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Colunista

OPINIÃO: Por que há investidores comprando os CDBs do Banco Master como a “oportunidade da vida”?

Desde que a instituição tomou conta dos noticiários de investimentos, o número de negociações com os CDBs explodiu

Mercado financeiro (Foto: Adobe Stock)
Mercado financeiro (Foto: Adobe Stock)

Desde que o Banco Master passou a dominar os noticiários de investimentos, o número de negociações com CDBs explodiu, com investidores adotando posições distintas e aumentando a liquidez — contrariando a queda esperada devido aos receios em relação ao banco.

Meu Instagram, WhatsApp pessoal e a comunidade no WhatsApp não pararam de piscar desde que escrevi o artigo sobre o banco, compartilhando minha visão sobre a situação atual. A pergunta mais comum entre todos que possuem CDBs do banco é: “O que fazer?”

No entanto, entre os preocupados com a situação, há outros interessados em comprar esses títulos, depositando sua fé em um resgate pelo BRB ou pelo BTG — e, em último caso, na salvação vinda pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos), que, nas últimas semanas, afirmou que ressarcirá todos os investidores em caso de quebra do banco.

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Antes de discutir se é melhor comprar ou vender para aqueles que já possuem os títulos, a pergunta que cada um precisa se fazer é: “Acredito que o FGC salvará o banco caso ocorra algum problema?”. No fim, essa é a única resposta que importa. E, dependendo dela, surge uma questão “moral” (talvez?) sobre quem se aproveita do FGC para lucrar com os títulos.

Vamos falar disso em breve, mas quis introduzir a ideia para que você já vá refletindo.

Para termos uma discussão, precisamos partir da premissa de que o FGC salvará o banco em caso de quebra. Na minha opinião, essa será a última alternativa nesse cenário, pois acredito que alguém comprará o banco.

Nas últimas semanas, ventilou-se que o BRB compraria tudo; depois, que o BTG participaria de algo; e, nos últimos dias, tenho ouvido que o Banco Master deve ser fatiado.

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Vestindo a camisa como deve ser, o economista-chefe do banco veio a público dizer que os CDBs do Master são “um investimento espetacular, com risco zero”, porque continuam sendo garantidos pelo FGC e estão pagando juros altíssimos no mercado secundário — o que é verdade.

Só na plataforma da XP, encontrei títulos pagando perto de 21% ao ano, em CDBs com vencimento entre dois e três anos. Alguns podem se perguntar como o banco teria condições de pagar tanto por um CDB, mas a verdade é que essas taxas não são pagas pelo banco, e sim pela diferença entre o valor do título quando foi emitido e o preço atual no mercado secundário — provavelmente por investidores se desfazendo com medo da situação. E é aqui que vamos mergulhar na discussão.

Comentei sobre isso na Comunidade do WhatsApp (clique aqui para entrar), inclusive como fazer a conta para saber se extrapola ou não o limite do FGC no vencimento! Devo reenviar nos próximos dias essa matemática.

O que está acontecendo no mercado com os títulos do Master é algo que eu não via há muitos anos. Com receio de que o banco vá quebrar, investidores estão se desfazendo das posições em CDBs — alguns vendendo parte da posição para se enquadrar no limite que o FGC cobre (até R$250 mil por CPF e por instituição), enquanto outros vendem tudo, em busca de tranquilidade.

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Esse volume de vendas no mercado secundário é tão grande que ultrapassa os R$ 10 bilhões apenas nas plataformas da XP e do BTG. Apesar de serem títulos de renda fixa, cada CDB tem um valor unitário e, quando vendido no mercado secundário às pressas, na maioria das vezes os investidores vendem abaixo do valor de face, aceitando um pequeno prejuízo para evitar uma perda total em caso de quebra e não cobertura pelo FGC (o que considero quase impossível).

Por conta desse deságio, o investidor que compra esse título com “desconto” — se carregar até o vencimento — terá a soma da rentabilidade paga pelo banco mais a correção do valor do título até o valor de face. Quando ajustado nas plataformas, isso nos mostra a possibilidade de retornos acima de 20% nos prefixados ou até 150% do CDI nos pós-fixados.

Na semana passada, um investidor me chamou e comentou que estava comprando CDBs do Master em nome dele, da esposa, dos filhos, de todos os familiares que conseguisse, até o limite do FGC, vendo aquilo como uma mega oportunidade — acreditando que o banco não vai quebrar.

No fim, está se “aproveitando” da situação para adquirir mais títulos para compor sua carteira de investimentos, acreditando no FGC como última instância. Quando comentei isso com um amigo profissional de mercado, a reação dele foi diferente do que eu esperava: “Pô, devia ser proibido quem já tinha títulos comprar mais agora usando o FGC como apoio.”

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Realmente, eu nunca havia pensado dessa forma. No meio do caos, ainda há investidores aproveitando o FGC para montar posição — basicamente o mesmo que o Banco Master fez para crescer, usando o FGC como argumento de venda dos seus títulos e utilizando essa estratégia para expandir suas operações.

Aos que criticam o Banco Master, seria no mínimo racional criticar também esses novos investidores do Master? Aqui fica a questão moral que comentei logo no início. Não sabemos o que vai acontecer, mas sabemos que o FGC está aí para resgatar, em caso de problemas com o banco. A própria instituição já avisou que vai seguir o roteiro normal: pagar até R$ 250 mil por CPF por instituição e no prazo médio de 60 dias.

Diante disso, é vantajoso aproveitar a oportunidade e aumentar a posição? E para quem já possui esses títulos, é prudente aguardar por mais informações?

“Enquanto uns choram, outros vendem lenço.” Nesse caso, estão comprando os lenços mais baratos — com a garantia de que o choro é livre no mercado.

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