportar prejuízo líquido consolidado de R$ 438,3 milhões no balanço do quarto trimestre de 2024, ante perdas de R$ 2,661 bilhões reportadas no mesmo período de 2023. Mesmo com a redução do prejuízo, analistas do mercado financeiro dizem que o resultado foi ruim e ficou abaixo das expectativas.
Por volta das 12h, as ações da Natura derretiam 27,8%, a R$ 9,79. Na visão dos analistas do Bradesco BBI, a rentabilidade operacional da Natura, medida pela margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), veio abaixo das previsões do mercado e é o motivo central da queda do papel nesta sexta-feira. Na avaliação do banco, esses dados ofuscam outros pontos positivos, como as vendas e dívida líquida melhores.
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De acordo com informações do Broadcast, os analistas explicaram que a margem bruta mostrou “uma desaceleração importante e inesperada para 63,2%”, impactada pelo mix de categorias e alguns esforços promocionais. A avaliação, agora, é que será importante ter uma visão mais clara sobre a lucratividade da Natura em 2025, diante da potencial persistência de uma margem bruta mais fraca. Vale lembrar que a margem bruta é o indicador que mede a rentabilidade da empresa.
Para os analistas do Safra, os números foram ruins pelo fato de a Natura ter sido fortemente impactada por custos de transformação e despesas “não recorrentes” relacionadas à Avon Internacional. “Além disso, o crescimento da Avon da América Latina ficou estável, apesar dos esforços da empresa para promover uma reviravolta na marca”, diz o relatório assinado por Vitor Pini.
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Na visão da Ativa Investimentos, os números foram poluídos devido à recuperação judicial da Avon nos Estados Unidos, o processo é conhecido como Chapter 11. “O resultado da Natura neste trimestre veio mais fraco do que nos trimestres anteriores, ainda muito pressionado pelos custos de integração. Em termos de operacional, a integração ainda pressiona o desempenho de Casa & Estilo, além do desempenho mais fraco da Avon”, argumenta Lucas Dias, que assina o relatório da Ativa.
Queda da ação da Natura vira oportunidade?
Os analistas se dividem recomendações a respeito de o investidor comprar ou não a ação da Natura após a forte queda desta sexta-feira. A equipe do Bradesco BBI diz que mantém a classificação de “outperform” (equivalente à compra) para NTCO3 com preço-alvo de R$ 17,00, o que representa um potencial de alta de 25,4% ante o fechamento do papel no pregão de ontem. Os especialistas lembram que, mesmo com margem apertada, a empresa apresentou bons resultados nas outras linhas do balanço.
A Ativa Investimentos tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 20,20 para o fim de 2025, uma possível alta de 48,9% na comparação com o fechamento de quinta-feira (13). O analista diz que segue construtivo com a tese, mesmo após esse trimestre mais fraco, entendendo que a simplificação das operações da Natura tende a trazer resultados mais sólidos no longo prazo.
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Já o Safra afirma que a receita líquida de R$ 7,7 bilhões, avanço de 16,1% em relação ao mesmo período de 2024, ficou acima do esperado. Outro ponto positivo apontado pelo Safra no trimestre ficou com a marca Natura, que continuou tendo um desempenho superior, mas não conseguiu compensar os resultados lentos da Avon, além da dívida líquida que diminuiu substancialmente, principalmente devido à eliminação de R$ 681 milhões na dívida da Avon.
“No geral, mantemos nossa classificação neutra para a ação da companhia”, diz o relatório. O preço-alvo do Safra para o papel é de R$ 14, representando uma variação positiva de 3% em relação ao fechamento do último pregão, quando a ação encerrou a R$ 13,60.
Riscos da ação NTCO3
O BTG Pactual tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 18, o que equivale a um potencial de alta de 32,74% no comparativo com o fechamento do último pregão. Eles comentam que, nos últimos trimestres, a empresa mostrou esforços para simplificar sua estrutura e melhorar as margens operacionais, deixando os analistas do banco “assumidamente mais positivos”.
“No entanto, a reestruturação em andamento ainda significa riscos para o caso (como mostrado no quarto trimestre de 2024, com números poluídos e abaixo do esperado), levando-nos a manter nossa classificação neutra para Natura (NTCO3) por enquanto”, dizem Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Pedro Lima, que assinam o relatório do BTG.
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*Com informações do Broadcast