

A Vale (VALE3) pode lucrar entre US$ 1,1 bilhão e US$ 2,2 bilhões no primeiro trimestre de 2025, mostram projeções de analistas do Itaú BBA, BTG Pactual, AGF, Bradesco BBI e Ágora Investimentos. As estimativas revelam que a mineradora terá outro trimestre impactado negativamente pela sazonalidade do período de chuvas, que elevam os custos em meio à queda na produtividade da companhia. O balanço da mineradora será divulgado nesta quinta-feira (24), após o fechamento do mercado.
A equipe do Itaú BBA é a mais pessimista com a empresa. Os analistas reforçam a tese de piora sequencial nos resultados, estimando lucro de US$ 1,1 bilhão no primeiro trimestre de 2025, queda de 34% na comparação com o lucro líquido de US$ 1,6 bilhão do primeiro trimestre de 2024.
“Este trimestre foi marcado por vendas de estoques e uma estratégia comercial focada em produtos de teor médio. Além disso, a disponibilidade sazonalmente menor de produtos de alto teor e os menores prêmios de mercado levaram a uma deterioração sequencial no prêmio médio de qualidade da Vale”, dizem Daniel Sasson, Edgard Pinto de Souza e Barbara Soares, que assinam o relatório do Itaú BBA.
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O trio de analistas lembra que o preço médio realizado por tonelada de minério de ferro no primeiro trimestre foi de US$ 90,80, conforme prévia operacional divulgada pela empresa. O número ficou abaixo do esperado pelo Itaú BBA, que era de um preço médio de US$ 91,40 por tonelada. “Mesmo com o número pior que o esperado, estamos confortáveis com nossa estimativa de Lucro antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (Ebitda, na sigla em inglês) para o primeiro trimestre de 2025 em US$ 3,2 bilhões”, comentam.
Já as equipes da Ágora Investimentos e Bradesco BBI esperam um resultado mais neutro. Eles reforçam o consenso de que os volumes sazonalmente mais fracos pesam nos resultados, mas a queda do lucro deve ser menor do que a estimada pelo Itaú BBA. Os especialistas estimam que o lucro da Vale deve ficar em US$ 1,61 bilhão, queda de 3,8% em relação ao lucro de US$ 1,67 bilhão do primeiro trimestre de 2024.
Os analistas estimavam que a mineradora iria produzir 69 milhões de toneladas no primeiro trimestre de 2025, mas a companhia apresentou uma produção de 67,7 milhões de toneladas de minério de ferro entre janeiro e março de 2025. O preço realizado pela companhia no trimestre (US$ 90,80 por tonelada) também ficou abaixo do projetado pelo Bradesco BBI e Ágora Investimentos, que aguardavam um preço médio de US$ 92 por tonelada.
Por causa disso, os analistas do Bradesco BBI e Ágora Investimentos estimam queda em todas as linhas do balanço da empresa. A receita líquida da Vale deve cair de US$ 8,45 bilhões do primeiro trimestre de 2024 para US$ 8,13 bilhões, queda de 3,8%. A estimativa para o Ebitda da Vale é de US$ 3,12 bilhões, recuo de 10,3% em relação ao Ebitda de US$ 3,47 bilhões do primeiro trimestre de 2024.
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Para Pedro Galdi, analista de investimento da plataforma AGF, a Vale deve reportar vendas líquidas de US$ 8,2 bilhões, Ebitda de US$ 3,2 bilhões e lucro líquido da ordem de US$ 1,4 bilhão. “O resultado irá refletir uma reversão do prejuízo do quarto trimestre de 2024, quando foi afetada por preços médios menores para o minério de ferro e efeito cambial pesando sobre faturamento e dívidas em moeda estrangeira”, diz Galdi.
A equipe do BTG Pactual é a mais otimista. Eles calculam que o lucro da Vale deve ficar em US$ 2,2 bilhões no primeiro trimestre de 2025, alta de 37,5% em relação ao lucro de US$ 1,6 bilhão do primeiro trimestre de 2024. Os analistas lembram que os preços realizados em Pelotas foram de US$ 141 por tonelada, 3% acima do esperado pelo BTG.
Eles pontuam que a Vale conseguiu aumentar os embarques em 3,6% na comparação anual, o que mostra que sua estratégia de estoque está caminhando conforme o esperado. “Além disso, os metais básicos ficaram ligeiramente acima das nossas projeções, com os embarques de cobre e níquel superando marginalmente as estimativas em 2%, mas não o suficiente para impactar positivamente o resultado que será divulgado no dia 24 de abril”, afirmam Leonardo Correa e Marcelo Arazi, que assinam o relatório do BTG.
Embora os números do BTG mostrem otimismo em relação aos demais analistas, eles comentam que a Vale apresente um “resultado pouco animador” com Ebitda de US$ 3,2 bilhões. Desse modo, eles estimam que 2025 será um ano de transição operacional para a mineradora brasileira.
Como ficam os dividendos da Vale?
Mesmo com o resultado fraco, os analistas comentam que o investidor deve comprar as ações da Vale, principalmente se o foco do aporte for os dividendos da mineradora. Para Pedro Galdi, analista da plataforma AGF, os proventos da Vale devem entregar um rendimento de 10% do preço da ação nos próximos 12 meses. Por causa dessa estimativa, o analista diz que o investidor deve comprar a ação da empresa.
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O Bradesco BBI e a Ágora Investimentos partilham da mesma visão. A recomendação é de compra para a ação VALE3 com preço-alvo de R$ 78,00 para o fim de 2025, uma potencial alta de 44,9% na comparação com o fechamento de terça-feira (23), quando a ação encerrou o pregão a R$ 53,82. Os analistas calculam que os dividendos da Vale devem entregar um retorno de 7,1% no acumulado de 2025.
O Itaú BBA segue a mesma linha e recomenda compra para Vale com preço-alvo de US$ 13 para o American Depositary Receipts (ADR) da Vale negociada em Nova York. O valor equivale a uma alta de 37,7% na comparação com o fechamento de terça-feira, quando o ADR encerrou o pregão a US$ 9,44.
O BTG calcula que os dividendos da Vale devem entregar um retorno de 10% do valor da ação nos próximos 12 meses. Ainda assim, os analistas têm recomendação neutra para a mineradora devido ao preço do minério de ferro. “Prevemos novas revisões negativas para a Vale (VALE3) em 2025, à medida que os investidores avaliam o mercado em um ambiente de preços de minério de ferro mais fraco (modelamos os preços do minério de ferro em US$ 95 por tonelada para 2025)”, explicam Leonardo Correa e Marcelo Arazi.