

O dólar abriu o pregão desta terça-feira (8) em queda sobre o real, com o mercado digerindo positivamente ao déficit público brasileiro menor que o esperado, mas ainda alerta aos novos capítulos da batalha tarifária entre Estados Unidos e China — dois grandes parceiros comerciais do Brasil. Na mínima, às 09h02, o dólar à vista chegou a cair 0,69% ante o real, a R$ 5,8698. Mas a tendência durou pouco.
O dólar à vista fechou a sessão com alta de 1,48% contra o real, a R$ 5,9979, em um novo dia de pânico nos mercados globais.
Acabou o prazo dado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para que a China volte atrás na retaliação de 34% de tarifas anunciada pelo país contra importações americanas. A secretária de imprensa da Casa Branca disse que as tarifas de 104% já entraram em vigor na China. A tarifa adicional será cobrada a partir de 9 de abril, segundo a Reuters.
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O ministério do Comércio chinês afirmou que o país está pronto “para lutar até o fim”; a China também iniciou uma disputa na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o tarifaço de Trump. Vários departamentos governamentais e empresas estatais prometeram “manter a operação tranquila do mercado de capitais”. O Banco Popular da China, banco central do país, prometeu apoiar o Central Huijin Investment, o braço do fundo soberano do país que disse que estava aumentando suas participações em fundos de ações.
Além disso, dezenas de empresas, muitas das quais eram de propriedade do governo, anunciaram que estavam recomprando algumas de suas ações, uma medida que normalmente eleva os preços das ações. As falas do governo chinês surgiram após o mercado apresentar forte turbulência na véspera.
Na noite de segunda-feira (7), o presidente dos EUA voltou a subir o tom e afastou a possibilidade de recuar na estratégia tarifária. “Não estamos olhando para isso”, afirmou, ao ser questionado sobre uma eventual suspensão das tarifas impostas a parceiros comerciais. Uma fala de um secretário americano indicando uma abertura para adiar as tarifas recíprocas em 90 dias fez os mercados globais darem um repique, mas a Casa Branca prontamente classificou como “fake news”.
“A guerra comercial seguiu ditando o ritmo dos mercados, que começaram o dia tentando recuperar uma pequena parte das fortes perdas recentes, mas logo no início da tarde o sinal já se inverteu”, destaca Alexsandro Nishimura, diretor da Nomos. “Os EUA cumpriram a promessa de ampliar as tarifas se não houvesse recuo da retaliação chinesa, o que ajudou para os índices de NY apagarem os ganhos e passarem a cair, enquanto o Ibovespa acompanhou a queda e o dólar chegou a ser cotado a R$ 6.”
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