

O dólar hoje abriu a sessão desta quinta-feira (27) com queda de 0,14%, mas fechou o dia com alta de 0,36% a R$ 5,7533. Uma tendência de baixa da moeda americana no exterior, além da alta de 1,28% no minério de ferro poderiam ajudar o real. Mas a moeda brasileira inverteu o sinal logo após a divulgação do IPCA-15 de março. Foi o segundo pregão seguido de avanço da moeda americana, que acumula ganhos de 0,62% em relação ao real na semana.
A prévia da inflação ficou em 0,64% em março ante 1,23% em fevereiro. O IPCA-15 ficou abaixo da projeção do mercado, que esperava algo em torno de 0,68%. No Brasil, investidores monitoram ainda o Relatório de Política Monetária (RPM) divulgado nesta manhã, que mostrou que o Banco Central não vê convergência da inflação ao centro da meta de 3% até o terceiro trimestre de 2027.
Segundo operadores, os impactos da piora do ambiente global sobre o real teriam sido amenizados pela perspectiva de continuidade do aperto monetário e de permanência da taxa Selic em níveis elevados por período prolongado, após a mensagem dura do RPM e falas do presidente do BC, Gabriel Galípolo, reforçando a busca pela meta de inflação.
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Galípolo afirmou que a aceleração do ciclo de aperto monetário a partir de dezembro mudou a relação de “carry trade”, o que contribui para a apreciação do real ao longo deste primeiro trimestre. “O aumento das tarifas de importação anunciadas ontem pelo presidente Trump contribui para a valorização do dólar com relação às moedas emergentes, mas não altera a visão construtiva que temos do real”, afirma o diretor de Pesquisa Econômica do Banco Pine, Cristiano Oliveira.
Globalmente, investidores monitoram as tarifas recíprocas dos Estados Unidos, que, segundo o presidente Donald Trump, terão como alvo “todos os países” já na próxima semana. “Há uma aparente preocupação dos investidores em relação à imposição americana de tarifas severas às montadoras e ameaça de taxações mais abrangentes. Diante dessa indefinição no exterior, nossos ativos, especialmente os juros, devem ser influenciados por fatores estritamente locais, como a leitura do IPCA-15 e dados das contas públicas”, destaca a Ágora Investimentos em relatório.
Ontem à noite, Trump anunciou que vai impor tarifas de 25% sobre automóveis fabricados no exterior e exportados para os EUA a partir de 3 de abril, o que aguçou as expectativas para o anúncio da tarifas recíprocas no próximo dia 2.
“A pressão no câmbio hoje está mais relacionada ao ambiente externo de cautela com a questão tarifária nos EUA. Isso gera muita incerteza e acaba trazendo mais volatilidade para os ativos de risco”, afirma a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli.
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Com informações do Broadcast