

O Bank of America (BofA) manteve sua recomendação negativa para as ações da Minerva (BEEF3) após o anúncio de um novo aumento de capital. O banco avalia que a operação, de até R$ 2 bilhões – podendo chegar a R$ 3 bilhões com bônus de subscrição – tende a reduzir o valor das ações já existentes. Em relatório enviado a clientes, as analistas Isabella Simonato e Julia Zaniolo mantiveram o preço-alvo em R$ 5,70, abaixo da cotação atual.
O aumento de capital será feito ao preço de R$ 5,17 por ação, e a data-limite para que atuais acionistas tenham direito a participar da operação é 29 de abril. Segundo o BofA, quem comprar uma ação hoje por R$ 6,86 e participar da oferta pagará em média R$ 6,03 por ação, ou R$ 5,85 ao considerar os bônus. “Em nosso cenário-base, a oferta é dilutiva do ponto de vista do valor patrimonial”, afirmam as analistas no relatório.
Apesar disso, o banco reconhece que a direção da Minerva apresentou uma visão otimista sobre 2025 na teleconferência de resultados do quarto trimestre, embora sem divulgar projeções oficiais. A administração mencionou que pode alcançar receitas entre R$ 50 bilhões e R$ 58 bilhões neste ano. O banco também citou estimativas da empresa para lucro operacional antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) – entre R$ 4,5 bilhões e R$ 5 bilhões.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Mesmo com esses números, o BofA adotou um tom cauteloso. Para o banco, a geração de caixa da empresa em 2025 pode ser muito menor do que o esperado pela direção. O BofA prevê que a Minerva poderá consumir cerca de R$ 2 bilhões de caixa neste ano. O mercado, em geral, estima uma queima de caixa de R$ 1,2 bilhão. “Estamos no limite inferior da faixa em termos de vendas e Ebitda; e estimamos uma queima de caixa de R$ 2 bilhões”, escrevem.
Essa diferença entre o cenário otimista da Minerva e a estimativa mais conservadora do banco representa uma variação de R$ 2,50 a R$ 3,40 por ação no valor da companhia. O relatório do BofA também aponta que boa parte do dinheiro em caixa que a Minerva apresentou recentemente veio de adiantamentos de clientes e de pagamentos a fornecedores. Somente no quarto trimestre de 2024, a empresa reportou R$ 2,8 bilhões dessa forma. No total dos últimos dois anos, esse valor chega a R$ 5,3 bilhões.
Segundo o relatório, esse movimento é “resultado da estratégia comercial da empresa”, mas o banco assume “alguma normalização e ciclo de caixa de 30 dias” em suas projeções.
Para o BofA, os próximos resultados da Minerva serão decisivos para saber se a empresa conseguirá melhorar o caixa e reduzir o endividamento. “Melhoras na geração de fluxo de caixa poderiam destravar valor patrimonial, dada a alavancagem elevada”, concluem.
Publicidade