

As bolsas de Nova York fecharam em queda pela terceira sessão consecutiva nesta segunda-feira (7). O pregão volátil foi marcado pela promessa do presidente Donald Trump de impor uma tarifa adicional de 50% sobre a China caso Pequim não reverta o aumento de 34% sobre as importações americanas – uma retaliação às tarifas previamente anunciadas pela Casa Branca. Os títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano (Treasuries) e o dólar, por outro lado, registraram alta.
O Dow Jones caiu 0,91%, aos 37.965,60 pontos; o S&P 500 cedeu 0,23%, aos 5.062,25 pontos; e o Nasdaq destoou com alta de 0,10%, aos 15.603,26 pontos. Os dados são preliminares.
Na semana passada, os três índices anotaram seu pior desempenho semanal desde o auge da crise da Covid-19, levantando preocupações sobre uma possível recessão da maior economia do planeta.
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Na sessão de hoje, a Apple caiu 3,67%, para US$ 181,46. A ação perdeu 13,6% na semana passada, em sua pior semana desde março de 2020. A maioria dos produtos da Apple são montados na China, que retaliou os EUA na sexta-feira.
O valor de mercado da Apple encolheu US$ 443,5 bilhões na semana passada – a maior perda semanal de valor de mercado já registrada, segundo dados do Dow Jones Market Data. O analista Dan Ives, da Wedbush, reduziu seu preço-alvo para o papel de US$ 325 para US$ 250.
As ações do setor bancário operaram de forma mista, depois de despencaram no fim da semana passada, quando o setor registrou sua pior queda de dois dias desde março de 2020. Hoje, o JPMorgan Chase subiu 1,98%, o Morgan Stanley caiu 1,09%, enquanto o Goldman Sachs caiu 1,13%.
“As tarifas alimentaram o medo de uma possível recessão, o que provavelmente levaria a uma redução na demanda por empréstimos e mais inadimplências”, disse Gene Goldman, diretor de investimentos do gestor de patrimônio Cetera Financial Group.
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Tesla caiu 2,56%, para US$ 233,29, após ter 10 semana de perdas em 11. O preço recorde de fechamento da ação da fabricante de veículos elétricos foi registrado em dezembro do ano passado, de US$ 479,86.
Em sentido oposto, a ação da U.S. Steel subiu 16,22%, para US$ 42,52, após Trump anunciar que seu governo fará uma nova revisão da fusão da companhia com a japonesa Nippon Steel. O acordo avalia a siderúrgica americana em US$ 55 por ação.
Juros dos EUA sobem
Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos chegaram ao fim desta em alta, em meio a preocupações com a escalada da guerra comercial após as tarifas impostas por Donald Trump. A apreensão sobre efeitos inflacionários da medida é acompanhada do receio com uma recessão. O mercado também acompanha a reunião bilateral entre o americano e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Por volta das 17h00 (horário de Brasília), juro da T-note de 2 anos subia a 3,788%. O rendimento do título de 10 anos avançava para 4,218%, enquanto a taxa do T-bond de 30 anos subia para 4,653%.
Os rendimentos dos Treasuries dispararam pela manhã, num movimento desencadeado por esperanças de alguma mudança de rumo nas tarifas comerciais dos EUA. O pico parece ter resultado de uma má interpretação sobre comentários do assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, que fez com que o juro do título de 10 anos subisse alguns pontos-base.
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O rendimento de referência voltou ao movimento de alta, porém, após o governo americano negar os rumores de que Trump estaria considerando suspender as tarifas recíprocas por 90 dias e o próprio presidente afirmar que aplicará tarifas adicionais sobre a China se o país não remover as retaliações contra produtos americanos. À tarde, os rendimentos voltam a acelerar.
Sempre que os rendimentos dos Treasuries sobem enquanto as ações caem há preocupações de que investidores possam estar vendendo Treasuries para levantar caixa. Segundo traders, no entanto, não é o caso desta segunda-feira. Em vez disso, eles afirmam que os mercados estão refletindo preocupações de que as tarifas impostas pelo presidente Trump desaceleram o crescimento econômico e ao mesmo tempo aumentem a inflação nos EUA. No fim da tarde, Trump disse que conversará com a China.
Crescimento mais lento significa que o Federal Reserve (Fed) pode ser forçado a cortar os juros mais cedo do que gostaria, pressionando os rendimentos dos títulos de curto prazo para baixo. Ao mesmo tempo, um salto nos preços ao consumidor gera temores de que a inflação possa se enraizar, pressionando os rendimentos de longo prazo para cima, afirma Ray Remy, co-chefe de renda fixa da Daiwa Capital Markets America.
Moedas globais: dólar avança
O dólar opera em alta frente a uma cesta de moedas, com investidores globais reavaliando o papel dos ativos americanos como porto seguro em meio a um cenário de aversão ao risco e temores de recessão global, segundo Brent Donnelly, da Spectra Markets.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis moedas fortes, subiu 0,23%, para 103,256 pontos. A moeda americana se valorizava a 147,76 ienes; o dólar chegou a tocar a mínima de 144,81 ienes nesta manhã, após o presidente dos EUA, Donald Trump, informar que uma equipe econômica do Japão está pronta para “negociar as tarifas”. O euro recuava para US$ 1,0939, enquanto a libra esterlina era negociada em queda, a US$ 1,2737.
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O HSBC mantém a visão de que o dólar continua sendo um porto seguro, “mesmo que não pareça estar se comportando como tal diante da atual elevação da aversão ao risco, provocada pelos temores em torno da guerra comercial global”. Ainda assim, a busca por proteção no mercado de câmbio tem beneficiado moedas tradicionais de refúgio, como o iene japonês e o franco suíço, segundo relatório da divisão de Análise Econômica e Financeira do ING.
A libra esterlina pode ganhar força ao longo do ano, impulsionada pela expectativa de uma desaceleração mais acentuada da economia dos EUA diante do impacto das tarifas de Trump, segundo análise da UBS Global Wealth Management. Mesmo sendo uma moeda sensível ao risco, os fatores negativos para o dólar tendem a beneficiar a libra, avalia a instituição.
Já o Danske Bank projeta que o euro pode subir para US$ 1,14 nos próximos seis meses, diante da fraqueza econômica americana e de potenciais estímulos fiscais na zona do euro. A corretora Pepperstone, por sua vez, considera o dólar o mais vulnerável diante da “incoerência” tarifária de Trump, enquanto o iene e o franco suíço seguem como ganhadores naturais em tempos de incerteza. O HSBC, no entanto, reitera que a moeda americana pode recuperar fôlego se a aversão ao risco se intensificar. Em meio à escalada das tensões geopolíticas, com novos ataques russos à Ucrânia, o dólar sobe frente ao rublo. Apesar disso, o par USD/RUB ainda acumula queda de 22,40% em 2025, segundo dados do TradeView.
*Com informações da Dow Jones Newswires
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