

Um novo banco iniciou cobertura para as ações da Ambipar (AMBP3) em abril: o UBS BB. A casa destacou que tem recomendação neutra e preço-alvo de R$ 120 por papel da empresa, o que implica um múltiplo EV/EBITDA – indicador que relaciona o valor da companhia (EV) e o seu Ebitda (geração de caixa) – justo de 14x para 2025.
Antes de o UBS BB iniciar cobertura para AMBP3, apenas o Bradesco BBI e a Ágora Investimentos acompanhavam a empresa. Como mostramos nesta matéria, diferentes bancos “abandonaram” a análise da Ambipar no segundo semestre de 2024 após as ações saltarem na Bolsa brasileira. Na época, Bank of America (BofA), Itaú BBA e XP Investimentos colocaram o papel sob revisão.
Na avaliação o UBS BB, o mercado já precifica sinergias de M&A (fusões e aquisições) e a virada operacional da companhia, fazendo com que as ações negociem em múltiplos alinhados com seus pares internacionais consolidados. “Embora vejamos espaço para ganhos com sinergias, otimização tributária e expansão de margem Ebitda, acreditamos que essas premissas já estão amplamente refletidas no preço atual da ação, o que justifica nossa recomendação neutra”, destaca a equipe de analistas liderada por Giuliano Ajeje.
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O banco observa ineficiências estruturais na Ambipar, especialmente na estratégia tributária da empresa. Embora existam oportunidades de curto prazo, o UBS não está precificando um aprimoramento nessa área, preferindo adotar uma postura conservadora até que melhoras comecem a aparecer nos resultados. “Para cada redução de 1 ponto percentual na alíquota efetiva de imposto no longo prazo, nossa avaliação se altera em R$ 3 por ação”, ressalta em relatório.
Por outro lado, o banco enxerga um momento positivo na virada operacional da Ambipar, pois acredita que a empresa de soluções ambientais conseguirá repassar preços acima da inflação. O UBS também avalia que haverá um aumento significativo no volume de resíduos, impulsionado pelo maior foco em práticas ESG.
Em relação à margem Ebita, os analistas esperam uma expansão gradual, mas constante, à medida que a Ambipar consolida e unifica as empresas adquiridas. “A expansão da margem virá principalmente da diluição de custos, com destaque para custos com pessoal, em que a companhia deve se beneficiar da consolidação de ativos e aumento de produtividade. Para cada variação de 100 pontos-base (1%) na margem Ebitda de longo prazo, nossa avaliação sobe (ou desce) em R$ 9 por ação”, ressaltam.
Os riscos para a Ambipar
Um dos riscos, na visão dos analistas, seria um enfraquecimento das metas ESG globalmente, após a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris.
Outro ponto-chave de atenção para a Ambipar são os resultados financeiros, já que os juros altos têm pressionado a geração de caixa da empresa. “No entanto, à medida que a empresa expande suas operações fora do Brasil, pode se tornar menos impactada por essa realidade. Ainda assim, o Brasil continua desempenhando um papel relevante na geração de caixa da companhia”, pondera o UBS.
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Por fim, um risco de queda à parte é a estrutura acionária concentrada, que pode gerar um “overhang” sobre as ações — ou seja, uma pressão vendedora no mercado.
OPA no radar
A Superintendência de Registro de Valores Mobiliários (SRE) da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determinou no dia 20 de março que a gestora Trustee realizasse uma oferta pública de aquisição (OPA) por aumento de participação na Ambipar. Segundo a área técnica, a casa, em nome de seus fundos de investimento, teria atuado em conjunto com o controlador da empresa nas compras de ações realizadas entre julho e agosto de 2024. O movimento resultou, em 12 de julho do ano passado, na ultrapassagem do limite de 1/3 de ações em circulação.
Ao E-Investidor, em março, a companhia de soluções ambientais afirmou que “recebeu com surpresa” o comunicado divulgado pela CVM sobre a OPA. “A Ambipar, bem como seu controlador, Tercio Borlenghi Junior, atua em total conformidade com a legislação vigente e com as normas regulatórias estabelecidas para o mercado. A Ambipar buscará as devidas informações para tomar as providências cabíveis junto a esse órgão de controle”, disse na época.
A Trustee tem até 7 de maio de 2025 para apresentar o registro da OPA na Ambipar. No entanto, segundo análise do UBS BB, é provável que a gestora conteste a medida exigida pelo órgão regulador.